Bolsa sobe com inflação nos EUA, mas perde fôlego por peso de Petrobras; dólar cai

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São Paulo -A Bolsa fechou em alta, no patamar dos 118 mil pontos, chegou a passar dos 119 mil pontos, mas perdeu força com o peso de Petrobras (PETR3 e PETR4). Os dados mistos da inflação ao consumidor nos Estados Unidos (CPI, sigla em inglês) em agosto–acelerou para 0,6% ante julho, dentro do esperado pelo mercado, mas o núcleo do índice de preços ao consumidor, em base mensal subiu 0,3% -impulsionaram o Ibovespa na maior parte do dia com a percepção de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) não vai mudar o plano de voo e a taxa será mantida na reunião da semana que vem (19 e 20). Mas no encontro de novembro ainda está em aberto.

Os papéis da economia doméstica se beneficiaram com a queda na curva de juros, como Carrefour (CRB3) -subiu 3,96%.

As ações dos bancos também reduziram a alta, mas Itaú (ITUB4),. Bradesco (BBDC3 e BBDC4) e BTG Pactual (BPAC11) fecharam no positivo.

A Petrobras (PETR3 PETR4) acentuou a queda e fechou com baixa de 1,30% e 1,49% em meio à coletiva do presidente da estatal, Jean Paul Prates, para divulgar os projetos e investimentos da empresa sobre energia eólica. Já os papéis da Weg (WEGE3) se destacaram e subiram 3,59%, após a parceria com a Petrobras para desenvolver aerogerador onshore de 7 megawatts (MW).

A 3R Petroleum (RRRP3) ficou entre as maiores quedas do índice de 2,15% após o anúncio de que a produção caiu 8% em agosto ante com julho. Inclusive, só a produção da Papa Terra teve redução de 38,5%. Os papéis da Ultrapar (UGPA3) registraram perda de 4,08% impactadas pelo rebaixamento do papel de compra para neutra pelo Goldman Sachs.

Os papéis da Via (VIIA3) caíram mais de 5% em meio ao aumento de capital e especulação no mercado de que o preço da subscrição será em torno de R$ 1.

O principal índice da B3 subiu 0,17%, aos 118.175,97 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em outubro avançou 0,34%, aos 119.455 pontos. A máxima do interdiário foi de 119. 317,66 pontos. O giro financeiro foi de R$ 35,4 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam mistas.

Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, disse que a Bolsa operou em torno da inflação nos Estados Unidos, apesar do núcleo ter vindo um pouco acima “não deixou os investidores tão preocupados com a reunião da semana que vem, que parece estar precificada para uma manutenção dos juros pelo Fed; a queda na curva dos juros futuros aqui beneficiou o BTG, Carrefour com alta interessante que se beneficiaria com taxa de juros menor e Magazine Luiza também”.

Fabio Louzada, analista CNPI e fundador da Eu me banco, disse que a Bolsa sobe em dia de dados de inflação nos EUA. “O índice veio em linha com o esperado, mas o núcleo levemente maior. Com isso, não há surpresas e devemos esperar que o Fed mantenha o posicionamento de subir os juros na próxima reunião”.

Lucas Mastromonico, operador de renda variável da B.Side Investimentos, disse que a Bolsa sobe na esteira do índice de preços ao consumidor nos EUA e com a ajuda do setor bancário e ações ligadas ao ciclo doméstico.

“Os dados foram mistos, com o núcleo acima do esperado e o índice cheio acelerou, mas veio dentro da expectativa puxado por combustíveis com a alta petróleo, passagens áreas por conta do período de férias e carros usados. O CPI não muda o plano de voo do Fed, a possibilidade de manutenção na taxa de juros para a reunião da semana que vem [19 e 20] aumentou [na Bolsa de Chicago], mas para o encontro de novembro ainda fica em aberto, vai depender do petróleo; aqui os bancos fazem preço e as ações de consumo avançam acompanhando a queda na curva de juros”.

