Bolsa fecha estável, não acompanha NY, com incertezas sobre juros; dólar tem ligeira alta

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São Paulo -A Bolsa fechou em queda de 0,03%, perto da estabilidade, e não conseguiu acompanhar o bom humor global com a incerteza sobre a taxa básica de juros (Selic), que será definida na quarta-feira (8). A alta nos DIs também impediu a melhora do índice e fiscal segue no radar.

A Vale (ON, +0,29%), Petrobras (ON, +0,49%; PN, +0,67%) e Itaú Unibanco (PN, +0,2%), antes do resultado no 1T24. As ações da Braskem (BRKM5) lideraram a queda de 14,53%. Marfrig (ON, -4,91%) e Minerva (ON, -3,68%).

O principal índice da B3 caiu 0,03%, aos 128.465,69 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em junho perdeu 0,34%, aos 129.720 pontos. A máxima interdiário foi de 129.180,57 pontos. O giro financeiro foi de R$ 18,3 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam no positivo.

Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos, disse que o Ibovespa “teve dificuldade para acompanhar o desempenho internacional. O avanço nos juros futuros ajudou a limitar o apetite dos investidores pelos ativos de bolsa”.

Nishimura também disse que as chuvas no Rio Grande do Sul também impactaram as ações dos frigoríficos em razão das projeções de alta dos preços do milho, puxado pela quebra na safra do estado e escoamento da produção.

Pedro Marinho Coutinho, especialista em mercado de capitais e sócio da The Hill Capital, disse que a Bolsa opera estável e apesar de o número “muito bom de superávit de R$ 1,2 bilhão em março, o dado acabou ofuscado por conta de toda a preocupação com a tragédia do Rio Grande do Sul. Como temos o problema com o fiscal, o mercado especula quanto que o governo vai precisar investir [nesse desastre]. É lógico que isso precisa ser resolvido o mais rápido possível, mas impacta um pouco na nossa curva de juros”.

Marcelo Boragini, sócio e especialista em renda variável da Davos Investimentos, disse que em a Bolsa sobe “principalmente pelo setor de commodities e os bancos operam em terreno misto, mas a expectativa gira em torno da decisão do Copom na quarta-feira (8). O mercado está bem dividido. Boa parte espera redução de 0,25pp e outra corrente 0,50pp. Ninguém tem certeza do que vai acontecer, após Roberto Campos Neto [presidente do BC] tirar o forward guidance na última reunião. A atenção também fica para a bateria de balanços essa semana, com destaque para Itaú [sai hoje após o fechamento do mercado]”.

Ubirajara Silva, gestor de renda variável independente, disse que o dia está bem morno e com agenda de indicadores mais fraca aqui e lá fora.

“O grande destaque na sessão de hoje é a Petrobras, depois de realizar na sexta-feira (3). A Vale sobe pouco, apesar do minério de ferro ter subido em Dalian.O mercado vai ficar na expectativa do Copom esta semana [reunião começa amanhã (7) e a decisão será quarta-feira (8)] e a inflação nos Estados Unidos semana que vem. O mercado acompanha o que está acontecendo no Rio Grande do Sul. A Braskem cai após Adnoc [petrolífera de Abu Dhabi, dos Emirados Árabes Unidos] desistir de manter negociações para a compra de fatia da Novonor [antiga Odebrecht]”.

O dólar comercial fechou em alta de 0,08%, cotado a R$ 5,0741. A sessão foi marcada pela baixa volatilidade da moeda, devido à falta de indicadores tanto aqui quanto lá fora.

O mercado, contudo, está atento à ajuda federal ao Rio Grande do Sul, e como isso eventualmente pode afetar o fiscal doméstico.

Segundo o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, o mercado busca encontrar um rumo: “A queda de 0,25 ponto percentual (p.p.) na Selic (taxa básica de juros) é boa para o real, mas o mercado está preocupado com o tamanho da receita que vai para o Rio Grande do Sul, é um fator a mais de pressão fiscal, elevando o risco”, pondera.

Borsoi entende que o cenário atual permitiria um corte de 0,5 p.p., mas o Banco Central (BC) está cauteloso, não apenas pela questão fiscal mas com o risco de que os desastres naturais no sul possam elevar o preço dos alimentos.

De acordo com a Ativa Investimentos, o Banco Central (BC) deve seguir o ritmo de cortes de 0,5 p.p. na Selic, enquanto os dados do emprego nos Estados Unidos, divulgados na última sexta, reacendem as esperanças de corte dos juros estadunidenses a partir da reunião de setembro.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecham em alta, refletindo Boletim Focus que aumentou a projeção de inflação para 2025 e com investidores preocupados com os gastos que o governo deve ter diante da tragédia no Rio Grande do Sul. A inflação de alimentos também é preocupação por conta das fortes chuvas que danificam as plantações gaúchas.

Por volta das 16h35 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 10,235%, de 10,215% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 10,440% de 10,465%, o DI para janeiro de 2027 ia a 10,745%, de 10,595%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 11,030 de 11,100% na mesma comparação.

Os principais índices de ações do mercado dos Estados Unidos fecharam em alta, com o S&P 500 registrando seu melhor ganho de três dias de rali de 2024. Wall Street continuou a construir sobre uma disparada no final da semana precipitada por um relatório de empregos mais fraco do que o esperado, que ajudou a impulsionar as apostas para um corte de juros mais cedo pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano)

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,46%, 38.852,27 pontos
Nasdaq 100: +1,19%, 16.349,25 pontos
S&P 500: +1,03%, 5.180,73 pontos

Com Paulo Holland, e Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência Safras News