Bolsa fecha no positivo em meio a um exterior em queda e valorização da Petrobras; dólar cai

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São Paulo- A Bolsa fechou em leve alta de 0,02% amparada pela Petrobras (PETR3 PETR4), mas a ação devolveu parte dos ganhos e acabou impactando no Índice. O Ibovespa esteve ao longo da sessão no positivo, em um movimento oposto ao mercado externo em dia de cautela global devido à sinalização de juros mais altos nos Estados Unidos e na Europa.

As atenções dos investidores ficam para os dados de emprego nos Estados Unidos, na sexta-feira (01), para ajudar o mercado a entender os próximos passos do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano), depois que na sexta-feira (26), o presidente do Fed, Jerome Powell, foi enfático em dizer que vai ser duro no combate à inflação.

Mais cedo, a Petrobras anunciou que vai reduzir o preço de venda da Gasolina de Aviação (GAV) em 15,7% a partir de setembro (1).

O principal índice da B3 subiu 0,02%, aos 112.323,12 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em outubro caiu 0,15%, aos 113.965 pontos. O giro financeiro foi de R$ 20,7 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em queda.

Armstrong Hashimoto, sócio e operador de renda variável da Venice Investimentos, que o grande destaque na sessão de hoje é a Petrobras (PETR3 e PETR4) “muito por conta da alta do petróleo com a preocupação com recessão global em que a demanda é menor pela commodity e os preços acabam subindo”. As ações registaram ganho de 2,16% e 2,49%.

Hashimoto também ressalta a valorização das empresas do segmento de petróleo e outras voltadas para a economia doméstica, setor de construção civil, MRV(MRVE3) e Cyrela (CYRE3) avançaram 2,35% e 2,10%

O head de renda variável da Venice Investimentos, também comentou que vale mencionar a alta do Banco do Brasil (BBAS3), subia mais de 2%, com a aprovação do pagamento de R$ 781,128 milhões em forma de juros sobre capital próprio (JCP, como antecipação dos proventos do 3T22, com valor correspondente de R$ 0,27373551240 por ação.

O destaque de queda é para a Vale (VALE3) -caiu 1,93%-com a desvalorização do minério de ferro e “preocupação com a retomada da economia chinesa”.

Mais cedo Ubirajara Silva, gestor da Galapagos Capital, comentou que o Ibovespa futuro indicava queda acompanhando o movimento negativo no exterior após o discurso mais hawkish de Powell em que aponta estar mais propenso a subir juros que o mercado esperava e “as commodities metálicas em queda podem trazer maior pressão para o setor de siderurgia e mineração que tem peso relevante na Bolsa”.

Silva afirmou que esta semana tem divulgação de dados importantes lá fora como o payroll e dados de atividade para o Fed tomar decisão sobre os juros e, por aqui, pesquisas eleitorais e repercussão do debate de ontem. O dólar comercial fechou em baixa de 0,88%, cotado a R$ 5,033 na venda. O dia ainda foi marcado pelo depoimento do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, na sexta, durante o simpósio em Jackson Hole. O real se valorizou frente ao dólar, acompanhando o desempenho de outras moedas.

A Levante, em relatório, lembra que nos próximos dias dados do mercado de trabalho americano serão divulgados. “Embora os dados retratem com relativa defasagem a realidade da economia em razão de seu caráter inercial, maior rigidez e menor tempestividade, o anúncio de geração de vagas é especialmente importante porque servirá de lastro para as próximas decisões do FOMC”, afirmou a casa.

“Vale lembrar que a Autoridade Monetária americana vem contando com a descompressão do mercado de trabalho americano para que, por meio dos salários, torne-se viável a desinflação em sua economia.”, completou.

“Powell foi hawkish na medida certa, demonstrando que a decisão de juros na próxima reunião dependerá necessariamente de como os dados reagirão daqui até a próxima reunião e mais, citou os resultados positivos da inflação até então”, afirmou Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset.

Vieira lembra que a semana reserva importantes indicadores econômicos, em especial do mercado de trabalho, o ponto mais relevante até este momento para rechaçar tanto a percepção de recessão nos EUA, quanto da possibilidade de juros mais contidos.

“O mercado queria um sinal literalmente dovish, quase de como sinalizando o fim do ciclo e daí, ao alimentar um cenário praticamente impossível, a reação que se observou hoje no mercado não poderia ser diferente”, afirmou.

Além disso, segundo o economista Alfredo Menezes, esta semana o investidor receberá R$ 60 bilhões de dividendos entre Petrobras e Vale, sendo 20% reaplicado na bolsa. “A queda do dólar em parte tem sido por esse fluxo”, explica.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em alta com mercado repercutindo fala do presidente do Fed (Federal Reserve, banco central americano), Jerome Powell, ao afirmar que ainda há desafios enormes na batalha contra a inflação.

O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 13,740% de 13,730% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 13,170%, de 13,080%, o DI para janeiro de 2025 ia a 12,110%, de 11,995% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,880%de 11,785%, na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em queda, com Wall Street receosa com os crescentes temores sobre o aumento das taxas de juros e uma política monetária mais apertada do Federal Reserve (Fed, o banco central americano).

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,57%, 32.098,99 pontos
Nasdaq 100: -1,02%, 12.017,7 pontos
S&P 500: -0,66%, 4.030,61 pontos

 

Com Dylan Della Pasqua, Pedro do Val de Carvalho Gil e Darlan de Azevedo / Agência CMA