Bolsa fecha no positivo em meio à alta das commodities e mau humor externo; dólar sobe

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Foto: Svilen Milev / freeimages.com

São Paulo – A Bolsa conseguiu terminar o pregão em uma alta tímida com respaldo das commodities, mas o mau humor externo em dia de valorização do rendimento dos títulos do Tesouro americano, treasuries, respingou por aqui.

Os investidores esperam por dados de inflação do Brasil e dos Estados Unidos, que serão divulgados ao longo da semana.

A Vale (VALE3) subiu 0,88% e CSN (CSNA3) registrou ganho de 0,94%, sob efeito de China, que deve anunciar pacote de estímulos amanhã (8). A Petrobras (PETR3 e PETR4) avançou 1,69% e 1,40%. PetroRio (PRIO3) avançou 1,60%.

As varejistas caíram-Carrefour Brasil (ON, -5,26%) e Lojas Renner (ON, -2,26%). “O setor de varejo recua devido ao aumento na perspectiva de IPCA para o final do ano, e aumento da Selic, o que pode prejudicar as vendas das empresas”, disse Hemelin Mendonça, especialista em mercado de capitais e sócia da AVG Capital.

O principal índice da B3 subiu 0,17%, aos 132.017,84 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em outubro registrou alta de 0,09%, aos 132.320 pontos. O giro financeiro foi de R$ 17,7 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam em baixa.

Ricardo Leite, head de renda variável da Diagrama Investimentos, disse que o exterior piora o movimento do Ibovespa.

“A Bolsa estava descolada do exterior puxada pelas commodities, com reflexo em Petro e Vale. Mas perdeu força, principalmente, com a alta das treasuries-fazendo com que lá fora pese mais. Se não fosse o petróleo valorizado por conta da escalada do conflito no Oriente Médio, a gente estaria no negativo”.

Leite explicou que as treasuries ainda refletem o payroll forte de sexta-feira (4) e alta do petróleo com o conflito no Oriente Médio.

“A criação de mais vagas [de trabalho] gera pressão inflacionária. O mercado começa a questionar a magnitude do corte de juros pelo Fed, as apostas foram reduzidas de 0,50 ponto porcentual (pp) para 0,25pp. Soma-se a isso, o petróleo em alta por conta do conflito e também causa inflação e estressa as treasuries”.

Alexandre Siqueira, analista CNPI-T do Grupo Fractal, disse que a Petrobras ajuda o índice a subir.

“O Ibovespa opera estável impulsionado pelo setor de óleo e gás, Petrobras avança, com a alta do petróleo por conta das tensões no Oriente Médio. O BC revisou inflação em 2024 [subiu de 4,37% para 4,38%, no boletim Focus divulgado mais cedo]. O mercado fica cauteloso antes da divulgação na semana do IPCA e dados de atividade, que são indícios de como pode ser conduzida a política monetária para os próximos meses”.

Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, disse que o Ibovespa sobe com as eleições municipais e China.

“O cenário político no Brasil, onde as eleições estão começando a revelar um perfil de candidatos mais inclinados ao centro, o que agrada investidores que buscam estabilidade e previsibilidade. Isso também gera expectativas de uma continuidade ou avanço de políticas econômicas mais moderadas e menos polarizadas. Outro fator é o contexto internacional, com foco na China, que deve anunciar um pacote de estímulos econômicos amanhã. O mercado está reagindo positivamente à possibilidade de novos incentivos para a economia chinesa, especialmente após um período de crescimento mais lento. Como a China é um dos principais parceiros comerciais do Brasil, especialmente em setores como commodities e indústria, os estímulos são vistos como uma oportunidade de recuperação e incremento na demanda por produtos brasileiros, o que pode fortalecer as empresas nacionais, sobretudo aquelas ligadas à exportação”.

O dólar comercial fechou em alta de 0,55%, cotado a R$ 5,4858. A moeda refletiu, ao longo da sessão, os ruídos fiscais domésticos e a expectativa para os próximos passos do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).

Segundo o analista da Potenza Capital Bruno Komura,”um das principais preocupações para o investidor é o fiscal brasileiro. Não conseguimos quebrar o suporte de R$ 5,40″.

Komura entende que o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, que será divulgado nesta semana, também gera expectativa no mercado: “Dependendo dos resultados, já existem apostas que o Fed irá fazer cortes intermitentes nos juros”, explica.

Para o diretor de câmbio da Ourominas, Elson Gusmão, “a expectativa de alta da Selic combinada com a diminuição da taxa de juros norte-americana faz com que o real ganhe força. O ambiente segue de aversão ao risco, impulsionado pela escalada do conflito no Oriente Médio, que afeta o transporte devido a potenciais ataques com mísseis e faz com que o preço do petróleo no mercado internacional suba”.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecharam o dia em queda, após passarem todo o pregão operando em alta. O movimento refletia aversão ao risco dos investidores por conta dos últimos dados econômicos internos divulgados na última semana.

Por volta das 16h40 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 11,088% de 11,086% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 12,330%, de 12,395%, o DI para janeiro de 2027 ia a 12,365%, de 12,435%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 12,370% de 12,435% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão desta segunda-feira em queda, com Wall Street enfrentando dificuldades para sustentar o rali de sexta-feira. O sentimento foi pressionado pela alta nos rendimentos dos Treasuries e nos preços do petróleo.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,94%, 41.954,24 pontos
Nasdaq 100: -1,18%, 17.923,9 pontos
S&P 500: -0,95%, 5.695,94 pontos

 

Paulo Holland, Camila Brunelli e Larissa Bernardes