Por Danielle Fonseca e Flávya Pereira
São Paulo – O vencimento de opções sobre o Ibovespa e as declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes. ajudaram o índice a encerrar em alta de 1,50%, aos 114.314,65 pontos, renovando a máxima histórica de fechamento pelo segundo pregão seguido. Mais cedo, o índice também renovou o seu recorde intradiário, ao atingir a máxima de 114.338,51 pontos. O volume total negociado hoje foi de R$ 79,5 bilhões, fortemente impulsionado pelo exercício de opções.
O gerente da mesa de operações da H.Commcor, Ari Santos, destacou a influencia do vencimento de opções sobre o índice no fim da tarde, quando acelerou fortemente os ganhos. “A média do vencimento de opções se dá nas últimas três horas de pregão e o movimento está indicando que as posições compradas vão ganhar e se sobrepor a exercícios anteriores, no qual as posições de vendidos eram maiores”, afirmou.
Além do exercício de opções, afirmações de Guedes ajudam a manter o tom mais otimista do mercado. O ministro sinalizou que entrou em um acordo para enviar a proposta do governo sobre a reforma tributária e defendeu uma alternativa à CPMF, que teria virado um “imposto maldito”. Guedes ainda afirmou que o Brasil atrairá uma onda de investimentos internos e internacionais de 2020, além de reiterar que quer acelerar as privatizações.
Para o economista da Guide Investimentos, Vitor Beyruti, as declarações soam positivamente em um contexto já favorável para o mercado de ações brasileiro, em meio a recomendações positivas e revisões de crescimento da economia. “Isso tudo contribui para uma perspectiva positiva para o ano que vem, está entrando no preço. O mercado conta com o andamento de outras reformas”, disse.
Entre as ações, as de bancos se destacaram hoje, como os papéis do Santander (SANB11 3,22%) e do Banco do Brasil (BBDC4 3,59%). Outros papéis de peso para o índice, os da Petrobras (PETR3 2,63%; PETR4 2,21%) também avançaram em meio a leve alta dos preços do petróleo. Já as maiores altas do índice ficaram com as ações da Engie Brasil (EGIE3 5,03%), da Qualicorp (QUAL3 4,48%) e do Pão de Açúcar (PCAR4 4,00%).
“Os bancos e a Petrobras estão indo bem hoje, esses papéis tinham ficado um pouco para trás e estão se recuperando. Os papéis de varejistas também estão bem. Não temos muitas notícias, mas segue a tendência de alta para a Bolsa”, disse o diretor de investimentos da SRM Asset, Vicente Matheus Zuffo.
Na contramão, as maiores quedas foram da Cogna (COGN3 -3,00%), da Marfrig (MRFG3 -4,21%), que faz hoje uma oferta subsequente de ações, e da Eletrobras (ELET3 -1,50%; ELET6 -2,95%), depois que o texto de privatização da companhia tem encontrado resistência na Câmara dos Deputados.
Amanhã, investidores devem ficar atentos a decisões de política monetária que serão divulgadas, como a do Japão, e indicadores norte-americanos, como os pedidos de seguro-desemprego. Já na cena local, será divulgado o Relatório Trimestral de Inflação (RTI), que pode dar mais pistas sobre o futuro da Selic. Para analistas, o índice pode continuar renovando máximas na ausência de notícias negativas.
Já o dólar comercial fechou com leve queda de 0,04% no mercado à vista, cotado a R$ 4,0630 para venda, em sessão marcada por forte volatilidade em meio à falta de notícias e de indicadores, além do baixo volume de negócios na reta final do ano. O movimento técnico prevaleceu nos negócios locais.
“Com liquidez muito baixa, o dólar operou volátil, exibindo alta na abertura acompanhando o exterior em meio à sinais de saída de capitais do País, como é de costume nessa época do ano”, comenta o gerente de câmbio da Correparti, Guilherme Esquelbek.
Ele acrescenta que, na segunda parte dos negócios, a moeda passou a cair, renovando mínimas abaixo de R$ 4,05 (R$ 4,0480, -0,42%), com o enfraquecimento da moeda no exterior e com o “interesse dos investidores” em uma taxa Ptax – média das cotações apuradas pelo Banco Central (BC) – mais fraca. “Além de algumas desmontagens adicionais de posições compradas no mercado futuro”, destaca.
Depois de romper o patamar de R$ 4,05 no movimento intraday, analistas reforçam que a moeda pode buscar o nível abaixo de R$ 4,00 até o fim do ano, a depender das notícias. Para o economista e CEO da Veedha Investimentos, Rodrigo Tonin, o processo de pedido de impeachment do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, segue no radar dos investidores, mesmo que isso “não tire” o presidente do cargo.
“Resulta em um tom de aversão ao risco para o mercado em geral. Se ele sofre essa derrota, ele não deixa o cargo, mas começa um processo e deixa um pouco de tensão nos mercados”, comenta. A Câmara dos Deputados dos Estados Unidos votará ainda hoje o impeachment de Trump sob a acusação de abuso de poder e obstrução de justiça.
Tonin e o diretor de uma corretora local apostam que a moeda deverá “buscar os R$ 4,00”, mas com muita volatilidade, se o cenário ausente de notícias negativas no mercado local e no exterior tiver continuidade, motivado, principalmente, pelo anúncio de acordo comercial preliminar entre Estados Unidos e China.
Amanhã, na agenda de indicadores, o destaque fica para as decisões de política monetária do Banco do Japão (BoJ) e do Banco da Inglaterra (BoE). “A decisão na Inglaterra ficará no radar porque deve vir considerações importantes a respeito do Brexit [acordo de saída do Reino Unido da União Europeia]”, comenta o economista da Toro Investimentos, Rafael Winalda.