Bolsa ignora exterior em queda e fecha no azul puxada por commodities; dólar cai

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São Paulo- O apetite ao risco tomou conta da Bolsa na sessão desta segunda-feira e operou na contramão do exterior. O Ibovespa fechou em alta de 2,11% puxada pelo bom desempenho das commodities ligadas ao minério de ferro, com destaque para a Vale (VALE3), após a China flexibilizar as medidas de restrições contra da covid-19.

As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) também ajudaram o movimento positivo do Ibovespa com a confirmação do nome de Caio Paes de Andrade para o comando da empresa, alta do petróleo e recomendação de algumas casas de análise para a compra do ativo.

As ações da Vale (VALE3) e da Petrobras (PETR3 e PETR4), que juntas representam mais de 20% do índice, fecharam respectivamente em alta de 4,59%, 6,74% e 6,42%.

O principal índice da B3 subiu 2,11%, aos 100.763,60 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto avançou 1,99%, aos 102.520 pontos. O giro financeiro foi de R$ 21 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em queda.

Matheus Lima, analista da Top Gain, disse que o Ibovespa opera com bom humor puxado pelas commodities, principalmente “minério de ferro e petróleo”, mas destacou que “ainda os investidores monitoram como vai ser o aumento da taxa de juros nos Estados Unidos e da inflação mundo afora”.

Lima afirmou que em relação aos destaques negativos, as aéreas têm sofrido bastante recentemente e hoje não é diferente devido ao aumento das passagens, dólar alto e elevação do petróleo. As ações da Azul (AZUL4) e da Gol (GOLL4) foram destaque de baixa e caíram 5,33% e 4,00%. No mês a Azul perdeu 33,81% e no ano 45,36%; a Gol desvalorizou 30,53% no mês e 40,81% no ano.

Romero Oliveira, especialista de renda variável da Valor Investimentos comentou que” o otimismo na Bolsa vem da China e favorece as commodities, com destaque para a Vale”.

Oliveira disse que o Ibovespa apresentava uma performance ruim nas últimas semanas e o Itaú revisou a pontuação da Bolsa, passando de 115 mil para 110 mil pontos no final do ano.

Mais cedo, José Costa Gonçalves, analista da Codepe Corretora, disse que as commodities estão sustentando a alta da Bolsa, em movimento oposto ao exterior, por causa do relaxamento das medidas contra a covid-19 da China. “As notícias vindas do país asiático têm de ser acompanhadas é no dia a dia; semana passada o temor era de que o governo por lá fosse mais rigoroso com as medidas”.

Gonçalves também comentou que o Itaú melhorou o preço-alvo para a Petrobras para R$ 43, com potencial de valorização de 50%. Foi uma surpresa para o mercado. Na última semana o preço-alvo era entre R$ 31 a R$ 37.

O dólar fechou em R$ 5,2350, com queda de 0,32%. O afrouxamento do lockdown, na China, valorizou as moedas emergentes ligadas às commodities, como o real, e aliviou a pressão das incertezas políticas e fiscais domésticas.

Segundo o sócio da Ethimos Investimentos, Lucas Brigato, “ainda existe força para ver o dólar cair novamente, e acho que seja possível quebrar a barreira dos R$ 5,00 antes do período eleitoral”.

Brigato, porém, entende que o cenário doméstico não deixa o real deslanchar: “O fiscal ainda é complicado, e isso é o freio de mão para ver este dólar mais depreciado. Estas manobras de curto prazo são eleitoreiras, e isso é um ponto negativo”, referindo-se aos auxílios e isenções orquestradas pelo governo federal.

Para o head de tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, “os juros altos praticados no Brasil e a reabertura da China ajudam a valorizar o real, que continua com os fundamentos técnicos positivos”. Weigt observa que desde o último dia 31 o real caiu 9% ante cesta de moedas emergentes.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em alta nesta segunda-feira (27), com risco fiscal e PEC dos Combustíveis.

O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 13,665% de 13,640% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 13,310% de 13,250%, o DI para janeiro de 2025 ia a 12,555%, de 12,520% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 12,510% de 12,460%, na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em queda, após uma manhã instável, com os papéis encerrando os ganhos recentes consecutivos em meio a receios com os próximos passos do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano). Wall Street se prepara para encerrar o pior primeiro semestre para os índices em décadas.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,20%, 31.438,26 pontos
Nasdaq Composto: -0,72%, 11.524,6 pontos
S&P 500: -0,29%, 3.900,11 pontos

 

Com Paulo Holland, Pedro do Val de Carvalho Gil e Darlan de Azevedo / Agência CMA