Bolsa fecha no azul com boa performance externa e valorização da Vale, dólar sobe

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São Paulo -A Bolsa encerrou o pregão desta sexta-feira em forte alta acompanhando o bom desempenho das bolsas em Nova York, após os dados de despesas de consumo pessoal (PCE, sigla em inglês), e ganho da Vale (VALE3) -ação com maior peso no índice-, refletindo o resultado positivo no segundo trimestre de 2024 e a valorização do minério de ferro.

A Usiminas (USIM5) tombou com o balanço ruim. O Ibovespa acumula queda de 0,09%, pela segunda semana consecutiva.

As ações da Vale (VALE3) subiram 1,48% e as da Usiminas (USIM5) despencaram 23,55%, após a companhia registrar prejuízo de R$ 100 milhões no segundo trimestre deste ano, na contramão do lucro que teve no mesmo período do ano passado. JBS (JBSS3) foi destaque positivo de +6,72% refletindo a recomendação de compra pelo JP Morgan.

A alta da Vale (VALE3) reflete o balanço do 2T24 divulgado ontem após o fechamento do mercado.

O lucro líquido da Vale cresceu 210% no segundo trimestre de 2024 na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, atingindo US$ 2,769 bilhões. A dívida líquida caiu 4%, somando US$ 8,59 bilhões no segundo trimestre de 2024.

Somado ao resultado, a mineradora anunciou a distribuição de juros sobre o capital próprio (JCP) no valor bruto de quase R$ 9 bilhões-R$ 8,94 bilhões, correspondente a R$ 2,093798142 por ação. O pagamento será realizado em 4 de setembro de 2024.

O dado favorito do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) foi divulgado mais cedo, o índice de preços PCE- subiu 0,1% em junho em termos mensais e 2,5% em base anual, em linha com a expectativa do mercado.

A renda dos americanos registrou alta de 0,2% na comparação de junho com maio, abaixo das estimativas dos analistas de 0,4%, e os gastos pessoais subiram 0,3% dentro das previsões.

O núcleo do PCE, que exclui do cálculo os preços de alimentos e energia, avançou 0,2% em termos mensais e cresceu 2,6% na comparação anual, após a alta de 0,1% registrada em maio em base mensal e de 2,6% em base anual.

O principal índice da B3 subiu 1,22%, aos 127.492,49 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto registrou alta de 1,27%, aos 128.190 pontos. A máxima no interdiário foi de 127.699,91 pontos e a mínima de 125.953,28 pontos. O giro financeiro era de R$ 22,5 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam no positivo.

Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, disse que a Bolsa tem uma sessão positiva com Vale e exterior.

“A Bolsa está seguindo ritmo externo, provavelmente com [entrada de] fluxo estrangeiro. A Vale trouxe um balanço positivo, próximo ao que o mercado esperava, com a quantidade de minério de ferro crescendo o suficiente para compensar a queda nos preços. O níquel caiu, mas já sinalizaram uma retomada de Mata Puma no Pará ajudando os próximos, já o cobre teve boa performance”.

Marcelo Boragini, sócio e especialista em renda variável, disse que após três dias de queda, “a Bolsa avança acompanhando o bom humor externo, com a expectativa de início de queda de juros nos Estados Unidos, após a divulgação do PCE em linha com o esperado. Na ponta negativa, temos a Usiminas com o balanço péssimo; o papel está despencando e perde R$ 2 bilhões em valor de mercado. O destaque positivo fica pra Vale com o resultado positivo, também reflete a alta do minério. A expectativa é para a próxima semana com decisão de juros-Copom e Fed-e payroll, na sexta-feira (2)”.

Rafael Passos, analista da Asset Management, disse que a Bolsa acompanha lá fora, digere os balanços com destaque para o setor de mineração.

“Temos uma sessão mais positiva com bom humor externo em que as treasuries trazem algum alívio, aqui a curva de juros fechando beneficia o fluxo pra toma de risco [na Bolsa]. Somado a isso, o fluxo de notícias está mais positivo [para o setor corporativo]. A JBS teve aumento de recomendação para compra pelo JP Morgan e a Vale ajuda, com o balanço. Teve anúncio de dividendo mais gordo [pela mineradora] e beneficia a tomada de risco. O resultado traz um cenário mais construtivo para mineração, O que chama atenção, do lado negativo, foi Usiminas. O resultado foi mais fraco principalmente na divisão de siderurgia e contamina Gerdau e Gerdau Metalúrgica”.

O analista da Asset Management disse que os dados da inflação e um mercado de trabalho em acomodação de mercado dá tranquilidade para o Fed cortar juros, mas existe cautela com as eleições nos EUA.

“Espera-se uma desaceleração do consumo nesses próximos meses e isso fica em linha com a narrativa do mercado de um mercado de trabalho em acomodação, o que dá conforto para o Fed iniciar o ciclo de corte de juros. Depois do PCE, as projeções de queda de juros pra setembro voltaram a subir. Esses dados trazem um alívio entre aspas. O grande ponto é o time que vai acontecer, a gente acha que vai acontecer em setembro, mas tem cautela em relação às eleições. O mercado fica cético se o Fed consegue começar esse corte de juros antes das eleições. Na nossa visão tem espaço e esses dados confirmam isso”.

O dólar comercial fechou a R$ 5,6574 para venda, com valorização de 0,17%. Às  17h10min, o dólar futuro para agosto tinha alta de 0,40% a R$ 5.665,500. Após operar em baixa no início do dia, seguindo o bom humor externo, a moeda subiu após críticas feitas pelo presidente Lula ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em evento destinado para o anúncio de investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

O mercado segue desconfiado da capacidade do governo em controlar a questão fiscal. Como resultado, a moeda acumulou alta de 0,94% na semana. As falas de Lula fazem referência às declarações de Campos Neto no final de junho sobre inflação.

O mercado também começa a se posicionar frente as decisões sobre os juros aqui e nos Estados Unidos, na Super Quarta do dia 31.

O Dollar Index, que mede o desempenho da moeda americana frente a uma cesta de unidades, tinha baixa de 0,04% a 104,31 pontos.

Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, disse a apreciação do câmbio foi reflexo dos comentários do presidente Lula sobre o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.”As falas do Lula impactaram o câmbio com a crítica ao presidente do Banco Central e isso só aumenta a tensão. [a declaração] Dificulta vislumbrar um corte de juros e ainda dá argumento para quem espera uma nova alta”.

Na próxima semana, o Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne para decidir sobre a taxa básica de juros (Selic), que atualmente está em 10,5%.

Alexandre Pletes, head de renda variável da Faz Capital, disse que o “o mercado buscou mais riscos em câmbio que em juros, normalmente esse movimento é bem correlacionado. O fechamento da curva não é impactante para o cenário de incertezas em relação à política fiscal e do poder Executivo. O câmbio se aproxima novamente às novas máximas e pode caminhar para os R$ 6 se continuar nesse formato de condução do fiscal”.

Sobre o índice PCE dos EUA, o especialista Gabriel Meira, sócio da Valor Investimentos, avaliou que uma inflação em linha indica que o Fed pode reduzir a taxa em setembro. “A inflação está um pouco mais arrefecida e abre espaço para corte de juros – já tem um certo consenso de corte em setembro”.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecham em queda, com mercado esperando manutenção da Selic (taxa básica de juros) na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), na Super Quarta, dia 31. Os dados de inflação em linha com o esperado nos Estados Unidos abre espaço para cortes de taxas por parte do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) e os Treasuries (títulos do Tesouro norte-americano) também caem.

Por volta das 16h40 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 10,765% de 10,780% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 11,700%, de 11,770%, o DI para janeiro de 2027 ia a 11,935%, de 12,035%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 12,050% de 12,185% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo positivo, enquanto Wall Street encerrou de forma positiva uma semana turbulenta e os investidores digeriram novos dados de inflação

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +1,64%, 40,589.34 pontos
Nasdaq 100: +1,03%, 17,357.88 pontos
S&P 500: +1,11%, 5,459.10 pontos

 

Com Dylan Della Pasqua, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência Safras News