Bolsa fecha no negativo com rumores sobre meta da inflação e CPI nos EUA; dólar sobe

1335

São Paulo – A Bolsa fechou em queda com rumores que circularam de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria falado que quer aumento de 1 ponto porcentual na meta da inflação e somado a isso a inflação nos Estados Unidos que ainda incomoda bastante os investidores com a possibilidade de que os juros subam mais.

Mais cedo, foi divulgado a inflação ao consumidor nos Estados Unidos (CPI, sigla em inglês) subiu 0,5% em janeiro ante dezembro e avançou 6,4% ano a ano, acima das expectativas não agradando muito o mercado.

O destaque de alta no Ibovespa ficou para o Banco do Brasil (BBAS3), as ações subiram 2,33% com reflexo do resultado acima do esperado. Na ponta negativa, ficaram os papéis da Raizen (RAIZ4), que caíram 7,45%.

O principal índice da B3 caiu 0,90%, 107.848,81 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em fevereiro perdeu 1,34%, aos 107.685 pontos. O giro financeiro foi de R$ 23,8 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam mistas.

Rodrigo Cohen, analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos, disse que a fala do Lula afirmando que “a meta de inflação deveria subir 1 ponto porcentual (pp), atualmente de 3,25% para 4,25% provocou a queda na Bolsa; essa interferência do presidente na autonomia do BC faz com que o Ibovespa fique instável e caia”

Alexandre Pereira, planner da casa de análises do TC, disse que a queda da Bolsa é atribuída “pela briga entre o governo e o Banco Central em relação à meta de inflação e taxa de juros e a disputa deve perdurar, vejo um cenário desafiador”.

Felipe Leão, especialista da Valor Investimentos, disse que a inflação nos Estados Unidos mostrou desaceleração lenta, o que deve levar o Fed “a aumentar as taxas de juros em um pico mais elevado que anteriormente e a incerteza com a recessão aciona as bolsas lá fora”.

Mais cedo, o especialista da Valor Investimentos disse o Ibovespa tenta se manter no positivo puxada por Vale (VALE3) e siderúrgicas, mas “o que repercute na Bolsa é a entrevista do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que escolheu uma trégua com o governo; ele foi bastante equilibrado e vai buscar acalmar o mercado mediante críticas ao regime de metas e juros altos”. . Segundo um analista do mercado que não quis se identificar, a inflação nos Estados Unidos veio acima do esperado em base anual e no mês dentro das estimativas do mercado, ” e não agradou o mercado”. O analista completou que “está difícil da inflação desacelerar, o que mostra que deverão vir mais dois aumentos de juros de 0,25 ponto porcentual (pp) nas próximas reuniões”.

O dólar fechou em alta de 0,48%, cotado a R$ 5,2010. A moeda ganhou força após rumores de falas do presidente Lula sobre alterações nas metas de inflação e alteração da Selic (taxa básica de juros), além da persistente inflação nos Estados Unidos.

O economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira, disse que as falas de Lula teriam feito a moeda brasileira começaram a cair, já que o presidente teria voltado a questionar as ações do BC, especialmente as metas de inflação e valor da Selic.

Para a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, “eu ainda tenho alguma cautela em relação a estes dados. Houve uma melhora substancial, mas pensar numa desaceleração nos próximos sete meses, como nos sete meses anteriores, é pouco provável”.

O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) de janeiro, nos Estados Unidos, tenha vindo em linha com as projeções do mercado (+0,5%)

Abdelmalack entende que a inflação do setor de Serviços segue preocupante, e que o mercado está tentando “tatear” quando irá começar o corte de juros nos Estados Unidos.

De acordo com o boletim da Ajax Asset, “lá fora, à espera de números favoráveis de inflação em janeiro, juros dos Treasury Bonds (títulos do Tesouro dos Estados Unidos) recuam e ativos de risco se valorizam. Por aqui, ambiente externo favorável pode impactar positivamente nos mercados locais”.

A Ajax também destaca a importância da participação do presidente do BC, Roberto Campos Neto, no programa Roda Viva, ontem à noite, como “positiva do ponto de vista político”, mas que eventuais mudanças nas metas de inflação podem afetar as curvais mais longas de juros.

As taxas curtas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em queda com mercado reagindo à entrevista do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, no Roda Viva, ontem à noite.

O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 13,450% de 13,500% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 12,865%, de 12,960%, o DI para janeiro de 2026 ia a 12,975%, de 13,010%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 13,125% de 13,110% na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar operava em alta, cotado a R$ 5,2010 para venda.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo misto, enquanto Wall Street avalia as implicações dos dados de inflação de janeiro, um pouco mais altos do que o esperado.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,46%, 34.089,27 pontos
Nasdaq Composto: +0,57%, 11.960,10 pontos
S&P 500: -0,02%, 4.136,13 pontos

Com Paulo Holland, Pedro do Val de Carvalho Gil e Julio Viana / Agência CMA.