Por Danielle Fonseca e Flávya Pereira
São Paulo, 17 de janeiro de 2020 – O Ibovespa subiu pelo segundo dia seguido, ao encerrar com ganhos de 1,52%, aos 118.478,30 pontos, sustentado pela forte alta das ações da Vale, depois que dados da China vieram mais fortes do que o esperado pelo mercado. Os papéis de bancos também mostraram uma recuperação e ajudaram o índice a encerrar acima dos 118 mil pontos, o que não ocorria desde o dia 2 de janeiro (118.573,10 pontos), quando foi batido o recorde histórico de fechamento.
O volume total negociado foi de R$ 20,6 bilhões. Na semana, o índice acumulou ganhos de 2,58%.
“Os dados macro da China vieram acima do esperado, especialmente produção industrial e vendas no varejo. Com o noticiário interno enfraquecido, acreditamos que o exterior está dando o tom neste pregão”, disse o analista da Ativa Investimentos, llan Arbetman.
Os números melhores vindos da China impulsionam preços de commodities, já que o país é o maior importador de commodities do Brasil, o que reflete nas ações da Vale (VALE3 3,31%), que estão entre as maiores altas do índice. Hoje, a Polícia Federal (PF) também disse que novos indiciamentos relativos aorompimento da barragem de Brumadinho não devem ocorrer antes de junho.
Ainda entre as maiores altas do Ibovespa ficaram as ações da Bradespar (BRAP4 4,30%), que é acionista da Vale, e da Totvs (TOTS3 3,62%). O dia ainda foi positivo para ações do setor bancário, com destaque para o Bradesco (BBDC4 2,33%). Para um operador de renda variável, alguns investidores podem estar aproveitando para comprar papéis mais baratos no setor depois de uma sequência de quedas.
Na contramão, as maiores baixas foram da Cogna (COGN3 -2,66%), da Hering (HGTX3 -1,55%) e da Suzano (SUZB3 -1,17%).
Na segunda-feira que vem, as bolsas norte-americanas ficam fechadas devido ao feriado do Dia de Martin Luther King, o que deve reduzir o volume negociado na Bolsa brasileira. A segunda-feira, porém, também é dia de vencimento de opções sobre ações, o que pode trazer alguma volatilidade.
Já o dólar comercial fechou em queda de 0,62% no mercado à vista, cotado a R$ 4,1640 para venda, em sessão de forte oscilação, mas com viés de queda. Na reta final dos negócios, a moeda acelerou as perdas renovando mínimas sucessivas acompanhando o movimento da moeda no exterior no qual perdeu valor para moedas de países emergentes.
“O dólar voltou a perder valor, acompanhando o movimento externo da moeda que operou no modo perdedor, principalmente frente a maioria das divisas ligadas às commodities”, comenta o diretor superintendente de câmbio da Correparti, Jefferson Rugik.
Na semana, a moeda norte-americana fechou em alta de 1,63%, mesmo com a assinatura da “fase 1” do acordo comercial entre Estados Unidos e China.
Ele destaca que, na primeira parte dos negócios, a moeda reagiu aos indicadores da China, como o Produto Interno Bruto (PIB) que registrou alta de 6,1% em 2019. Os dados foram vistos pelos investidores como favoráveis. “Mas não deixou de exibir forte volatilidade ao longo de todo o pregão reagindo à continuidade de zeragem de posições vendidas por investidores e fundos estrangeiros.”, diz Rugik.
Na segunda-feira, com o feriado nos Estados Unidos, analistas esperam um dia “mais morno”, com menos liquidez, ressalta o analista da Quantitas, Matheus Gallina. “O dia terá uma agenda mais esvaziada. A não ser que tenha outro evento que compense os mercados fechados nos Estados unidos. Com isso, tende a ser uma sessão mais morna”, comenta.
Ainda na agenda, tem a decisão de política monetária da China que pode refletir na abertura dos negócios das moedas emergentes. “Se houver redução da taxa de juros, isso traz a ideia de estímulo para a economia chinesa, o que é positivo. Os dados de hoje vieram bons e reduziram as apostas de desaceleração da economia do país asiático”, acrescenta a economista para a América Latina da Coface, Patrícia Krause.