Bolsa fechar em leve alta, com Vale, Petrobras e exterior no radar; dólar recua

69

São Paulo, 20 de fevereiro de 2025 – O Ibovespa fechou em leve alta, repercutindo balanços e incertezas no ambiente macroeconômico externo e interno. Em dia de agenda esvaziada, o mercado digeriu falas do presidente Luís Inácio Lula da Silva sobre a inflação no Brasil e balanços da Vale, Banco do Brasil e Gerdau. Do exterior, declarações de dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) e o aceno do presidente dos Estados Unidos à China foram os destaques.

O principal índice da B3 subiu 0,22%, aos 127.600,58 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em abril avançou 0,05%, aos 129.485 pontos. O giro financeiro foi de R$ 19,6 bilhões. Em NY, os índices de ações fecharam em queda.

As ações da Petrobras fecharam em alta (PETR3 +0,59%; PETR4 +0,15%) em dia de pagamento de dividendos aos seus acionistas. Os quatro maiores bancos fecharam mistos, com destaque negativo para o Banco do Brasil (BBAS3 -2,97%) após balanço. Os preços dos contratos futuros do petróleo fecharam o pregão desta quinta-feira em alta.

Entre as companhias que apresentaram resultados na véspera (19), o grande destaque de alta foi a ação da Vale (VALE3), que subiu 3,68%, em dia de alta do minério de ferro. A mineradora reportou prejuízo no quarto trimestre e anunciou distribuição de US$ 2 bilhões em dividendos aos acionistas em março, recompra de ações, redução de custos e de capex. Por outro lado, fecharam em queda pós-balanços, Banco do Brasil, Gerdau (GGBR4 -5,35%), Metalúrgica Gerdau (GOAU4 -4,91%) e Assaí (ASAI3 -1,69%), também apresentados após o fechamento do pregão de ontem.

O ambiente político doméstico também segue no radar do mercado e teve como destaque nesta quinta-feira a derrubada do sigilo dos vídeos da delação premiada de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O dia também teve declarações do presidente Lula, em entrevista à Rádio Tupi do Rio de Janeiro, em que reiterou sua confiança no crescimento da economia, prometeu medidas para aumentar crédito e garantiu que está comprometido com o fiscal. O presidente também voltou a falar da necessidade de tomar medidas para baratear os preços dos alimentos e disse que o preço da carne começou a cair e vai recuar ainda mais.

O mercado seguiu atento ao panorama externo, digerindo anúncios recentes. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que espera uma visita do presidente chinês, Xi Jinping, ao país, mas não forneceu uma data para o encontro. Em declarações a jornalistas a bordo do Air Force One, Trump mencionou a possibilidade de um novo acordo comercial entre os dois países, destacando a importância das interações diretas entre ele e Xi para a redução de tensões comerciais.

O presidente do Fed St. Louis, Alberto Musalem, em um discurso hoje mais cedo, disse que a economia dos EUA está forte, com o PIB crescendo acima do potencial de longo prazo, e o desemprego está em níveis baixos. A inflação caiu significativamente desde seu pico, mas ainda permanece acima da meta, com algumas expectativas de inflação recentemente aumentando. O dirigente afirmou que o cenário base prevê que a inflação convergirá para a meta, mas há riscos de que ela estagne ou aumente, especialmente devido a políticas comerciais e de imigração.

O presidente do Fed de Chicago, Austan Goolsbee, disse nesta quinta-feira que não espera que a leitura do índice de inflação que o banco central dos Estados Unidos usa para definir sua meta de inflação seja tão preocupante quanto os números do índice de preços ao consumidor. Na semana passada, o Departamento do Trabalho divulgou um aumento maior do que o esperado de 0,5% na base mensal para a inflação ao consumidor de janeiro. O índice PCE que o Fed usa para sua meta será divulgado na próxima semana.

Para João Kepler, CEO da Equity Fund Group, a reeleição de Donald Trump trouxe implicações significativas para as empresas brasileiras listadas na B3, principalmente devido às tarifas protecionistas que o governo americano está implementando. “Empresas com produção local nos EUA, como Gerdau, Braskem e JBS, têm a chance de se beneficiar, já que essas tarifas tornam mais difícil a concorrência de produtos estrangeiros. No entanto, a política econômica de Trump também pode afetar os juros nos Estados Unidos, com o Federal Reserve possivelmente mantendo as taxas elevadas por um período prolongado para controlar a inflação. Isso pode reduzir o fluxo de investimentos para mercados emergentes, como o Brasil, impactando negativamente o câmbio e a atratividade de ativos brasileiros. Empresas com dívidas em dólares podem enfrentar um cenário mais desafiador, com maior volatilidade cambial e custos mais altos para a gestão de sua estrutura financeira.”

O dólar comercial fechou em queda de 0,37%, cotado a R$ 5,7043. A moeda, ao longo da sessão, operou em movimento de correção e também foi impactada pela postura mais flexível do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com a China.

O head de Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, acredita que “não saindo nada de ruim, o dólar pode chegar a R$ 5,60 nos próximos dias”.

Segundo o economista-chefe do Banco Bmg, Flávio Serrano, “o câmbio pode continuar caindo, a curto prazo, pela conjuntura estrutural. A postura do Trump também ajuda nesta queda”.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecharam em queda. A sessão foi marcada por ajuste técnico, além dos indícios de que a economia brasileira está em desaceleração.

Por volta das 16h38 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2026 tinha taxa de 14,645% de 14,680% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2027 projetava taxa de 14,620%, de 14,695%, o DI para janeiro de 2028 ia a 14,465%, de 14,520%, e o DI para janeiro de 2029 com taxa de 14,475% de 14,470% na mesma comparação. O dólar recuava 0,31%, cotado a R$ 5,7074 para venda.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão desta quinta-feira em queda, interrompendo a sequência de recordes do S&P 500. O movimento foi pressionado por uma projeção abaixo do esperado do Walmart, que reacendeu preocupações sobre a força do consumo e o cenário econômico.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -1,01%, 44.176,65 pontos
Nasdaq 100: -0,47%, 19.962,4 pontos
S&P 500: -0,43%, 6.117,52 pontos

Com Paulo Holland e Larissa Bernardes / Safras News

Copyright 2025 – Grupo CMA