Bolsa reduz ganhos, mas fecha em alta de 1,00% com queda de juros; dólar recua

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São Paulo – A Bolsa chegou a subir mais de 1,50% no pregão desta quinta-feira, mas perto do fechamento reduziu os ganhos e encerrou os negócios em alta de 1,00%, acima dos 109 mil pontos, com a queda dos rendimentos dos títulos do tesouro norte-americano-1,816%- e curva de juros por aqui. 
Ao longo da sessão, o Ibovespa chegou a atingir a máxima no interdiário de 109.873,35, tentando buscar os 110 mil pontos favorecido pelo exterior com a China reduzindo a taxa de juros e as bolsas em Nova York em alta, mas o mercado acionário dos Estados Unidos reverteu o ganho e fechou em queda. 
O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto (RCN), disse na tarde de hoje em um evento promovido pelo banco Santander que a curva de juros apontou que o ciclo de aperto monetário está atingindo o fim. A inflação e os riscos fiscais ainda devem ser ficar no radar do mercado. 
O principal índice da B3 subiu 1,00%, aos 109.101,99 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em fevereiro avançou 0,78%, aos 109.650 pontos. O giro financeiro foi de R$ 32,4 bilhões. As bolsas em Nova York fecharam em queda. 
Everton Medeiros, especialista da Valor Investimentos, disse que a alta de hoje no Ibovespa se dá desde o início dos negócios e ganhou força com a valorização em Nova York. “O mercado repercute os dados semanais de auxílio desemprego nos Estados Unidos que apontaram o trabalho menos aquecido que o esperado, o que suaviza as expectativas de austeridade por parte do Fed. O alívio também se estende para os treasuries e impacta também a curva de juros do Brasil”. 
O especialista da Valor Investimentos completou que “o otimismo também se deve pela desvalorização do dólar”. Em relação à Vale (VALE3) pesa negativamente a notificação do governo de Minas e do Ministério Público do Estado exigindo medidas preventivas em 18 barragens, todas com nível de emergência já declarado. 
A B3 reportou mais um dia de forte fluxo estrangeiro. O saldo positivo foi de R$ 1,447 bilhão na terça-feira (18). 
Na sessão de hoje teve rotação de setores. Venda de materiais básicos e compra de varejistas, construção civil e imobiliárias. Os papéis de Magazine Luiza (MGLU3) aumentaram 5,38%, Via (VII3) e Americanas S.A (AMER3) avançavam respectivamente 5,25% e 2,95%. 
Rodrigo Franchini, sócio e responsável pela área de produtos da Monte Bravo, afirmou que o Ibovespa reflete as notícias vindas do exterior com um alívio nas bolsas em Nova York e o corte de juros na China para estimular a economia interna, esse cenário favorece os países exportadores como o Brasil. 
“Ontem tivemos um dia muito bom, mas temos de levar em conta que a Bolsa está muito barata. O viés commodity com o minério de ferro mais demandado com os incentivos chineses, nessa madrugada o país diminuiu a taxa de juros, beneficia os países exportadores como o Brasil, que também é grande parceiro comercial da China”. 
Franchini também comentou que os dados de seguro-desemprego nos Estados Unidos vieram acima das expectativas-286 mil solicitações na semana encerrada em 15 de janeiro, de 231 mil na semana anterior- sendo assim, se a economia se mostra muito pulsante, sai a pressão dos títulos do Tesouro norte-americano, mesmo que os juros subam fortemente, as empresas lucram mais e os olhos se voltam para a Bolsa”. 
O dólar comercial fechou em 5,4170, com queda de 0,89%. A moeda norte-americana foi impactada durante toda a sessão pelo corte dos juros na China, o que elevou os preços das commodities no mercado internacional e gerou um fluxo positivo na Ibovespa. 
Segundo o economista-chefe do Banco Alfa, Luis Otavio Leal, “desde ontem houve a descompressão na taxa de juros de 10 anos nos Estados Unidos, e o corte de juros na China, hoje, mostrou o comprometimento do governo chinês com o crescimento. Juntou a fome com a vontade de comer”. 
Leal acredita que a maré é favorável aos emergentes, mas que a reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), na próxima quarta, pode mudar o cenário: “Eles (o Fed) vão ter que se posicionar, e isso deve balizar o mercado nas próximas semanas”, projeta. 
De acordo com o economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira, “hoje é um dia muito favorável aos mercados emergentes, todos estão positivos”. O economista acredita que a tônica da sessão não deve ser alterada. 
“Quem tem viés exportador de commodities, como o Brasil, está com um bom desempenho, e isso se reflete na bolsa de valores”, opina Vieira. 
Para o economista-chefe da Sul América Investimentos, Newton Rosa, “a abertura deve dar sequência ao que foi observado ontem, com o real ganhando do dólar. O alívio dos Treasuries, nos Estados Unidos, com os juros perdendo força, ajudam o real”. 
Além do fluxo positivo na bolsa de valores, Rosa acredita que a alta no preço das commodities – com exceção do petróleo- é benéfica ao Brasil: “É a primeira vez que a China corta os juros em 21 meses, visando estimular o crescimento. Isso, consequentemente, valoriza as commodities e o real, já que somos um grande exportador delas”, avalia. 
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em queda nesta quinta-feira (20), com menos percepção de risco político e cenário externo positivo. O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 11,880% de 12,015% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 11,440%, de 11,630%, o DI para janeiro de 2025 ia a 11,060%, de 11,260% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,095% de 11,240%, na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar com vencimento para janeiro operava em queda, cotado a R$ 5,41 para venda. 
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo negativo, com perdas acima de 1%, após passarem o dia em alta e reverterem os ganhos a partir do final da tarde, puxados pelo pessimismo de Wall Street com o ambiente de alta de juros e a redução da perspectiva de crescimento.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices futuros de ações 
dos Estados Unidos após o fechamento: 
        Dow Jones: -0,89%, 34.715,39 pontos
        Nasdaq 100: -1,30%, 14.154,0 pontos
        S&P 500: -1,10%, 4.482,73 pontos