São Paulo – A Bolsa fechou em leve alta de 0,05%, aos 110.457,64 pontos, depois de chegar a subir mais de 1% acompanhando a recuperação das bolsas no exterior e as ações da Petrobras e bancos contribuíram para manter o movimento positivo. Os papéis da estatal refletiram a alta do petróleo e a decisão da véspera da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados (Opep+) em manter o acordo de oferta gradual. A valorização das ações do setor financeiro representa a expectativa em torno ao aumento da taxa de juros.
Por aqui, as incertezas em relação ao fiscal permaneceram no radar dos investidores, ademais da preocupação com a crise imobiliária na China, cenário de inflação e o impasse com o teto da dívida dos Estados Unidos.
O senador Roberto Rocha (PSDB-MA) apresentou seu parecer sobre a reforma tributária, que visa a simplificação de impostos sobre consumo. Agora o texto precisa ser analisado pelo Senado.
Para Cristiane Fensterseifer, analista da Empiricus, o Ibovespa se recupera, revertendo as perdas fortes da véspera e mantém-se na sequência positiva das bolsas no exterior. Além da melhora dos índices em Nova York, “a valorização das ações da Petrobras, que tem peso relevante no índice, impacta a positivamente a Bolsa refletindo a alta do barril do petróleo, que subia quase 2% e o acordo da Opep+”.
A analista da Empiricus também destacou a alta das varejistas e dos bancos. “As varejistas se recuperam do tombo de ontem e os bancos refletem a expectativa da alta da Selic [taxa básica de juros do País]”. Apesar do ambiente mais favorável na sessão de hoje, Cristiane ressaltou que “temos indefinições fiscais ligadas aos precatórios, Auxílio Brasil e eventual extensão do auxílio emergencial com muitas dúvidas e pontos em aberto que preocupam o mercado”.
Para Bruno Komura, analista da Ouro Investimentos, o Ibovespa está seguindo o movimento das bolsas mundiais. “Hoje é um dia com um movimento de alívio diante do estresse dos últimos dias”.
Komura citou outros fatores que podem ter contribuído para o ambiente mais favorável na sessão desta terça-feira. “Os índices de PMIs em vários países acabaram vindo um pouco acima das estimativas mostrando uma atividade melhor que se esperava e inflação na Europa um pouco menor. Esse seria um cenário ideal por mais que exista uma sinalização de início de mudança de política monetária, principalmente pelo Fed [Federal Reserve, banco central norte-americano], começando o tapering em novembro”.
Apesar de a Bolsa subir refletindo vários fatores externos, “no cenário local temos várias incertezas”. O analista da Ouro Preto Investimentos também ressaltou que as commodities estão puxando o Ibovespa para cima, principalmente Petrobras, “por mais que exista o receio de intervenção na estatal”. E as ações do varejo mostram recuperação, mesmo com a preocupação em relação à taxa de juros.
Mais cedo, os dados da produção industrial no Brasil tiveram queda de 0,7% em agosto em comparação com julho. “O resultado mostra a redução de expectativa de PIB [Produto Interno Bruto] para este ano e o próximo e acaba pesando contra o Ibovespa na sessão de hoje”, disse Flávio de Oliveira, head da renda variável da Zahl Investimentos.
O dólar fechou em R$ 5,4850, com alta de 0,71%. Esta nova valorização da moeda norte-americana é o resultado de um dia repleto de incertezas sobre a China e muitas dúvidas sobre a condução da política fiscal no Brasil.
Segundo fonte ouvida pela CMA, “a China preocupa, mas acho difícil estourar uma bomba. O governo não vai deixar ninguém quebrar”. A fonte também diz que a falta de acordo para solucionar o teto da dívida norte-americana é “mais uma briga entre republicanos e democratas do que um problema real”.
“O mercado era para estar melhor, mas o real não consegue se valorizar. Isso mostra os nossos problemas”, diz a fonte referindo-se ao risco do estouro do teto orçamentário e quebra da Regra de Ouro – uma das regras de responsabilidade que proíbe o governo de tomar empréstimos para pagar suas despesas correntes. “Estou muito preocupado, estamos beirando o princípio”, alerta a fonte.
Para o analista da Top Gain, Leonardo Santana, “a China está sendo a pioneira na desaceleração, primeiro com a Evergrande e agora com a Fantasia Holdings, podendo ser um movimento maior”.
Santana sublinha que, além das indefinições quanto ao acordo sobre o teto da dívida nos Estados Unidos, existe grande expectativa para a divulgação do payroll (folha de pagamento) na próxima sexta: “Esta semana é muito decisiva, que pode dar sinais sobre a retirada de estímulos e retomada da economia”, pontua o analista.
“A precificação do câmbio está perto dos R$ 5,50, as apostas são bem negativas. Nosso câmbio sofre com os burburinhos políticos e fiscais. É mais fácil ele continuar subindo do que o contrário”, prevê Santana.
De acordo com boletim matinal da Ajax Capital, “espera-se uma abertura mais positiva da bolsa, com queda do dólar. Contudo o pano de fundo – local e global – ainda é negativo no curto prazo”. O relatório ainda pontua que o ambiente é desafiador neste último trimestre de 2021.
Já nos Estados Unidos, os congressistas ainda não chegaram a um acordo para solucionar o teto da dívida do país. “Ainda assim, o tema deve ser superado até 3 de dezembro. Contudo, os ruídos podem ser continuar a pressionar os ativos de risco externos”, destaca a Ajax.
A desaceleração chinesa também é vista com cautela. A falta de maior transparência sobre a real situação do país asiático é um dos pontos que deixa o mercado em alerta. O ambiente chinês é visto como de “baixa visibilidade”, segundo a Ajax.
As taxas dos contratos futuros de Depósito Interfinanceiro (DI) fecharam em leve alta, após o leilão de Notas do Tesouro Nacional, Série B (NTN-B).
O DI para janeiro de 2022 fechou em 7,244%, de 7,100% no ajuste de ontem; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 9,250%, de 8,835%; o DI para janeiro de 2025 foi a 10,270%, de 9,840% antes e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 10,650%, de 10,300%, na mesma comparação.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo positivo em um dia de recuperação para a maioria das empresas do setor de Tecnologia. Confira abaixo a variação e a pontuação dos principais índices de ações dos Estados Unidos por volta de 17h45 (de Brasília):
Dow Jones: +0,92%, 34.314,67 pontos
Nasdaq Composto: +1,25%, 14.433,8 pontos
S&P 500: +1,05%, 4.345,72 pontos