Bolsa interrompe cinco sequências de queda e fecha em alta com sinais positivos da China; dólar cai

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São Paulo – A Bolsa interrompeu a sequência de cinco quedas e fechou em alta em resposta ao pacote de estímulos anunciado pela China, o que resultou na valorização do minério e das commodities metálicas. A Vale (VALE3), ação de maior peso no índice, disparou.

Os papéis da Vale (VALE3) avançaram 4,88%, foram negociadas na sessão de hoje aproximadamente 42 milhões de ações com montante de R$ 2,5 bilhões. Os ADRs da Vale tiveram alta de 6,29%.

Usiminas (USMI5) e CSN (CSNA3) subiram 7,67% e 9,38%. Petrobras (PETR3 e PETR4) registrou alta de 0,74% e 0,40%. Na ponta negativa, ficaram os papéis da Azul (AZUL4) e do Pão de Açúcar (PCAR3), que caíram 5,03% e 1,70%.

O principal índice da B3 subiu 1,21%, aos 132.155,76 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em outubro registrou ganho de 1,14%, aos 132.890 pontos. A máxima interdiário atingiu 133.072,68 pontos. O giro financeiro foi de R$ 23 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em alta.

Fabio Louzada, economista, planejador financeiro e fundador da Eu me banco, disse que o bom humor veio do exterior para puxar a Bolsa para cima

“O dia foi marcado pelo anúncio do pacote de estímulos econômicos pela China, o maior desde a pandemia na tentativa de tirar o país da deflação, e isso impulsionou o minério de ferro para cima. Inclusive, o minério teve a maior alta diária em mais de um ano”.

Louzada comentou que também foi dia da divulgação da ata da última reunião do Copom -Comitê de Política Monetária- do Banco Central (BC).

“[o documento] não trouxe muitas novidades, mantendo o tom hawkish do comunicado divulgado na semana passada. Ficou claro que teremos mais altas de juros, mas não sabemos em que ritmo nem em qual magnitude”.

Pedro Caldeira, sócio e assessor de investimentos da One Investimentos, disse que a Bolsa sobe por conta do pacote de estímulos à economia anunciado pela China.

“Os estímulos anunciados pela China foram bem robustos, maior desde a pandemia da covid-19 e a Vale (VALE3) é o principal catalisador disso hoje, superando os R$ 60, algo que não acontecia há algum tempo. Também foi bom para a Europa. Lá pode ter uma desaceleração, e com esse anúncio vemos as mineradoras, empresas de luxo em que grandes consumidores são chineses- sendo impactadas positivamente”.

Em relação à ata, Cadeira disse que o documento manteve, praticamente, o mesmo do comunicado, na semana passada.

“Não teve alteração brusca e não fez tanto preço no mercado. Não deixaram indícios sobre os próximos passos, vão olhar o cenário bem de perto para tomar decisão, e que talvez seja necessário alta gradual; reforçaram que o principal mandato do BC é trazer inflação pra meta. Outro ponto positivo foi a unanimidade na votação. Quanto ao fiscal, jogaram a bola pro governo. Se tiverem responsabilidade fiscal, eles [os membros do Comitê] fazem o trabalho deles e vamos ver a economia andar. Com esse compromisso, os DIs cedendo bem”.

Quanto ao petróleo, a preocupação do mercado é com a escalada do conflito entre Israel e o grupo extremista libanês Hezbollah em que “a commodity pode subir mais e causar pressão inflacionária em um momento de corte de juros nos Estados Unidos, inflação acelerando aqui e China anunciando estímulos para ancorar a economia”, mas para isso o barril tipo Brent precisaria chegar a US$ 90, por enquanto “está deprimido” [US$74,36], disse o sócio e assessor de investimentos da One Investimentos.

Ubirajara Silva, gestor de renda variável independente, disse que o anúncio de estímulos vindo da China ajuda o mercado.

“A China fazendo bastante preço e o Adr de Vale sobe 4.5% antes da abertura lá fora. Sobre a ata [Copom], achei que veio menos dura que o mercado esperava, um pouco dovish, e sem nenhuma indicação de aceleração do ciclo de alta”.

Na análise de Jason Vieira, de economista do Money You, “a ata da última reunião do Copom, em setembro, mantém parte do tom agressivo do comunicado da semana passada, porém, reduziu um pouco o tom do “recado” em relação ao fiscal, ainda que seja o ponto principal das desancoragens de expectativa de inflação”.

No mercado de câmbio, o dólar comercial fechou em queda de 1,34%, cotado a R$ 5,4601. A moeda refletiu, ao longo da terça, a empolgação com os estímulos à economia chinesa e o tom duro da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).

O economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, observa que “hoje o grande destaque internacional é o pacote de estímulo da China, que inclui cortes nas taxas de juros e medidas de liquidez, com o objetivo de reforçar a economia e as ações. Embora essas iniciativas sejam vistas como positivas para o mercado chinês e setores industriais, há certo ceticismo sobre sua eficácia duradoura”.

A divulgação da Ata do Copom mostrou-se extremamente alinhada com o Comunicado. Isso significa que o BC não suavizou a mensagem exposta imediatamente após a reunião, ampliando as apostas de que o ciclo será agressivo, complementou Sanchez.

O analista da Potenza Capital Bruno Komura engrossa o coro de que a ata foi dura, alinhada às expectativas, o que reforça o compromisso do Banco Central (BC) no equilíbrio da inflação.

Komura entende que o movimento de de valorização do real, observado hoje, tem ligação direta com os estímulos chineses: “Isso valoriza as commodities e as moedas ligadas a elas. Vamos ver os efeitos positivos ao longo do tempo, é possível ter otimismo a curto prazo”, opina.

“As expectativas de melhora estão altas os investidores estão esperando que no final, todas as medidas ajudem a China a crescer em torno de 5% (vs 4,5% de expectativa do mercado antes das medidas)”, complementa Komura.

Assim como o dólar, as taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecham em queda, devido à ata do Copom por conta da ata referente à última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que foi considerada hawkish pelo mercado.

Por volta das 16h45 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 11,025% de 10,015% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 12,135%, de 11,240%, o DI para janeiro de 2027 ia a 12,170%, de 11,970%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 12,225% de 12,410% na mesma comparação.

No exterior, os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em ligeira alta, voltando a atingir fechamentos recordes. Os investidores absorveram o lançamento de um estímulo agressivo pela China e uma queda notável na confiança do consumidor nos Estados Unidos.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,20%, 42.208,22 pontos
Nasdaq 100: +0,56%, 18.074,5 pontos
S&P 500: +0,25%, 5.732,93 pontos