Bolsa interrompe sequência de 7 altas e fecha em queda, volta ao patamar dos 109 mil pts; dólar sobe

702

São Paulo- A Bolsa fechou em leve queda, rompendo uma sequência de sete altas, e voltando ao patamar dos 109 mil pontos, com os investidores realizando de lucros, após forte alta em meio à inflação nos Estados Unidos, ao consumidor divulgada na véspera e ao produtor hoje, indicar desaceleração.

Alguns especialistas acreditam que essa desaceleração é pontual por conta da redução dos combustíveis, movimento parecido com o Brasil.

As ações de Petrobras (PETR3 e PETR4), apesar de ter subido nos últimos dias 18%, hoje caiu respectivamente 1,63% e 2,31% em dia em que a empresa divulgou redução de R$ 0,22 no preço do diesel que é vendido às distribuidoras. A mudança passa a valer a partir de amanhã (12).

Hoje também era o último dia para os interessados em Vale e Petrobras se posicionarem na ação, amanhã serão negociadas ex-dividendos. Os papéis da Vale (VALE3) subiram 3,48%.

Os destaques de alta no Ibovespa ficaram para os papéis da Positivo (POSI3) e Minerva (BEEF3), que fecharam valorizados respectivamente 10,25% e 7,32%, após os resultados divulgados ontem ter agradado o mercado. A Minerva, além do balanço, teve a aprovação de conversão de ações em tesouraria em ADRs.

O principal índice da B3 caiu 0,46%, aos 109.717,94 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto perdeu 0,37%, aos 110.140 pontos. O volume financeiro foi de R$ 34,8 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam mistas.

Juliano Marques, assessor de renda variável da Ethimos, disse que existe um movimento de realização de posição “após os resultados de empresas de tecnologia lá fora, o que acaba contagiando a nossa Bolsa”.

Marques disse que o mercado sentiu “o desconforto com impacto fiscal do reajuste dos salários de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), que terá impacto direto em R$ 2 bilhões em 2023 e 8 bilhões em 2024”. A proposta do aumento dos salários ainda falta ser encaminhada ao Congresso e, posteriormente para sanção presidencial.

André Luzbel, head de renda variável da SVN, disse que os dados de inflação ontem e hoje nos Estados Unidos mostraram um cenário parecido com o do Brasil-deflação em julho e possivelmente em agosto-, no curto prazo, “mas a gente enxerga isso como algo pontual basicamente por conta da redução no preço dos combustíveis, e se não tivesse essa diminuição, teria inflação”.

Lutzel complementou que parece que tudo foi resolvido rapidamente e “ficamos assustados com a alta de ontem [nas bolsas aqui e lá fora] porque parece que tudo se resolveu da noite para ao dia. Se as bolsas norte-americanas continuarem a subir, volta a ter injeção de riqueza na economia, o consumo será estimulado e vai gerar inflação”.

Segundo Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos, grande parte do otimismo se deu na véspera com o CPI- índice de preços ao consumidor nos Estados Unidos. “Hoje acredito que tem parte de realização de lucro no movimento”.

Komura acrescentou que para que a Bolsa tenha um movimento consistente é necessário que “as eleições passem e a gente tenha mais clareza do plano de governo”.

Komura comentou que o exterior ficou otimista com os dados recentes, mas “não vemos que o cenário está tão bom assim. A inflação nos Estados Unidos deve chegar perto de 5% porque os bens de consumo devem dar um alívio, mas os serviços continuam fortes, o que deve segurar a inflação em 5%. O desafio é baixá-la para 2%”.

O dólar comercial fechou em alta de 1,41%, cotado a R$ 5,1600. A moeda ganhou força devido às novas incertezas fiscais domésticas com o aumento de 18% aos ministros e servidores do judiciário, além de um movimento de correção.

De acordo com o sócio da Ethimos Investimentos, Lucas Brigato, “o câmbio está mais realistado que a bolsa e retrata mais o risco fiscal que carregamos”. O executivo acredita que o movimento de correção é natural, após o dólar ter atingido o suporte de R$ 5,08.

Para o analista da Ouro Preto Investimentos, Bruno Komura, “hoje é um dia de realização, com o dólar próximo a um patamar justo”.

Komura, contudo, entende que os riscos fiscais, que voltaram à tona, não deixam o real deslanchar: “Não era o momento para este aumento, e a aproximação das eleições também contribui para isso”, opina. As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam mistas. O cenário global ainda é de menor aversão ao risco, puxado pelos últimos dados da economia norte-americana, mas o mercado está ressabiado com o aumento de 18% para ministros e servidores do judiciário, aprovado ontem pelo Supremo Tribunal Federal (STF). o DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 13,720% de 13,720% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 12,950%, de 12,950%, o DI para janeiro de 2025 ia a 11,950%, de 11,900% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,790% de 11,715%, na mesma comparação. Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo misto, apesar de terem operado com ganhos ao longo do dia, depois do rali de ontem perder força apesar de dados positivos nos dois últimos relatórios sobre a inflação. Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,08%, 33.336,67 pontos
Nasdaq Composto: -0,58%, 12.779,9 pontos
S&P 500: -0,07%, 4.207,27 pontos

 

Com Paulo Holland, Pedro do Val de Carvalho Gil e Darlan de Azevedo / Agência CMA