Por Danielle Fonseca e Flávya Pereira
São Paulo – O Ibovespa encerrou com alta de 1,11%, aos 112.199,74 pontos, voltando a renovar recordes intradiário e de fechamento, depois que agências de notícias internacionais afirmaram que China e Estados Unidos fecharam a primeira fase de um acordo comercial, que deve ser assinado pelo presidente norte-americano, Donald Trump, a qualquer momento.
Mais cedo, o índice já subia com declarações de Trump de que um acordo estava muito próximo. Além disso, já traziam maior otimismo a elevação da perspectiva de rating do Brasil pela agência de classificação de riscos S&P e a sinalização do Comitê de Política Monetária (Copom) de que pode continuar a cortar juros. A máxima do dia foi de 112.444,74 pontos e o volume negociado total foi de R$ 21,6 bilhões.
“As notícias mostram que os dois países chegaram a um acordo, que falta só ser ratificado. O que está sendo falado é melhor do que o acordo esboçado antes, incluindo a suspensão de tarifas, com a compra de produtos agrícolas em troca”, disse o economista da Guide Investimentos, Victor Beyruti.
Beyruti acredita que o acordo noticiado sendo assinado há espaço para o Ibovespa subir ainda mais, embora já esteja na sua máxima histórica. Na sua avaliação, a suspensão de tarifas e não apenas o seu adiamento, como vinha ocorrendo anteriormente, daria maior tranquilidade para os mercados.
Para o analista da SRM Asset, Vicente Matheus Zuffo, a S&P ter afirmado a nota de crédito do Brasil em ‘BB-‘, revisando a perspectiva do rating de estável para positiva, também é outro fator de alta e que pode para atrair investidores estrangeiros para a Bolsa, “o que está faltando para o Ibovespa dar mais uma pernada”, na sua avaliação.
Junta-se a isso, o fato de o Copom ter cortado a Selic mais uma vez ontem, para 4,50% ao ano, e não ter mostrado grande preocupação com a inflação, o que pode ser visto como espaço para mais cortes.
A queda da Selic também impulsionou as ações do setor de construção e varejo, caso das ações da MRV (MRVE3 6,16%), das Lojas Americanas (LAME4 6,03%) e da B2W (BTOW3 5,23%), que mostraram as maiores altas do Ibovespa. A MRV também informou que encerrou com sucesso a primeira oferta pública de cotas do Luggo Fundo de Investimento Imobiliário, com captação máxima de R$ 90 milhões.
Na contramão, as ações da Sabesp (SBSP3 -3,35%) mostraram as maiores perdas do índice apesar da aprovação do marco de saneamento na Câmara dos Deputados. O fato de o projeto aprovado ter sido o do governo e não o do senador Tasso Jereissati, que já vinha tramitando, pode trazer atrasos na aprovação. Ainda entre as maiores perdas ficaram as ações da Equatorial (EQTL3 -1,64%) e da Via Varejo (VVAR3 -3,10%).
Amanhã, além de continuar refletindo o acordo comercial, o índice pode refletir dados de vendas no varejo nos Estados Unidos e o Indice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) referente a outubro no Brasil. Para o analista da Guide, o índice pode vir acima do esperado e também impulsionar o Ibovespa.
Já o dólar comercial fechou em queda de 0,67% no mercado à vista, cotado a R$ 4,0940 para venda, abaixo do nível de R$ 4,10 pela primeira vez em seis semanas – desde 7 de novembro quando encerrou no mesmo valor. O otimismo do mercado veio com as notícias de que Estados Unidos e China fecharam um acordo comercial.
Na reta final dos negócios, a moeda renovou mínimas a R$ 4,0830 (-0,94%) após a notícia da agência “Bloomberg” de que a primeira fase do acordo entre norte-americanos e chineses foi alcançada. Segundo a agência de notícias, os conselheiros de comércio da Casa Branca estão reunidos com o presidente Donald Trump neste momento para discutir o acordo e um anúncio oficial pode ser feito ainda hoje.
Segundo a publicação, se a China não cumprir suas promessas como parte do acordo em potencial, as tarifas retornariam aos seus níveis originais, uma cláusula conhecida nas negociações comerciais como uma provisão de “snapback”, segundo as fontes da agência.
Mais cedo, após Trump escrever em seu perfil no Twitter que as negociações estavam avançando e que tanto os Estados Unidos quanto a China queriam acordo. A mensagem, publicada no fim da manhã, fez a moeda acelerar as perdas e ter queda firme ao longo da tarde. O diretor de uma corretora local afirma que a assinatura do acordo pode resultar em um “rali de fim de ano”, com o dólar em busca do nível de R$ 4,05.
Amanhã, em meio à agenda de indicadores mais esvaziada com destaque apenas para os dados sobre as vendas no varejo norte-americano em novembro, a expectativa do mercado é pelo acordo comercial entre Estados Unidos e China. “O mercado vai operar em cima disso, com foco no acordo”, comenta o economista da corretora Renascença, Daniel Queiroz.