Bolsa fecha no positivo com melhor expectativa para economia brasileira e acumula 4ª semana em alta

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São Paulo- A Bolsa fechou em alta pelo terceiro pregão seguido refletindo os sinais melhores da atividade econômica com o dado da prévia do PIB e as ações ligadas ao ciclo doméstico, como varejo e construção, foram beneficiadas. O Ibovespa encerrou em movimento oposto ao de Nova York. Na semana, o índice acumula a quarta alta consecutiva de 2,10%.

O Índice de Atividade de Econômica do Banco Central (IBC-Br) de março, prévia do PIB, registrou queda marginal de de 0,15% em relação ao mês anterior, mas subiu 5,46% ante o mesmo período do ano passado.

As ações da MRV (MRV3) lideraram a alta do Ibovespa com 7,54% impulsionadas pelas melhores perspectivas com o PIB e as varejistas foram favorecidas pelo cenário econômico, vencimento de opções e encerramento de posições short, disse Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos.

O setor de frigorífico segue a alta da véspera puxado pelo bom resultado e “pela queda no preço do boi gordo, do milho e da soja, o que deve melhorar a margem operacional dos próximos resultados e impulsiona as cotações no curto prazo”, disse Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil Investimentos. As ações da Minerva (BEEF3), Marfrig (MRFG3), JBS (JBSS3) e BRF(BRFS3) subiram respectivamente 4,83%, 5,33%, 3,65% e 2,88%.

O principal índice da B3 subiu 0,57%, aos 110.744,51 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em junho avançou de 0,39%, aos 111.550 pontos. A máxima no interdiário foi de 11.211,29 pontos. O giro financeiro foi de R$ 31,7 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em queda.

O economista e sócio da Nomos disse que “as melhores perspectivas para a atividade econômica brasileira seguem como o principal drive para a sustentação da tendência positiva do Ibovespa, visto que não houve novidades sobre a tramitação do arcabouço fiscal”.

Felipe Leão, especialista do valor Investimentos, disse que a Bolsa sobe com o mercado “repercutindo a melhora da perspectiva para o PIB com o IBC-BR mais forte no primeiro trimestre e impactando as varejistas e construtoras, que estão entre as maiores altas do dia; hoje tem vencimento de opções sobre as ações”.

Nicolas Farto, sócio e head de renda variável da Vértiq Invest, disse que o IBC-Br influenciou o mercado por aqui. “O dado mostra que a nossa atividade está mais resiliente, algumas casas começam a revisar as projeções de PIB, um pouco melhor, o que está em linha com o que o Haddad [ministro da Fazenda] disse esta semana; o mercado também está focado em torno no arcabouço fiscal e reforma tributária. Em relação às falas do Powell [presidente do Fed], não acredito que foram tão duras e uma parte do mercado está interpretando que deve vir uma manutenção de juros para a próxima reunião, fica a discussão em torno do teto da dívida e como está o nível de atividade econômica nos EUA, se vai ter recessão ou não”.

Gabriel Mota, operador de renda variável da Manchester Investimentos, disse o cenário doméstico está vazio de notícias e foco fica para o exterior e exercício de opções sobre ações. “O Powell [presidente do banco central dos EUA] não deu certeza quando vai parar [a alta de juros] ou se está no cenário de parar, só aumentou a incerteza do mercado, não deu uma pista clara do que vai acontecer na próxima reunião; aqui não fez tanto preço, mas deu uma reduzida, mas é o principal drive do dia de hoje; o que traz volatilidade é o exercício de opções o mercado fica esperançoso com a resolução a dívida dos Estados Unidos; o exercício de opções de ações traz bastante volatilidade; por aqui o arcabouço fiscal tem trazido um sentido de mais clareza”.

Mota chama a atenção para o desempenho de alguns ativos para a próxima semana e que podem ter volatilidade. “Após questionamentos macro sobre petróleo e exercício de opções, a Petrobras pode ser volátil, Banco do Brasil que está perto de máxima histórica, e Vale que está descontada em bolsa pela questão da china também deve apresentar volatilidade”.

Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos, disse que existe uma preocupação com a economia brasileira, “os dados do IBC-Br mostraram desaceleração e apesar de estar em linha com o que o Banco Central busca, deve aumentar a tensão entre o governo e o BC”.

O dólar comercial fechou em alta de 0,58%, cotado a R$ 4,9960. O movimento tomou forma após as falas tidas como mais duras do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano),Jerome Powell, que deixou as portas abertas para novos aumentos de juros. Na semana, a moeda teve valorização de 1,50%

Segundo o sócio da Top Gain Leonardo Santana, a fala de Powell teve efeito direto no real, assim como em outras emergentes. Santana pondera, contudo, que tudo irá depender de outros indicadores que serão divulgados antes da próxima reunião do Fed.

Embora em segundo plano, o sócio da Top Gain observa que a tensão com a votação do arcabouço fiscal na Câmara, que deve ocorrer a partir da próxima semana, também tem influência no câmbio desta sexta.

Para o sócio da Pronto! Invest Vanei Nagem, “a situação lá fora não está legal. Se não mexer no teto, vai dar problema”.

Nagem, contudo, explica que o viés do real ainda é baixista e que a moeda reflete o ambiente global: “Em outras épocas, estas puxadas eram muito maiores”, observa.

“Ainda ontem, (o presidente da Câmara dos Estados Unidos) Kevin McCarthy comentou estar mais próximo um acordo envolvendo o limite de dívida dos Estados Unidos. O movimento deu fôlego aos ativos de risco no exterior. McCarthy e Chick Schumer, líder da maioria no Senado, se articulam para possível votação de um texto comum lembrando: esse acordo bipartidário evitaria o imbróglio da dívida. Vale notar: os recursos disponíveis do Tesouro já recuaram aos níveis mais baixos desde dezembro de 2021”, explica o boletim da Ajax Asset.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham mistas, refletindo a fala do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, no início da tarde. Na ocasião, Powell, afirmou que “a política monetária atual é restritiva” e que, daqui pra frente, será preciso avaliar os atrasos nos efeitos de tal restrição além dos impactos do aperto de crédito no setor bancário.

O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 13,305% de 13,305 % no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 11,705 % de 11,705%, o DI para janeiro de 2026 ia a 11,235 %, de 11,220%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,330 % de 11,240% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em queda à medida que os membros do Partido Republicano, envolvidos nas negociações com a Casa Branca sobre o teto da dívida norte-americana, decidiram paralisar as conversas com o governo.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,33%, 33.426,63 pontos
Nasdaq 100: -0,24%, 12.657,9 pontos
S&P 500: -0,14%, 4.191,98 pontos

 

Com Paulo Holland,  Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA