Bolsa fica quase estável em sessão de forte volatilidade

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São Paulo – Após um dia de volatilidade com diversos acontecimentos ao longo da sessão, o Ibovespa encerrou o dia em ligeira queda de 0,02% aos 78.972,76 pontos. O volume financeiro do mercado foi de R$ 35,1 bilhões, com R$ 14,5 bilhões do exercício de opções sobre ações. No mercado futuro, o contrato para junho recuava 0,18%.

“Começamos o dia olhando para os indicadores lá de fora e isso fez a Bolsa cais forte logo cedo, chegando a recuar mais de 1%. Além disso, hoje teve exercício de opções sobre ações, pressionando o mercado. Os investidores exerceram opção e acabaram engolindo um preço alto, trazendo pressão”, explicou Ari Santos, operador de renda variável da Commcor.

No início da tarde saiu a notícia de que o governador de São Paulo, João Doria, vai apresentar um plano de saída gradual do isolamento social em São Paulo, com data prevista de início para 11 de maio. Isso fez com o Ibovesoa ganhasse força, virando para o lado positivo e chegando a subir mais de 1%, porém, esse ganho não se sustentou ao longo da sessão.

“Essa notícia do fim do isolamento pegou forte no mercado. Ações como Petrobras que tinham tudo para cair chegaram a subir mais de 1% com essa notícia e também com o movimento do exercício de opções”, explicou um chefe de mesa de operações de um grande banco.

Já Ari lembrou que essa notícia ajudou muito nas ações de empresas varejistas, como foi o caso da Magazine Luiza, Lojas Americana, Lojas Renner e Via Varejo. “Foi um setor que se beneficiou bastante hoje por causa da notícia do fim do isolamento social gradual em São Paulo”, disse o especialista da Commcor.

Próximo ao encerramento, Ari avalia que os investidores aproveitaram para zerar suas posições, fazendo o Ibovespa ficar perto da estabilidade, mesmo com a forte queda do preço do petróleo no exterior, puxando as ações da Petrobras para queda. “Amanhã é feirado no Brasil e a Bolsa não abre, isso ajuda os investidores a zerarem suas posições”, disse.

O dólar comercial fechou em alta de 1,31% no mercado à vista, cotado a R$ 5,3080 para venda, na segunda maior cotação de fechamento da história, refletindo o viés de cautela que prevaleceu no mercado à véspera do feriado doméstico, enquanto no exterior, a sessão foi negativa para as moedas de países emergentes em meio à derrocada do petróleo que fechou com a cotação negativa pela primeira vez na história.

O analista de câmbio da Correparti, Ricardo Gomes Filho, destaca não apenas a busca por proteção na sessão, como também o comportamento do petróleo tipo WTI no qual o preço do barril fechou com valores negativos. O preço do contrato futuro com vencimento em maio – que expira amanhã – caiu 305%, cotado a – US$ 37,63 o barril, o que significa que foi necessário pagar para que alguém retirasse os barris das mãos de traders.

“O petróleo novamente foi o vilão e as incertezas relacionadas à demanda global pela commodity e de um provável esgotamento de sua capacidade de armazenamento levou o contrato para território negativo”, acrescenta.

Na reta final dos negócios, a moeda chegou a operar acima do patamar de R$ 5,32, perto das máximas históricas, o que levou o Banco Central (BC) a atuar no mercado com a venda de dólares no mercado à vista. Dos US$ 1,0 bilhão ofertados foram aceitos US$ 500,0 milhões.

Na quarta-feira, volta do feriado, a moeda norte-americana pode se ajustar às notícias externas em meio ao retorno gradual de algumas atividades na Europa após mais de um mês de isolamento social em decorrência da pandemia do novo coronavírus.

O economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa, reforça que, com a agenda de indicadores mais fraca na semana, o cenário político local pode ser pesar no preço com a escalada da tensão entre o presidente Jair Bolsonaro e o Congresso Nacional.