Ubirajara Silva gestor de renda variável, disse que o índice de preços ao consumidor dos Estados Unidos tão esperado pelo mercado não trouxe grandes novidades para o movimento do Fed na próxima reunião, mas o núcleo do CPI veio acima das expectativas do mercado. “Foi a primeira aceleração do núcleo em seis meses, ele vinha em 0,2% e em agosto veio 0,3%, o destaque ficou para os combustíveis porque o petróleo subiu mais de 25% desde o último CPI. O índice de agosto veio em linha [alta de 0,6%], o que aumenta a expectativa do mercado de manutenção [dos juros], as chances subiram para 95%. Os títulos norte-americanos de 10 anos voltaram ao patamar de 4,30%”.

Silva chamou atenção pelo volume baixo da Bolsa recentemente, em torno de R$ 17 bilhões com a falta de apetite dos investidores.

Rafael Perez, economista da Suno Research, disse que o índice de preços ao consumidor dos EUA que apesar de acelerar em agosto na comparação com o mês anterior veio em linha com as expectativas do mercado.

“O principal destaque foi a forte alta nos preços da gasolina de 10,6%, resultado da cotação do preço do barril de petróleo que aumentou quase 5% em agosto, chegando próximo a US$ 90. Isso também acabou afetando toda a cadeia ligada a transportes. Contudo, já é possível notar uma desaceleração relevante nos preços de serviços, moradia e alimentos quando olhamos para o acumulado de 12 meses. Além da trajetória da inflação, alguns pontos importantes estão sendo monitorados pela autoridade monetária, como o nível da atividade econômica e o mercado de trabalho. Esperamos o fim do ciclo de alta dos juros, mas que deverá permanecer no pico por um bom tempo até que a inflação dê sinais de convergência para a meta de longo prazo de 2% aa.

O dólar comercial fechou em queda de 0,75%, cotado a R$ 4,9167. A moeda refletiu, ao longo da sessão, os resultados da inflação nos Estados Unidos, que reforçaram as esperanças de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) tenha terminado o ciclo contracionista.

O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês), nos Estados Unidos, subiu 0,6% em agosto ante julho, dentro das projeções.

De acordo com o analista da Potenza Investimentos Bruno Komura, o mercado vê grandes chances do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) não implementar novos aumentos dos juros, e já comece a precificar o início no corte dos juros para algum momento do próximo semestre: “É um alívio e tira a tensão para as próximas semanas”, avalia.

“Estamos vendo o dólar se desvalorizar contra o real, diferente do que está acontecendo com o DXY (cesta de moedas desenvolvidas). A inflação divulgada hoje, ajuda a acalmar os mercados e a queda do petróleo ajuda reduzir a pressão inflacionário. Todo esses fatores estão contribuindo para um bom dia para ativos emergentes. Acreditamos que este movimento deve continuar mesmo com um discurso duro do Fed na semana que vem”, contextualiza Komura.

Para a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, os resultado sugerem que o Fed mantenha as taxas de juros no patamar atual, sem altas adicionais.

Abdelmalack chama a atenção para a inflação de Serviços que passou de 6,1% em julho para 5,9%, no acumulado de 12 meses até agosto, seguindo em patamar elevado, e que o mercado vai seguir de olho nos dados do mercado de trabalho estadunidenses.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham em queda com dados positivos da inflação nos Estados Unidos, que vieram em linha com o esperado. As taxas daqui seguem o exterior refletindo que já era estimado pelos especialistas na próxima reunião do FED.

O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 12,290% de 12,370 % no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 10,370% de 10,375%, o DI para janeiro de 2026 ia a 10,000%, de 10,060%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,240 % de 10,300% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo misto, à medida que os investidores absorveram a leitura mais recente da inflação norte-americana.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,20%, 34.575,53 pontos
Nasdaq 100: +0,29%, 13.813,6 pontos
S&P 500: +0,12%, 4.467,44 pontos

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA