Bolsa fecha no zero a zero acima de 115 mil pontos; dólar recua 

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São Paulo – A Bolsa fechou no zero a zero, aos 115 mil pontos em meio à alta das commodities e um exterior negativo. As ações ligadas às empresas de mineração e siderurgia subiram, enquanto os papéis da Petrobras caíram por conta da relação preço da gasolina nacional com a internacional. 
O principal índice da B3 fechou no zero a zero, aos 115.165,55 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em abril caiu 0,004%, aos 116.545 pontos. O giro financeiro foi de R$ 31,4 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em queda. 
As ações da Vale (VALE3) e Usiminas (USIM5) subiram 0,05% e 3,64%.) Gerdau (GGBR4) e CSN (CSNA3) avançaram 4,42% e 2,47%. As petrolíferas fecharam mistas, enquanto Petrobras (PETR3 e PETR4) caíram 0,79% e 1,24%, 3R Petrolium (RRRP3) e Petrorio (PRIO3) subiram. 
Para Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos, as empresas ligadas às commodities de mineração e siderurgia estão sustentando o índice na sessão de hoje. “Esses papéis tiveram uma queda muito forte por conta da China voltando a interferir no mercado e agora estão se recuperando”, lembrou. 
Moliterno disse que as empresas ligadas ao turismo voltaram a sofrer com esse cenário de conflito e as ações de proteína animal também têm impacto desfavorável devido à relação com a moeda norte-americana. “Com o dólar descendo, essas companhias como JBS, Marfrig e BRFoods têm menos receita, além de manter negócio com a Rússia, o que reflete negativamente”. 
O head de renda variável da Veedha Investimentios enxerga um movimento positivo para a Bolsa chegando a 125 mil e 130 mil pontos. “As commodities vão continuar sendo demandadas. Destravando a guerra, existe espaço para subir. Nosso setor financeiro está defasado e teria chance de se recuperar, shopping construção e varejo ficaram muito amassados”. 
E destacou que o fato de os grandes índices internacionais-benchmarket para os fundos estrangeiros- reduzirem ou excluírem a Rússia da sua composição favorece o Brasil. 
“A partir do momento que acontece essa retirada, existe um rebalanceamento e aumento de outros países. Muitos investidores que acompanham esses índices vão vender as ações russas e realocar nesses outros países que aumentaram o peso dentro do índice. Com o rebalanceamento, há expectativas de geração de um fluxo positivo de mais de US$ 1,5 bilhão para Brasil”. 
João Abdouni, analista da Inversa Publicações, comentou que o conflito entre Rússia e Ucrânia faz o preço das commodities subirem e como a Bolsa concentra ações exportadores de commodities se beneficiam do cenário global. 
“Empresas como Vale e Gerdau acabam puxando o índice para cima e este ritmo de alta não se sabe onde vai parar”. 
Abdouni não acredita em uma negociação entre Rússia e Ucrânia e, quanto mais tempo durar essa situação, a Bolsa subirá favorecida pelas commodities. 
“Putin [presidente russo Vladimir Putin] só deixará a Ucrânia quando tomar o controle de Kiev e deve colocar um governo pró-Rússia. Nesse cenário, as empresas brasileiras exportadoras vão gerar muito dinheiro e pagar muito dividendos e os investidores local e estrangeiro gostam disso. O fluxo continuará vindo para a Bolsa brasileira”. 
O dólar comercial fechou em queda de 1,56%, cotado a R$ 5,0280. A moeda norte-americana perdeu durante toda a sessão, impactada pela alta global das commodities e forte fluxo estrangeiro na bolsa brasileira. 
Segundo o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, “após movimento de forte aversão ao risco, causado pela invasão russa à Ucrânia, a percepção é que em termos relativos o Brasil deve ser menos afetado. Nossa relação comercial com a Rússia se limita à importação de fertilizantes, e não sofremos com a questão dos refugiados”. 
“O preço mais alto do petróleo pode fazer com que o Banco Central (BC) estenda o ciclo de aperto monetário”, visualiza Rostagno. 
Por mais que o real esteja passando por um viés de valorização, isso pode virar rapidamente: “No momento em que a aversão ao risco aumentou, o real foi uma das moedas que mais se desvalorizaram frente ao dólar, o que indica que um novo cenário de aversão pode afetar abruptamente o real”, alerta Rostagno. 
De acordo com o head de análise macroeconômica da GreenBay Investimentos, Flávio Serrano, “a valorização das commodities, em especial o minério de ferro, cria um movimento de correção ante a forte queda observada no final da última semana”. 
Serrano vai além: “Também tem a questão do fluxo. O real hoje é o destaque entre as emergentes, apesar dos riscos geopolíticos e da situação fiscal interna. No curto prazo, até pelos juros praticados aqui, a moeda tem tudo para continuar valorizada. Estamos caminhando novamente para os R$ 5,00”, projeta. 
Para o economista-chefe da Nova Futura, Nicolas Borsoi, “apesar do fortalecimento global do dólar, a entrada forte de fluxos financeiros deve seguir beneficiando o real”. 
Borsoi acredita que as indefinições nas negociações entre Rússia, assim como as expectativas do discurso do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, no Senado, às 12h, favorecem a alta das commodities e queda global das bolsas. 
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em alta acompanhando as commodities. 
O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 12,790% de 12,620% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 12,390%, de 12,155%, o DI para janeiro de 2025 ia a 11,750%, de 11,535% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,500% de 11,410%, na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar com vencimento para janeiro operava em queda, cotado a R$ 5,0230 para venda.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos devem fechar em queda, com o Nasdaq caindo 1,56%, após um dia volátil para os índices, com os investidores atentos às mudanças nos preços do petróleo em meio ao conflito Rússia-Ucrânia. Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:
                Dow Jones: -0,29%, 33.794,66 pontos
                Nasdaq 100: -1,56%, 13.538 pontos
                S&P 500: -0,52%, 4.363,49 pontos