São Paulo – O Ibovespa voltou a acelerar ganhos no final do pregão e fechou em alta de 2,15%, aos 95.979,71 pontos, seguindo o movimento dos principais mercados acionários no exterior, que buscaram uma recuperação depois das fortes perdas da semana passada enquanto esperam pelo resultado das eleições presidenciais nos Estados Unidos. Apesar das incertezas sobre o desfecho do pleito hoje, muitos riscos já foram adiantados por investidores, que aproveitaram preços mais baratos de ativos hoje.
“A alta de hoje é muito mais uma recuperação, seguindo os dois dias de alta das Bolsas lá fora, do que uma melhora de fato, já que não há notícias novas. O mercado está mais ou menos dividido entre Trump e Biden, na verdade, seja um ou outro, espera é que possa sair um pacote de estímulos em breve”, disse o operador de renda variável da Commcor Corretora, Ari Santos.
O candidato democrata Joe Biden tem mostrado vantagem sobre o presidente Donald Trump nas pesquisas nacionais, o que fez o mercado começar a precificar sua possível sua vitória, mas ainda há dúvidas se ele conseguirá levar estados-chave como a Flórida, o que daria maior chances à Trump. Ainda há receios sobre pedidos de recontagem dos votos caso o resultado seja apertado.
A analista da Rico Investimentos, Betina Roxo, destaca os riscos de a eleição ser contestada, com decisões das cortes estaduais que podem levar a embates entre os partidos, além de possíveis atrasos nos votos por correio. “Portanto, pode ser que não tenhamos hoje mesmo o resultado das eleições, o que pode gerar bastante volatilidade aos mercados no curto prazo”, afirmou a analista, em relatório.
As eleições ainda se sobrepõe a acontecimentos da cena doméstica, como a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que mostrou maior preocupação com o cenário fiscal. No entanto, essa semana, investidores ainda ficarão atentos a possíveis votações no Senado, como a projeto sobre a autonomia do Banco Central (BC).
Entre as ações, as maiores altas do Ibovespa ficaram com as ações de siderúrgicas, caso da CSN (CSNA3 9,00%), da Gerdau (GGBR4 6,28%) e da Usiminas (USIM5 6,23%), que têm mostrado bom momento em meio à divulgação de balanços e aumentos de preços do aço.
Na contramão, as maiores quedas foram da da CVC (CVB3 -3,25%), da BRMalls (BRML3 -2,94%) e da SulAmerica (SULA11 -2,50%).
Amanhã, além de repercutir um possível resultado ou sinalização de quem será o vitorioso na corrida presidencial nos Estados Unidos, investidores devem ficar atentos a uma série de indicadores, como PMIs de serviços na China e na eurozona, além de dados de emprego no setor privado norte-americano.
O dólar comercial fechou em alta de 0,41% no mercado à vista, cotado a R$ 5,7630 para venda, próximo à máxima do dia, em sessão de forte amplitude e volatilidade da moeda com investidores na expectativa pelo resultado da eleição norte-americana, à espera de uma vitória do presidente Donald Trump – que tenta a reeleição, ou do candidato democrata, Joe Biden.
O gerente da mesa de câmbio da Correparti, Guilherme Esquelbek, destaca o movimento volátil da moeda, no qual operou nas mínimas de R$ 5,65 na primeira parte dos negócios, porém, inverteu sinal à tarde, descolando do cenário externo “Um movimento de recomposição de posições, depois da divisa ter ficado ‘barata'”, diz. O dólar chegou a cair mais de 1,5%.
O resultado da eleição norte-americana poderá sair na madrugada, mas a dúvida permanece em relação ao possível questionamento e judicialização do processo eleitoral, reforça o economista-chefe do banco digital Modalmais, Álvaro Bandeira. Ele acrescenta que Trump já acionou advogados para eventualmente questionar resultados em estados de diferença apertada.
Em relação à relação entre brasileiros e norte-americanos após a eleição, a equipe econômica da XP Investimentos destaca que o governo de Jair Bolsonaro tem um alinhamento ideológico e aproximação maior com Trump. Com isso, em uma possível reeleição do atual governo, a relação com o Brasil não deverá passar por grandes mudanças nos próximos anos.
“Os Democratas têm uma forte agenda de meio ambiente e energias renováveis. Apesar do Brasil ser um dos maiores produtores de energia de fontes renováveis no mundo [etanol e geração hidrelétrica], a visão do mundo em relação ao controle ambiental se deteriorou rapidamente, principalmente em relação às queimadas na Amazônia”, avaliam.
Amanhã, investidores seguirão na expectativa pelo resultado da eleição nos Estados Unidos, atentos à agenda de indicadores com dados dos índices dos gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) do setor de serviços da China, da zona do euro e dos Estados Unidos, no mês passado. Tem ainda os números da criação de empregos no setor privado norte-americano, com previsão de abertura de 600 mil vagas. O dado é uma prévia do relatório de empregos do país, o payroll.
Para o economista da Guide Investimentos, Alejandro Ortiz, independentemente de eleição norte-americana, o dólar deverá seguir pressionado no mercado doméstico, ao redor dos R$ 5,70, enquanto “não tiver notícias positivas” em relação ao cenário fiscal.
As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) encerraram em alta, influenciadas pelo dólar, que voltou à marca de R$ 5,75 depois de ter sido negociado abaixo de R$ 5,70 durante o pregão. O movimento relegou o apetite por risco nas bolsas, com os investidores reagindo à ata da reunião de outubro do Comitê de Política Monetária (Copom), que destacou a questão fiscal, enquanto aguardam os desdobramentos da eleição presidencial nos Estados Unidos.
Ao final da sessão regular, o DI para janeiro de 2022 ficou com taxa de 3,53%, de 3,46% no ajuste anterior, ao final da semana passada; o DI para janeiro de 2023 terminou projetando taxa de 5,19%, de 5,05% após o ajuste na última sexta-feira; o DI para janeiro de 2025 encerrou em 6,92%, de 6,78%; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 7,69%, de 7,57%, na mesma comparação.
Os principais índices do mercado de ações norte-americano fecharam a sessão em alta diante da percepção de que o vencedor das eleições presidenciais de hoje nos Estados Unidos será anunciado sem atrasos ou contestações.
Confira a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:
Dow Jones: +2,06%, 27.480,03 pontos
Nasdaq Composto: +1,85%, 11.160,57 pontos
S&P 500: +1,77%, 3.369,16 pontos