Bolsa fecha no positivo puxada pelas commodities e exterior, dólar encerra a R$ 5,64

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Indicadores da Bolsa de Valores

São Paulo -A Bolsa fechou em alta motivada pela valorização das commodities-minério de ferro e petróleo- em que a Vale se recuperou das perdas recentes e a Petrobras que teve um dia volátil. O exterior positivo também ajudou o Índice.

A Vale (ON, + 2,83%) subiu com o minério de ferro, e hoje a mineradora divulgou suas projeções para a produção de minério de ferro- 310-320 milhões de toneladas para 323-330 milhões de toneladas- e níquel em 2024 prevê uma queda, passando de 160-175 mil para 153-168 mil toneladas.

A Petrobras (ON, + 0,44% e PN, -0,10%) e PetroPrio (ON, +0,78%).

A B3 (ON, -2,49%) caiu diante do rebaixamento da recomendação emitida pelo Bank of America (BofA) de “compra” para “neutra”, além da perspectiva de alta na taxa de juros [Selic], o que torna a bolsa menos atrativa, disse Felipe Castro, planejador financeiro e sócio da Matriz Capital. A ação chegou a cair mais de 4% durante a sessão.

O principal índice da B3 subiu 0,26%, aos 134.676,75 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em outubro registrou alta de 0,34%, aos 136.040 pontos. O giro foi de R$ 18,7 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam no positivo.

Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos, disse que as commodities e setores sensíveis a juros sofrem.

As commodities puxam o Ibovespa; o petróleo fechou em alta por conta do furacão [Francine] que está passando nos EUA e reflete nas petrolíferas. As empresas de mineração melhoraram na sessão de hoje com a valorização do minério de ferro. Os setores dependentes de juros seguem descontados, haja vista que existe uma expectativa muito grande do nosso BC aumentar a Selic, e setores estão um pouco mais na defensiva”.

Moliterno afirmou que o mercado ainda absorve o debate entre Donald Trump e Kamala Harris, realizado ontem, em que ela se saiu melhor, e o núcleo do CPI divulgado mais cedo, acima do esperado, “chancelam o corte de juros nos Estados Unidos em 0,25 ponto porcentual (pp) [na reunião da semana que vem (17 e 18)]; o que acabou sendo positivo para o nosso mercado”.

Diego Faust, operador de renda variável da Manchester Investimentos, disse que os dados dos estoques de petróleo e gasolina nos Estados Unidos estressaram o mercado.

“Os estoques de petróleo nos Estados Unidos aumentaram, contrário ao dado anterior em que mostraram redução, e os de gasolina cresceram mais ao anterior. Eles [os estoques] são o termômetro da atividade econômica, que hoje está no foco do mercado, e isso reverbera para o mundo todo. Por isso acabou estressando um pouco o mercado. O CPI veio em linha-+0,2% em agosto e, em termos anuais, até um pouco abaixo-+2,5% ante estimativa de +2,6%. Com a atividade forte e a inflação mais controlada, aumento o temor de recessão na economia americana. Acredito que possa ter um aumento de juros por lá de 0,50pp diante desse cenário”.

Os estoques de petróleo subiram 800 mil barris ou 0,2%, na semana encerrada em 6 de setembro, para 419,1 milhões de barris. A previsão era de elevação de 700 mil barris. Os estoques de gasolina aumentaram em 2,3 milhões de barris, ou 1,1%, para 221,6 milhões de barris, contra expectativa de 100 mil barris.

Mas, Faust disse que a Bolsa está de lado com os investidores “cautelosos”, aguardando as reuniões de política monetária aqui e nos Estados Unidos, dias 17 e 18, principalmente a do “Copom, por isso desde segunda-feira o volume tem sido baixo na Bolsa”.

Ubirajara Silva, gestor de renda variável independente, disse que a recuperação das commodities influenciam na alta do índice.

“A ligeira alta do Ibovespa e baixa do dólar refletem a melhora das commodities, após a perda forte do petróleo ontem. Isso faz com que as moedas de países emergentes performem bem. O dado de serviços acima do esperado – subiu 1,2% em julho ante previsão de +0,05%-acaba sendo ruim porque serviços é o grande vilão da inflação, e não vejo como responsável pela alta da Bolsa”.

Silva ressaltou que os dados de inflação nos Estados Unidos “acabaram perdendo um pouco de força [para o mercado], tanto que vieram em linha-subiu 0,2% em agosto-, o núcleo veio um pouco acima-teve alta de 0,3% contra projeção de +0,2%-. O mercado está mais de olho nos dados de atividade e de emprego”.

No mercado de câmbio, o dólar comercial fechou em queda de 0,07%, cotado a R$ 5,6491. A moeda refletiu, ao longo da sessão, o temor sobre os próximos passos do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) e Comitê de Política Monetária (Copom), além de um ruído de greve dos caminhoneiros.

De acordo com o head de Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, “o CPI um pouco mais forte desta vez, com a alta concentrada principalmente no setor imobiliário. Isso está puxando toda a curva de juros nos Estados Unidos para cima, o que, por outro lado, tem um impacto positivo nas moedas emergentes, pois reduz a probabilidade de uma recessão. Além disso, a alta no preço do petróleo está nos favorecendo. No curto prazo, a curva de juros no Brasil se mantém estável, enquanto as taxas de longo prazo estão em queda”.

O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) subiu 0,2% em agosto – em linha com as projeções do mercado.

Já a Pesquisa Mensal de Serviços subiu 1,2% em julho ante projeções de 0,05% medida pelo Termômetro Safras.

De acordo com o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, “o CPI enterra as chances de que o Fed corte 0,5 ponto percentual (pp) na próxima semana”.

Neste contexto, diz Borsoi, e com a PMS muito acima do esperado, mesmo o Comitê de Política Monetária (Copom) elevando em 0,25 pp a Selic (taxa básica de juros), o diferencial de juros brasileiro não será tão grande.

Borsoi também entende que o ruído sobre uma greve dos caminhoneiros, veiculado no Globo Rural, devido ao possível aumento na tarifa na taxa de importação dos pneus de 16% para 35%, também prejudica a moeda brasileira.

Para a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, o resultado de Serviços “colocou prêmio na curva de juros, contribuindo para a recuperação do real frente ao dólar”.

A economista acredita que o cenário obriga o Comitê de Política Monetária (Copom) a começar um novo ciclo de altas na Selic (taxa básica de juros), a partir da próxima semana, o que aumentaria o diferencial de juros praticados no Brasil.

No mercado de juros, as taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecharam mistas, perto da estabilidade, com as pontas curtas refletindo a alta de 1,12% no setor de serviços de julho, que pode impactar na inflação. O dado divulgado, mais cedo, ficou bem acima das expectativas do mercado de +0,05%.

Por volta das 16h08 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 10,920% de 10,920% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 11,775%, de 11,745%, o DI para janeiro de 2027 ia a 11,720%, de 11,725%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 11,740% de 11,770% na mesma comparação.

No exterior, os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos reverteram as perdas iniciais da sessão e fecharam em alta, à medida que os investidores digeriram o relatório de inflação que mostrou uma leve queda nos aumentos de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) em agosto e analisaram o primeiro debate presidencial entre Donald Trump e Kamala Harris.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,31%, 40.861,71 pontos
Nasdaq 100: +2,17%, 17.395,5 pontos
S&P 500: +1,06%, 5.554,13 pontos

 

Paulo Holland e Darlan de Azevedo / Agência Safras News