Bolsa ganha impulso ao fim da sessão, mas com baixo volume financeiro; dólar sobe

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São Paulo – A Bolsa passou a ficar volátil ao final da apresentação da ata do Comitê de Política Monetária (Fomc) dos Estados Unidos e pronunciamento do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), após passar boa parte da sessão em leve queda e com pouca variação.

Entre perdas e ganhos, o principal índice da B3 encerrou a sessão estável, aos 110.579,81 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em junho caiu 0,35%, aos 111.010 pontos. O giro financeiro do mercado foi de aproximadamente R$ 18,6 bilhões. Em Nova York, os futuros fecharam em alta.

A ação da Vale, que representa mais de 15% do Ibovespa, fechou com ganho de 0,30%. As maiores altas do dia ficaram com Via (+6,27%), MRV (+3,82%), SulAmérica (+3,64%), Rede D’Or (+3,45%) e 3R Petroleum (+3,09%).

Já as ações da Petrobras que também têm forte peso na Bolsa, avançaram (PETR4, +1,26% PETR3,+1,88%) em recuperação após as últimas perdas.

As maiores baixas foram registradas pelo Banco Inter (BID11,-6,07%; BIDI4, -4,78%), Banco Pan (-5,15%), Americanas (-4,37%), CVC (-4,24%) e Azul (-3,04%).

Para Lucas Xavier, analista técnico da corretora Warren Investimentos, a ata do Fed foi o motivo da virada do Ibovespa, mas que apesar da alta apresentada ao final da sessão, o volume financeiro ficou bem abaixo da média de R$ 21 bilhões dos últimos dez pregões. “Estamos nos aproximando de uma região complicada de preços, o mercado olha bastante para essas médias, então, essas aceleradas recentes do índice sem o volume apropriado, “chamando compradores”, não é muito confiável. Então temos que ficar alertas a esse movimento por que uma correção pode ser esperada.”

Na visão de Rodrigo Simões, especialista em Finanças e Economia e professor da Faculdade do comércio de São Paulo (FAC-SP), a reversão no final dos negócios mostra que a bolsa recupera perdas pela manhã e acompanha os seus pares no exterior, devido a estímulos monetários que o governo chinês promete para sua economia, além de um impulso de empresas de varejo, saúde, minério e petróleo.

“O Fed sinalizou que irá aumentar a taxa nas próximas reuniões, e isto não é novidade e o mercado financeiro já precificou este impacto futuro”, comentou Simões, após a divulgação da ata.

O movimento de hoje na Bolsa brasileira ainda reflete a prévia do IPCA-15 divulgado ontem, mostrando que a inflação segue elevada para o ano de 2022. “Se o IPCA 15 tivesse vindo bem mais baixo e a inflação no acumulado do ano ficasse menor que os atuais 12,13%, teria sido um respiro para o mercado. Então sendo assim, se o Governo tivesse tomado a decisão antes sobre a redução de ICMS sobre os combustíveis e já tivesse colocado em prática, a inflação já estaria apontando uma queda à partir deste mês”, avalia o professor.

“Os dados do IPCA 15 só confirmaram o que o mercado espera, a continuação do aumento da taxa Selic para a próxima reunião”, acrescenta.

Já a leve alta do dólar mostra os investidores buscando proteção de suas carteiras frente ao cenário de inflação, aumento de juros e incertezas sobre o cenário de curto prazo.

Em relação ao conflito internacional entre Rússia e Ucrânia, o professor acredita que o apoio que a Ucrânia recebeu dos Estados Unidos e a decisão de Putin de não recuar aumenta a tensão em relação ao futuro.

O dólar comercial fechou em alta de 0,20%, cotado a R$ 4,8210. A moeda subiu durante toda a sessão, mas após a divulgação da ata da última reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) ela perdeu força,

Segundo o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno,” ainda não dá para dizer as reações do mercado com a ata, ele ainda está digerindo”.

Rostagno acredita que existe preocupação com o crescimento dos Estados Unidos: “Isso indica que o Fed vai ter de elevar as taxas de juros acima do nível neutro para trazer a inflação de volta para a meta”, projeta.

De acordo com o head de tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, “o mercado está volátil, fazendo a transição do medo da inflação para o temor com o crescimento, e isso ocorre principalmente pelos dados vindos da China e Estados Unidos”.

Weigt explica que a reabertura chinesa, commodities valorizadas e a Selic agressiva continuam jogando a favor do real, que, por ora, não deve romper a barreira dos R$ 4,70 devido aos riscos internos que se aproximam, como o período eleitoral.

Para a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, estamos desfrutando de um movimento benéfico para o real, com o noticiário sobre a China. O viés é positivo para as commodities.

Abdelmalack alerta que o aumento dos juros países desenvolvidos é irreversível, sendo que algumas destas economias já deram início ao ciclo de aperto monetário: Boa parte dos diretores do Fed estão tentando assegurar que a política não será tão agressiva, analisa.

As taxas curtas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam de lado nesta quarta-feira (24), com mercado na expectativa ignorando, por enquanto, o tom mais duro da ata do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), divulgada hoje.

O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 13,415% de 13,410% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 12,965%, de 13,000%, o DI para janeiro de 2025 ia a 12,280%, de 12,260% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 12,090% de 12,010%, na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar operava em alta, cotado a R$ 4,8150 para venda.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam em alta, após a divulgação da ata da reunião de política de maio do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) mostrar que o banco central está preparado para elevar as taxas acima do que o mercado havia previsto.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices futuros de ações dos Estados Unidos
após o fechamento:

Dow Jones: +0,60%, 32.120,28 pontos
Nasdaq 100: +1,51%, 11.434,7 pontos
S&P 500: +0,94%, 3.978,73 pontos