Bolsa perde fôlego no fim do pregão e fecha em queda de 0,04%; dólar encerra a R$ 4,882

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São Paulo- Após subir praticamente todo o pregão com o mercado refletindo a inflação ao consumidor mais suave nos Estados Unidos, (CPI, sigla em inglês), a Bolsa fechou em leve, perto da estabilidade, com a pressão da Vale (VALE3), piora do exterior e a questão fiscal volta preocupar os investidores.

Mais cedo, nos Estados Unidos, o CPI subiu 0,2% em julho ante maio e avançou 3,2% na base anual. O núcleo do índice subiu 4,7%.

As ações da Azul (AZUL3) lideraram a alta do índice em 9,82% refletindo o balanço do 2T23. “A ação foi amplamente desvalorizada anteriormente devido aos efeitos da pandemia, valorização do dólar, aumento dos preços dos combustíveis e taxa de juros. Como resultado, qualquer dado positivo impacta significativamente sobre o preço da ação trazendo muita volatilidade”, disse Lucas Almeida, especialista em mercado de capitais e sócio da AVG.

Na ponta negativa, o destaque ficou para o Grupo Soma (SOMA3), caiu 7,67%. também impactada pelos resultados. A receita bruta, excluindo a marca Hering, registrou um aumento anual de 13,4%, somando R$928 milhões, mas esse valor ficou 1,5% abaixo das expectativas.

“Embora as vendas das marcas da Soma estejam em expansão, a desaceleração em relação aos trimestres anteriores pode estar sendo vista como um sinal de que o crescimento do grupo está perdendo força fazendo com que os investidores reavaliem suas posições e pressionando as vendas no papel no dia de hoje. Apesar do fraco crescimento do grupo, a empresa negocia a valuation atraente tendo em vista que a empresa gerencia com eficiência várias marcas e sua exposição a consumidores de alta renda pode oferecer maior poder de precificação e mais proteção contra a inflação do que a maioria dos concorrentes”, disse o especialista em mercado de capitais e sócio da AVG.

As ações da Vale (VALE3) caíram 1,18%. Petrobras (PETR3 e PETR4) fechou mista.

O principal índice da B3 caiu 0,04%, aos 118.349,60 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto perdeu 0,19%, aos 118.395 pontos. O giro financeiro foi de R$ 23,7 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam mistas.

Vicente Matheus Zuffo, fundador e CIO da Chess Capital, disse que o exterior interferiu no movimento do Ibovespa e incertezas dos riscos fiscais. “Nos EUA teve leilão do Tesouro americano e os títulos de longo prazo não tiveram muita demanda, as curvas mais longas tiveram repique no meio do dia e isso deu um mal-estar na bolsa lá; o Ibovespa vem de sete pregões em queda, apesar de leves, mas nos últimos dias está caindo a ficha do mercado de que a meta do novo arcabouço fiscal é difícil de ser cumprida e voltam os receios de trajetória fiscal ruim para o médio prazo, o fiscal tem pesado nos preços”.

Bruna Sene, analista de investimentos da Nova Futura Investimentos, disse que a Bolsa perdeu força seguindo as bolsas lá fora. “O mercado acompanha o exterior, com o CPI positivo aumentaram as apostas que o Fed pode parar de subir juros, mas por outro lado com a inflação estável reforça o temor de desaceleração da economia; os bancos estão melhorando e a queda de Vale interfere em um movimento de alta mais forte do Ibovespa; até o final do dia podemos ter melhora tanto aqui como lá fora. O mercado está à espera do IPCA amanhã, expectativa de (+0,05%)”.

Lucas Mastromonico, operador de renda variável da B.Side Investimentos, disse que após várias quedas, o Ibovespa sobe com o resultado positivos do CPI. ” Os dados da inflação nos Estados Unidos impulsionam o investidor a tomar mais risco porque é um passo para o Fed não aumentar os juros fortemente por lá; aqui tivemos alguns resultados no 2T23, o destaque fica para Banco do Brasil que veio com balanço robusto; o papel avança e os bancos estão subindo após quedas de ontem; Hapvida também sobe forte, não tem outro drive para impulsionar a Bolsa, petróleo cai um pouco, minério recuou e China travada, o que faz Vale ter queda, mas não está pesando tanto”.

