Bolsa se recupera e sobe mais de 2% com Petrobras; dólar cai

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São Paulo- A Bolsa fechou em alta de 2,27%, aos 108.714,55 pontos, e chegou a tocar nos 109 mil pontos em um dia de recuperação após fortes perdas devido à ligeira melhora do cenário interno e impulsionada pelas ações da Petrobras-favorecida pela alta do petróleo e a possível venda de seus papéis por parte do governo.
Os investidores mantiveram as atenções voltadas ao o risco fiscal e no aguardo da votação prevista para amanhã da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos precatórios, no plenário da Câmara.
As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4), com peso no índice, subiram 6,12% e 6,84%, respectivamente. Uma fonte que não quis identificar afirmou que o governo federal está estudando a possibilidade de tornar exequível um projeto de lei em que autoriza a União vender ações ordinárias e preferencias da empresa petrolífera, deixando de ser acionista. “O mercado especula que seja o mesmo modelo da Eletrobras, mas o governo não abre mão de indicar o presidente”.
Davi Lelis, sócio e especialista da Valor Investimentos afirmou que vários fatores contribuem para a sessão de hoje mais positiva como o movimento técnico em que “o mercado entra em um evalution mais interessante e os investidores passam a comprar, soma-se a isso às expectativas positivas de balanços de empresas e as ações da Petrobras, Metalúrgica Gerdau SA e Cosan que impulsionam o Ibovespa”. Entre os papéis de empresas de menor porte-as small caps- o destaque fica para a Ecorodovias que sobem mais de 6% por conta do resultado a ser divulgado após o fechamento.
Davi também comentou que o cenário internacional “favorece o movimento mais positivo por aqui”. Esta semana vai ser muito marcado pelo desdobramento do fiscal “tanto a PEC dos precatórios como o teto de gastos vai dar o tom do fechamento da semana como positivo ou negativo”. O fato do ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmar que permanece no cargo “arrefeceu um pouco dos ânimos, mas não resolveu o problema”.
Alejandro Ortiz, analista da Guide Investimentos, afirmou que a Bolsa foi muito “achatada” ao longo das últimas semanas e, no pregão de hoje, passa por “um movimento puramente técnico porque não teve nenhum desenvolvimento positivo nos riscos do cenário interno e existe uma expectativa forte em relação aos balanços corporativos”.
Ortiz comentou que o risco fiscal “já foi materializado e não é à toa que a curva de juros não cede”, mas agora é necessário “monitorar se o rompimento do teto será de R$ 30 bilhões para custear o Auxílio Brasil ou mais, porque não será menos que esse valor”, enfatizou.
Em relação ao Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), que define a taxa básica de juros do País (Selic), na quarta-feira, o analista da Guide Investimentos disse que acredita em uma elevação da Selic em 1,25 ponto porcentual (pp) porque houve “uma mudança abrupta no regime fiscal e isso tende a pressionar a taxa de juros neutra, tornando o balanço de risco do BC [Banco Central] ainda mais assimétrico que acaba exigindo uma resposta mais dura tanto em relação à Selic como ao próprio discurso”, concluiu.
O dólar comercial fechou o dia em R$ 5,5540, com queda de 1,26%. A moeda norte-americana foi fortemente impactada pelo cenário doméstico, com o mercado animado com as projeções de alta na Selic (taxa básica de juros) que variam entre 1,5 e 2,0 pontos percentuais.
Para o head de análise macroeconômica da GreenBay Investimentos, Flávio Serrano, “o principal motivo (da alta do dólar) é a precificação do mercado com a política monetária. A média das projeções para a Selic está em 1,5 pontos percentuais, mas muitos analistas já consideram 2 pp”.
Serrano também enfatiza que o mercado espera que, ao final deste ciclo de aumento na Selic que se encerra em fevereiro, o valor atingirá 11,5%: “Agora o desafio é não comprometer os anos de 2023 e 2024”, prevê.
Segundo o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, “o mercado está aliviado que o Paulo Guedes tenha permanecido no governo. Embora ele tenha cedido às pressões, ele ainda é visto como uma âncora para as coisas não saírem do controle”.
As projeções para a Selic, consequentemente, também mudaram: “A perspectiva, que era de 1 ponto percentual, agora são de 1,5, até mesmo de 2 pontos, com o Banco Central (BC) dando um choque no mercado. Isso também contribui para o real mais valorizado”, pontua Rostagno.
Além disso, o ambiente externo nesta segunda é propício: “É um cenário positivo para emergentes, o que ajuda o real se valorizar”, analisa Rostagno. “O que não significa uma recuperação, já que houve uma mudança na percepção de risco da moeda”, pondera.
Ao contrário do câmbio e do Ibovespa, que se recuperam da semana anterior, as taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam com viés positivo após revisão do Produtor Interno Bruto (PIB) e alta dos combustíveis. Nesta manhã, o boletim Focus trouxe uma piora geral nas previsões para a economia, com PIB de 2021 abaixo de 5% pela primeira vez .
Ao final da sessão regular, o DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 8,308% de 8,148% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 11,130%, de 10,850%; o DI para janeiro de 2025 ia a 11,640%, de 11,500% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,810% de 11,810%, na mesma comparação.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos terminaram a primeira sessão da semana em alta, com o Dow Jones e o S&P 500 renovando máximas, embalados pela expectativa de uma semana positiva para as empresas, que devem anunciar uma série de resultados referentes ao terceiro trimestre nesta semana.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos principais índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:
Dow Jones: +0,18%, 35.741,15 pontos
Nasdaq Composto: +0,90%, 15.226,70 pontos
S&P 500: +0,47%, 4.566,48 pontos