São Paulo- A Bolsa fechou em queda mais expressiva que os índices em Nova York, na primeira sessão de agosto, puxada pelas empresas ligadas às commodities, principalmente Petrobras (PETR3 e PETR4) e Vale (VALE3) -que juntas representam quase 30% do índice-, refletindo a desvalorização do petróleo e os números de atividade mais fraco na China.
Os investidores ficam à espera para o primeiro dia de reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC)- amanhã (2).
Alguns analistas dizem que a queda das commodities como minério de ferro e petróleo- impacta na Bolsa e os resultados dos PMIs fracos na China, na Europa e nos Estados Unidos mostram que as economias mundiais devem crescer cada vez menos e usar menos commodities e a Bolsa brasileira se desvaloriza.
O principal índice da B3 perdeu 0,91%, aos 102.225,08 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto caiu 0,67%, aos 102.825 pontos. O giro financeiro foi de R$ 23,2 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam em queda.
Virgilio Lage, especialista da Valor Investimentos, disse que a Bolsa recua refletindo a queda no exterior e “digerindo os resultados das empresas; como é início de mês, a liquidez é baixa e podendo aumentar ao longo da semana com alguns ajustes e payroll na sexta-feira (5).
Fabricio Gonçalvez, CEO da Box Asset Management, disse que a Bolsa está pressionada pelas commodities “com a Petrobras e empresas ligadas ao petróleo e gás seguindo a queda do [petróleo] tipo Brent no mercado internacional e a Vale recua com os números da China que reforçam um alerta no mercado em relação a aperto monetário-PMI caiu para 50,4 pontos em julho”.
Gonçalvez acredita que o Ibovespa pode se recuperar ao longo do dia com os índices de consumidor (ICON), como varejistas, turismo, e de ligado ao setor financeiro (IFNC) estão positivos. “Se a Vale e a Petrobras melhorarem, o Ibovespa fica positivo”.
As varejistas sobem com o mercado precificando o aumento de 0,50 ponto porcentual (pp) na reunião de quarta-feira (3) do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) e “isso faz com que a gente observe números menores de inflação que o esperado [aqui], o que significa que o Brasil conseguiu conter a inflação. Contrário aos Estados Unidos que ainda não controlaram os preços e deve vir mais aperto monetário por aí”, afirmou.
Leonardo de Santana, analista da Top Gain, afirmou que a queda na nossa Bolsa é um movimento de realização de lucros “após fortes altas que tivemos na semana passada. Não há nada no radar, somente expectativas de indicadores de hoje e ao longo da semana”.
Mais cedo, Ubirajara Silva, gestor da Galapagos Capital, disse que a semana começa mais calma e o foco dos investidores fica para o Copom “para saber qual vai ser o rumo dos juros. O mercado aposta em uma alta de 0,50 ponto porcentual (pp) nessa reunião. A grande dúvida é se continua ou para a elevação dos juros nesse encontro”.
Outro ponto de atenção do mercado será o payroll na sexta-feira (5). “É um dado muito importante para o Fed, dado que a instituição sinalizou que a política monetária depende dos dados econômicos que vão saindo para tomar as decisões sobre os juros”.
O dólar comercial fechou em alta de 0,07%, cotado a R$ 5,1770. A moeda ensaiou um movimento de correção após o forte tombo da última semana (-5,93%), além de ter precificado a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que inicia amanhã.
Segundo o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, “o real está descolado do movimento externo, o que sugere que o fator seja doméstico. Pode pesar no câmbio o risco do Banco Central (BC) encerrar o ciclo de aumento dos juros, com a inflação que começa a perder força e a queda no preço internacional das commodities, o que pode gerar mais alívio na inflação à frente”.
“Existe menos pressão sobre esta reunião, com o mercado preparado para um discurso mais dovish (menos propenso ao aumento dos juros)”, analisa Rostagno, referindo-se ao Copom.
Para o head de tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt,”o dólar está perdendo não apenas para os seus pares, mas também para as moedas emergentes, com a expectativa de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) suba menos os juros na reunião de setembro”.
De acordo com o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, as “bolsas operam com viés positivo, puxadas por resultados acima do esperado no segundo trimestre e a tese de que a desaceleração deve levar as autoridades econômicas, principalmente os bancos centrais, a mudarem de planos nos próximos meses”.
“Apesar dos R$5,20 serem uma barreira importante para o câmbio, o real deve acompanhar os pares, o que deve resultar em dia negativo para o dólar”, avalia Borsoi.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em queda neste final de semana com o mercado precificando rápida desinflação.
O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 13,815% de 13,785% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 13,260%, de 13,340%, o DI para janeiro de 2025 ia a 12,560%, de 12,680% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 12,480% de 12,610%, na mesma comparação.
Os índices de ações dos Estados Unidos fecham a sessão em ligeira queda, após momentos de alta volatilidade ao longo do dia, com os investidores analisando uma série de indicadores no início da sessão que mostraram que a atividade industrial se expandiu no ritmo mais lento em mais de dois anos.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: -0,14%, 32.798,40 pontos
Nasdaq Composto: -0,18%, 12.369,0 pontos
S&P 500: -0,28%, 4.118,63 pontos
Com Paulo Holland, Pedro do Val de Carvalho Gil e Darlan de Azevedo / Agência CMA