Danilo Igliori economista-chefe da Nomad, disse que a inflação ao consumidor nos Estados Unidos em junho veio dentro do esperado e o núcleo desacelerou.

A estabilidade das medidas de inflação em julho certamente vai pesar no balanço de riscos para apoiar uma parada da subida de juros nos EUA em setembro, mas me parece que a dinâmica do mercado de trabalho precisará de um enfraquecimento mais nítido para dar a confiança necessária aos diretores do Fomc.

Ricardo Leite, head de renda variável da Diagrama Investimentos, disse que o CPI veio dentro do esperado e “os pedidos de seguro-desemprego semanal vieram mais altos-248 mil-, o que mostra que deu uma desacelerada [no mercado de trabalho]; o Ibovespa futuro chegou a desacelerar após o resultado da inflação, mas deve ter sido uma realização grande de alguma posição específica”.

Leite ressaltou que após esse dado de inflação, o Fed “não deve ajustar [ as taxas] na reunião de setembro e as leituras começam a ser ponderadas para a reunião de novembro; os dados corroboram para que possamos apostar numa manutenção da taxa pelo Fed”.

O dólar comercial fechou em queda de 0,46%, cotado a R$ 4,882 refletindo os dados mais positivos da inflação ao consumidor nos Estados Unidos (CPI, sigla em inglês) e a expectativa de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) poderia encerrar o ciclo de alta das taxas de juros.

Segundo o sócio da Pronto! Invest Vane Nagem, “a expectativa é que o Fed não mexa mais nos juros. Sem notícias, o dólar cai. Hoje e amanhã são dias de realização”.

Para o analista da Potenza Investimentos Bruno Komura, “no final, acho que foi uma notícia com viés positivo porque deve consolidar as expectativas de que o Fed terminou o ciclo de alta de juros”.

“O CPI veio levemente abaixo, e o seguro-desemprego também ajudou. Isso vai facilitar o trabalho do Fed e deve beneficiar especialmente câmbio e juros”, avaliou Komura.

O Indice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) de julho, nos Estados Unidos, que teve alta de 0,2% ante junho (em linha com as expectativas) e acumulou +3,2% no acumulado dos últimos 12 meses (projeções de +3,3%).

Outro dado que mostrou desaceleração do mercado de trabalho, foi o número de pedidos de auxílio-desemprego semanal, que somou 248 mil ante projeções de 230 mil.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham em queda, respondendo ao Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês), que mostrou dados que já eram esperados pelo mercado.

O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 12,430 % de 12,465% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 10,385% de 10,425%, o DI para janeiro de 2026 ia a 9,855%, de 9,865%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,010% de 10,00% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão desta quinta-feira em alta, após uma leitura do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) mais fria que o esperado.

A inflação norte-americana subiu 3,2% em julho em relação ao mesmo período de 2022 e 0,2% ante o mês anterior, informou o Departamento do Trabalho mais cedo. Os resultados vieram levemente abaixo das expectativas. Economistas consultados pela Dow Jones projetavam um crescimento mensal de 0,2% e de 3,3% na comparação ano a ano.

O núcleo do CPI, que exclui os preços voláteis de alimentos e energia, também subiu 0,2% na comparação mensal e teve alta de 4,7% na comparação anual, também ligeiramente abaixo do consenso. A leitura de hoje reforçou as apostas de uma pausa no aperto monetário do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) na reunião de setembro.

“No geral, isso se baseia nas expectativas do mercado em torno de um potencial pouso suave”, afirma Michelle Culver, estrategista de portfólio da Global X. “Esta foi uma impressão de inflação encorajadora para os mercados e as expectativas do Fed”, completa.

Enquanto isso, a Disney avançou quase 5%, marcando o melhor desempenho de hoje no Dow Jones, depois de anunciar um aumento nos preços para assinaturas Disney+ sem anúncios. Além disso, a gigante da mídia divulgou lucros que superaram as expectativas do mercado.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,15%, 35.176,15 pontos
Nasdaq 100: +0,12%, 13.738 pontos
S&P 500: +0,02%, 4.468,83 pontos

 

Paulo Holland, Camila Brunelli e Larissa Bernardes /Agência CMA