Bolsa reverte perdas e fecha em alta puxada por avanço de Vale, dólar encerra a R$ 5,51

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Foto de Lorenzo / Pexels

São Paulo -A Bolsa conseguiu encerrar o pregão desta quarta-feira em alta, revertendo as perdas observadas ao longo da sessão, puxada pelas ações da Vale (VALE3), a volta do capital externo em quatro pregões seguidos e a prévia da inflação de junho abaixo do esperado. A Petrobras (PETR3 e PETR4) virou para o positivo no final dos negócios.

Mais cedo saiu o Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que subiu 0,39% em junho, desacelerou frente maio (+0,44%) e ficou abaixo das expectativas dos analistas +0,42%. Em 12 meses, o índice acumula alta de 4,06% e a projeção era +4,10%.

A Vale (VALE3) subiu 1,23%; Petrobras (PETR3 e PETR4) registrou alta de 0,51% e 0,16%. Itaú (ITUB4) caiu 0,18%, Banco do Brasil (BBAS3) recuou 0,66% e Bradesco (BBDC4) avançou 0,24%. As empresas de consumo sofreram na sessão de hoje com a abertura dos DIs.

O principal índice da B3 subiu 0,25%%, aos 122.641,30 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em junho avançou 0,14%, aos 124.175 pontos. O giro financeiro foi de R$ 19,2 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em alta.

Alan Martins, analista da Nova Futura Investimentos, disse que a entrada de estrangeiros na Bolsa em quatro sessões seguidas chama a atenção, depois de várias saídas de recursos.

A sangria de saída de estrangeiros da Bolsa estancou por momento, o que é positivo e a alta da Vale (VALE3) reflete a valorização do minério de ferro e a entrada de capital externo [por ser uma ação relevante no Ibovespa], os bancos sofrem com as falas de Lula sobre a sucessão do BC. Mas vejo que a Bolsa está resiliente às notícias políticas”.

Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital.

“O Ibovespa tem um fluxo comprador positivo, com o estrangeiro voltando a injetar recursos na nossa bolsa desde a semana passada, e assim opera perto da estabilidade, refletindo também um IPCA-15 melhor que o esperado”.

Felipe Moura, analista da Finacap, disse que a queda da Bolsa cai por questões internas e descola do exterior.

“A perspectiva de dados bons [da economia, como o IPCA-15 abaixo do esperado] acabam não fazendo preço por conta das falas do presidente Lula polêmicas voltas para a falta de compromisso fiscal. Enquanto o governo não der um aceno sobre o ajuste fiscal, vamos ficar nessa toada. O Haddad corre para fazer o ajuste, mas acaba sendo sabotado pelo PT. As ações de Materiais Básicos, como Vale e Suzano, sobem com o dólar e de consumo caem”.

Ubirajara Silva, gestor de renda variável independente, disse que o dia prometia ser positivo com o IPCA-15 abaixo do esperado, commodities em alta, “mas o Brasil está sofrendo na abertura por conta de entrevista ao UOL. A participação do Galípolo ontem em reunião no Planalto deve ter sido mal-vista pelo mercado porque não constava na agenda dele. Há duas sinalizações, uma que ele pode ser sucessor de Campos Neto e outra uma possível interferência do governo no BC na próxima gestão”.

Mais cedo, Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, disse que a prévia da inflação veio bem aquém das expectativas do mercado e da corretora [+0,51%].

“Nosso principal desvio foi no subitem passagem aérea, -10bps, no qual projetávamos alta de +5,60% e o observado foi de -9,87%. Devido à volatilidade de passagem aérea, apostamos que a surpresa baixista do item deverá ser revertida em breve, o que nos fez manter a perspectiva para o IPCA do ano, relegando os ajustes apenas às projeções de curtíssimo prazo”.

O dólar comercial fechou em alta de 1,16%, cotado a R$ 5,5183. A moeda refletiu, ao longo da sessão, o clima de aversão global ao risco.

Segundo o sócio da Pronto! Invest Vanei Nagem, existe uma fuga dos investidores para o dólar, “com a parte fiscal atrapalhada e o governo não querendo cortar gastos, pegando uma onda de pessimismo”.

De acordo com o economista-chefe do Banco Bmg, Flávio Serrano, o risk-off global está inflando as taxas de juros e câmbio, com o dólar ganhando tanto das moedas emergentes quanto dos seus pares.

Sem um driver específico, Serrano acredita que fatores o índice de preços para os gastos pessoais (PCE), que será divulgado nesta semana, e o início do processo eleitoral nos Estados Unidos podem ser fatores que reforçam a cautela do investidor.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecham em alta, refletindo IPCA-15 abaixo do esperado – +0,39 frente a +0,42% de estimativa – e em meio a falas do presidente Lula, que diz que vai avaliar os gatos, mas “sem levar em conta o nervosismo do mercado”.

Por volta das 16h30 (horário de Brasília), o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 10,610%, de 10,555% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2026 projetava taxa de 11,250% de 11,105%, o DI para janeiro de 2027 ia a 11,630%, de 11,475%, e o DI para janeiro de 2028 com taxa de 11,900 % de 11,750 na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar comercial operava em alta, cotado a R$ 5,5159 para a venda.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo positivo, enquanto os investidores avaliavam suas participações após um primeiro semestre de alta impulsionado por ações de inteligência artificial.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,04%, 39.127,80 pontos
Nasdaq 100: +0,49%, 17.805,16 pontos
S&P 500: +0,16%, 5.477,90 pontos

 

Com Paulo Holland, e Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência Safras News