Bolsa sobe acompanhando a recuperação das bolsas de NY; dólar cai mais de 1%

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São Paulo – A Bolsa fechou em alta acompanhando a recuperação das bolsas de Nova York, que também fecharam em alta em recuperação após sete semanas de quedas, com os investidores buscando ofertas e após a divulgação da ata do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) ontem, que indicou ajustes menos agressivos e do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos.

O principal índice da B3 encerrou a sessão em alta de 1,18%, aos 111.889,88 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em junho teve ganho de 1,49%, aos 112.610 pontos. O giro financeiro do mercado foi de aproximadamente R$ 22,2 bilhões. Em Nova York, os futuros fecharam em alta.

Rodrigo Crespi, analista da Guide Investimentos, disse que o saldo positivo foi devido aos dados do PIB dos EUA e à aprovação do projeto que limita o ICMS em 7% em combustíveis, energia elétrica, telecomunicações, entre outros. “Isso fez com que os vértices da curva de índices futuros recuassem. Com isso, consumo, bancos tiveram uma performance bastante positiva. O setor de saúde também, beneficiado pela notícia de reajuste substancial [anunciado pela ANS].”

O cenário local positivo também influenciou as commodities, com impulso em quase todos os papéis de petróleo, frigoríficos, mineração e siderurgia. “O anúncio de novos preços pela Suzano também impulsionou a ação da companhia de papel e celulose”, acrescentou.

De acordo com o analista de renda variável Pedro Galdi, da Mirae Asset, o mercado acionário global iniciou os negócios nesta manhã de quinta-feira em compasso de espera para o anúncio do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA. “Sem grandes surpresas, as bolsas de valores no exterior sustentaram o viés de alta observado na abertura e até ampliaram os ganhos. Tal fato acabou ajudando o Ibovespa a fechar com alta, praticamente voltando a rondar a casa de 112 mil pontos.”

O Produto Interno Bruto norte-americano, tinha previsão de queda de 1,3% mas recuou 1,5% no primeiro trimestre deste ano em relação ao trimestre anterior, em base anualizada. A primeira leitura havia mostrado queda de 1,4%.

Segundo o especialista, a alta do Ibovespa teve como principais vetores as ações do setor de saúde, incorporadoras, varejo, indústria e ajuda da Petrobras e Itaú. “Do lado inverso ocorreu um desempenho fraco das ações do setor elétrico e da Vale, que fechou no campo negativo. O pregão do dia trouxe novamente um movimento de caça as pechinchas, ou aquelas ações que ficaram fora das altas recentes”, acrescentou.

As ações da Eletrobras fecharam entre as maiores quedas em meio à notícia de que a companhia irá lançar sua oferta de ações nesta quinta-feira na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e na SEC (a CVM dos EUA) ao final do pregão. Os papéis ELET3 e ELET6 fecharam com perdas de 3% e 2,29%.

Mais cedo, o analista Vicente Matheus Zuffo, fundador e CIO da Chess Capital, disse que o movimento de alta na manhã desta quinta-feira refletia o “respiro” das bolsas em Nova York, após sete semanas seguidas de queda. “Não se via sete semanas de quedas desde a crise financeira de 2008, então, acredito que é uma correção e não mudança de tendência. O número do PIB norte-americano veio um puco abaixo, o dado de imóveis também mostrou queda, o que mostra que a economia continua desacelerando, há quem fale em recessão. E o respiro das bolsas americanas se reflete no mundo todo.”

Na visão do analista, a bolsa brasileira performa melhor, com dados sendo revisando para cima. “Hoje tivemos a divulgação da arrecadação da receita federal veio boa, acima do esperado, então é natural que a bolsa aqui também suba”, concluiu.

A arrecadação total das Receitas Federais atingiu, em abril de 2022, o valor de R$ 195.085 milhões, registrando acréscimo real (IPCA) de 10,94% em relação a abril de 2021. O número superou a expectativa de R$ 191,1 bilhões, divulgada pelos economistas do Bradesco em relatório.

O dólar comercial fechou a R$ 4,761 para venda, com desvalorização de 1,24%. Em dia de menor aversão ao risco no mercado financeiro global, a moeda americana foi pressionada pelos fracos números do PIB dos Estados Unidos. O dia foi também de absorção da ata da mais recente da reunião do Federal Reserve (Fed), o banco central americano, divulgada ontem, e que veio ao encontro das expectativas dos investidores.

O diretor de alocação e distribuição da InvestSmart XP, André Meirelles, indicou PIB e ata como os principais drivers do câmbio nesta quinta. “A ata contribuiu para o alívio do dólar em relação ao real, visto que o comunicado foi em linha com o esperado pelo mercado, apesar de intensificar a preocupação com a inflação e a possibilidade de elevar os juros acima do patamar neutro”.

Segundo ele, a ata sem grandes surpresas, somada a perspectiva de que o PIB abaixo do esperado influencie a decisão do Fed de manter os juros em um patamar próximo ao neutro, ajudaram a reduzir a aversão ao risco, o que contribui perda de força do dólar frente as outras moedas. “Aqui no Brasil, a entrada de divisas também é beneficiada pelo aumento no preço das commodities”, completou Meirelles.

Conforme o sócio da Levante Investimentos, Enrico Cozzolino, o dia foi de respiro do real, com as commodities impulsionando o fluxo estrangeiro, além dos juros elevados praticados no Brasil. Cozzolino alertou, no entanto, para os riscos político e fiscal, mas que não impactaram na sessão de hoje.

De acordo com o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, há “um ponto de indefinição quanto aos rumos do mercado”. Borsoi vê um cabo de guerra entre duas forças distintas: “Existe a perspectiva de enfraquecimento do dólar, com os dados vindo abaixo do esperado. E isso tende a beneficiar o real. O crescimento da China, porém, é preocupante, e isso pesa sobre a nossa moeda”, contextualiza.

Além disso, Borsoi mostrou preocupação com a discussão sobre o teto do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e uma eventual troca no conselho da Petrobras, situações que poderiam gerar uma percepção no quadro fiscal.

Para o analista da Ouro Preto Investimentos, Bruno Komura, “a ata do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) parece atrasada. Os riscos de recessão nos Estados Unidos são cada vez maiores, o mercado mudou muito nas últimas semanas e isso tem gerado volatilidade no câmbio.Existem incertezas de como ele (o Fed) irá lidar com a inflação, muita gente acha que o Fed está atrás da curva”.

Komura, por outro lado, entende que a China também não inspira otimismo. “Eles têm anunciado vários estímulos, mas o mercado está revendo o crescimento para baixo. Ainda assim a China tem ajudado a nossa balança comercial”, analisa.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em forte queda nesta quinta-feira (26) após aprovação de um projeto que limita a alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS, um tributo estadual) sobre combustíveis, energia, gás natural, comunicações e transportes coletivos.

O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 13,345% de 13,415% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 12,800%, de 12,965%, o DI para janeiro de 2025 ia a 12,080%, de 12,280% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,905%
de 12,090%, na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar operava em queda, cotado a R$ 4,7610 para venda.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em campo positivo, com a Nasdaq subindo 2,68% à medida que os investidores tentaram se recuperar das últimas semanas de baixa se ancorando num forte conjunto de balanços
trimestrais do setor varejista.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices futuros de ações dos Estados Unidos
após o fechamento:

Dow Jones: +1,61%, 32.637,19 pontos
Nasdaq 100: +2,68%, 11.740,6 pontos
S&P 500: +1,98%, 4.057,84 pontos