Bolsa fecha quase estável e dólar sobe renovando máxima

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São Paulo – O Ibovespa encerrou a sessão quase na estabilidade, com ligeira queda de 0,12%, aos 77.772,20 pontos. O índice foi pressionado pelas ações da Petrobras, que fecharam com recuo superior a 3%, e os papéis dos bancos, que ficaram próximos da estabilidade, em sua maioria com viés de queda.

“Hoje teve Petrobras e bancos que puxaram para baixo. A queda do preço do petróleo influenciou na ação da Petrobras, enquanto os bancos foram influenciados pelo discurso do presidente do Fed [Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, banco central norte-americano]”, explicou Eduardo Guimarães, especialista em ações da Levante Investimentos.

As ações preferenciais da Petrobras (PETR4) recuaram 3,03%, enquanto o papel ON (PETR3), caiu 3,92%. No setor bancário, as ações preferenciais do Itaú Unibanco (ITUB4) cederam 0,05%, enquanto o papel ON do Bradesco (BBDC3) caiu 0,76%, e a ação PN (BBDC4) perdeu 0,88%. A unit do Santander Brasil (SANB11) desvalorizou 1,12% e a ação ON do Banco do Brasil (BBAS3), encerrou em queda de 2,89%.

O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, disse que a instituição está fazendo sua parte ao adotar medidas pra estimular a economia em meio a pandemia do novo coronavírus, e que mais apoio fiscal pode ser necessário.

Powell lembrou que “o Fed tem poderes para emprestar, e não para gastar”, e que um empréstimo de um mecanismo do Fed pode fornecer uma ponte entre interrupções temporárias de liquidez. “Mas a recuperação pode levar algum tempo para ganhar impulso, e a passagem do tempo pode transformar problemas de liquidez em problemas de solvência”, disse.

Para Guimarães, as empresas exportadoras e as Vale seguraram uma queda ainda maior do índice. “Vale subiu com a alta do preço do minério, enquanto exportadoras se beneficiaram da alta do dólar”, afirmou o especialista em ações da Levante. As ações ordinárias da Vale (VALE3) encerraram com avanço de 2,28%.

As maiores altas do Ibovespa ficaram com as ações ON da BRF (BRFS3), com ganho de 12,17%, seguida pela unit da Klabin (KLBN11), com avanço de 7,64% e pela ação ON da Via Varejo (VVAR3), com alta de 6,90%. Por outro lado, as maiores quedas ficaram com as ações ON da Embraer (EMBR3), com recuo de 8,70%, seguida pela ação ON da IRB Brasil (IRBR3), com perda de 7,84% e o papel ON da Cielo (CIEL3), com retração de 5,93%.

O dólar comercial fechou em alta de 0,56% no mercado à vista, cotado a R$ 5,9040 para venda, renovando a máxima histórica de fechamento pelo segundo pregão seguido e pela primeira vez no patamar de R$ 5,90. A moeda engatou a terceira alta em mais um dia de forte volatilidade influenciada pela aversão ao risco no exterior, enquanto aqui, a instabilidade política corrobora para a escalada rumo aos R$ 6,00.

O diretor superintendente de câmbio da Correparti, Jefferson Rugik, comentaque as declarações do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, geraram mau humor no exterior, o que provocou uma queda intensa das bolsas norte-americanas, enquanto o dólar passou a ganhar força sobre as principais moedas pares e de países emergentes no fim da manhã. Aqui, a divisa estrangeira inverteu sinal e renovou máximas em busca do nível de R$ 5,95.

Para Rugik, Powell mostrou forte preocupação com a pandemia do novo coronavírus, afirmando que os Estados Unidos podem enfrentar um período prolongado de crescimento fraco, além da autoridade monetária não considerar o uso de juros negativos como ferramenta de política monetária.

“O pronunciamento de Powell foi visto pelo mercado como pessimista em meio aos alertas para uma possível crise de solvência causada pela pandemia, além dos problemas de liquidez. Powell prevê que a recuperação da economia norte-americana deve ser lenta e defende a ampliação de apoio fiscal”, acrescenta a equipe econômica do banco Fator.

O profissional da Correparti, porém, ressalta que o real teve um desempenho “bem pior” do que a de moedas pares, diante dos “nossos recorrentes ruídos políticos”. Com o dólar em patamares históricos, o Banco Central (BC) atuou em dois momentos no mercado futuro com a operação de swap cambial tradicional no qual ofertou US$ 1,0 bilhão. Porém, foram tomados US$ 880,0 milhões.

Amanhã, com a agenda de indicadores mais fraca aqui e no exterior, a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, diz que a questão da guerra comercial entre Estados Unidos e China, que ganhou novos capítulos nos últimos dias, segue como pano de fundo. “Está em banho-Maria e a chance de a moeda abrir depreciada não é desprezível, independentemente da agenda, a tendência é essa”, diz.