São Paulo – Após dois pregões em alta, a Bolsa fechou em queda, perdeu os 127 mil pontos, em dia de agenda fraca aqui e no exterior, empurrada pelas ações com maior peso no índice-Vale (VALE3) e Petrobras (PETR 3 e PETR4).
A Vale (VALE3) encerrou em queda de 2,24% acompanhando a desvalorização do minério na China. Petrobras (PETR 3 e PETR4) caiu 1,96% e 2,13%, respectivamente com o recuo do petróleo no mercado internacional e ainda refletindo a reunião da Opep+ sobre corte na produção.
As ações da Gol (GOLL4) lideraram a perda em 9,19%. Já a alta da Embraer (EMBR3) de 0,70% refletiu o pedido da canadense Porter Airlines de 25 jatos E195-E2, feito na semana passada, e a vitória da companhia no processo de licitação na Coreia do Sul para fornecer C-390 Millenium.
O principal índice da B3 recuou 1,07%, aos 126.802,79 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em dezembro caiu 0,97%, aos 127.195 pontos. O giro financeiro foi de R$ 19,4 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam no negativo.
Alexandro Nishimura, economista e sócio da Nomos, disse que após o rali das últimas semanas, o Ibovespa “realizou os ganhos recentes sob o pano de fundo de maior aversão ao risco a partir do repique dos yields dos treasuries, além da queda das commodities, que pressiona o índice diante do grande peso das companhias ligadas ao setor. Petrobras e Vale acompanharam a queda das suas commodities de referências, refletindo o ceticismo do efeito dos cortes da Opep+ sobre o preço do petróleo, enquanto o minério de ferro caiu com o aumento dos estoques antes do inverno”.
Stefany Oliveira, head de análise de trade da Toro Investimentos, disse que a agenda mais esvaziada, commodities pesaram na Bolsa.
“A queda das ações da Vale, com maior peso no índice, pressionou o Ibovespa devido ao recuo do minério de ferro em Dalian, em decorrência de restrições de produção no norte da China outra queda importante foi de Petrobras, segundo maior peso índice, acompanhando o petróleo, mas também teve realocação dos preços”.
Leandro Petrokas, diretor de research e sócio da Quantzed, disse que em dia de agenda esvaziada, o Ibovespa está em linha com o exterior.
Dia de queda das commodities e agenda fraca, os mercados aproveitam para realizar um pouco dos lucros acumulados nas últimas semanas e ficam à espera do PIB amanhã e dados fiscais [superávit orçamentário e relação dívida/PIB na quarta-feira (6)”.
Petrokas destacou as principais quedas na sessão de hoje, empresas do setor aéreo e de varejo.
“Com a alta dos juros, esses setores costumam reagir de forma negativa. Já o Grupo Casas Bahia (BHIA3) segue sem ganhar forças há alguns meses, principalmente, após o anúncio da precificação da oferta em setembro. Em relação à Gol, a queda se explica após a contratação da Seabury Capital para assessorar em uma ampla revisão de sua estrutura de capital. Isso pode ter preocupado os investidores da empresa, que podem enxergar um aumento na percepção de riscos do case. E a Azul (AZUL4) é contaminada por essa notícia”.
O Grupo Casas Bahia (BHIA3) caiu 5,45%; magazine Luiza (MGLU3) teve queda de 7,83%. Azul (AZUL4) perdeu 5,82%.
A SLC Agrícola (SLC3) subiu 0,74% com a perspectiva de melhores de preços de alguns grãos e commodities agrícolas, disse o diretor de research e sócio da Quantzed.
Ubirajara Silva, gestor independente de renda variável, disse que o mercado está realizando um pouco em cima do otimismo da semana passada e isso se deve a queda das commodities.
“A Bolsa caindo perto da mínima do dia e o principal movimento é a realização das commodities, com a queda do petróleo e minério, cobre, o que impacta Petrobras e Vale e após um movimento forte em novembro [subiu 12,5%]; os bancos seguram um pouco a baixa do Ibovespa; o setor aéreo também merece destaque, depois que a Gol contratou uma consultoria para uma possível reestruturação e isso está fazendo o papel cair e puxa o setor; outras empresas do mercado interno também estão sofrendo, Braskem sofre em cima do problema das minas em Maceió; mercado esperando dados de emprego nos EUA -ADP na quarta (6) e payroll na sexta (8) e semana que vem CPI [inflação] com o mercado esperando os próximos passos do Fed. O mercado já começou a apostar em queda dos juros em março e abril do ano que vem; hoje Roberto Campos Neto fala e vamos ver se ele dá pistas para o pré-Copom]”.
O dólar comercial fechou em alta de 1,38%, cotado a R$ 4,9478. A moeda refletiu, um movimento de correção alinhado ao exterior e seguiu o movimento das Treasuries. A divulgação do PIB referente ao 3º trimestre é aguardada pelo investidores.
Bruno Komura, analista da Potenza Investimentos, afirmou que o dólar passa por um ajuste e sobe com os títulos da dívida do Tesouro norte-americano.
“É um movimento de correção conforme observamos no mercado externo; a moeda norte-americana ganha força junto com a alta das treasuries e o mercado fica na expectativa do PIB amanhã (5), que pode trazer surpresa”.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham em alta o primeiro pregão da semana, em movimento de ajuste. As taxas também seguem os Treasuries (títulos do Tesouro norte-americano).
Por volta das 16h35 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 11,864% de 11,876% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 10,335% de 10,300%, o DI para janeiro de 2026 ia a 10,025%, de 10,980%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,165% de 10,090% na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar operava em alta, cotado a R$ 4,9478 para a venda.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em queda enquanto os investidores questionavam se o mercado estava se adiantando em relação ao Federal Reserve (Fed, o banco central americano) após cinco semanas consecutivas de alta.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
Dow Jones: -0,11%, 36.204,44 pontos
Nasdaq 100: -0,84%, 14.186 pontos
S&P 500: -0,54%, 4.569,78 pontos
Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA
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