Bolsa sobe com otimismo externo; dólar avança em dia de correção

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Por Danielle Fonseca e Flavya Pereira 

São Paulo – O Ibovespa encerrou em alta pelo segundo pregão seguido, com valorização de 0,80%, aos 115.556,71 pontos, acompanhando o movimento de recuperação de Bolsas no exterior em meio a um arrefecimento da preocupação com o coronavírus, medidas tomadas pelo governo chinês para apoiar a economia e balanços corporativos positivos.

“Os índices chineses fecharam em alta muito em função do fato de a China estar injetando bastante liquidez para acalmar os mercados. Nos Estados Unidos, resultados corporativos também vieram bons e ajudam na alta de hoje”, disse o analista da Necton Corretora, Gabriel Machado.

O Banco do Povo da China (Pboc, o banco central do país) injetou hoje 500 bilhões de iuanes (US$ 71,21 bilhões) de liquidez no sistema bancário através de operações de recompra reversa, depois de injetar 1,2 trilhão de iuanes ontem, quando também cortou os juros destas operações.

A recuperação no exterior também ajuda a ofuscar dados mais fracos do que o esperado pelo mercado da produção industrial no Brasil, que, por outro lado, reforçam a expectativa por mais uma queda da Selic na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) amanhã.

Entre as ações, as ligadas a commodities também mostraram recuperação, caso da Vale (VALE3 2,67%) e da Petrobras (PETR4 1,59%). Já as maiores altas do Ibovespa foram das ações da Cogna (COGN3 5,57%), da Gerdau (GGBR4 4,28%) e da Equatorial (EQTL3 3,85%).

Na contramão, as maiores perdas foram da Embraer (EMBR3 -1,95%), da JBS (JBSS3 -2,27%) e e da Cielo (CIEL3 -2,79%).

Amanhã, além da reunião do Copom, o dia será de indicador do setor de serviços na China e dados de criação de empregos no setor privado nos Estados Unidos.

Para o analista da Necton, investidores também vão começar a monitorar as eleições presidenciais norte-americanas, com prévias do Partido Democrata no radar, principalmente se candidatos que não são pró-mercado começarem a ganhar força.

O dólar comercial fechou em alta de 0,21% no mercado à vista, cotado a R$ 4,2590 para venda, em sessão volátil no qual operou em queda em boa parte do mercado, mas interverteu sinal com correção local e proteção após os dados da produção industrial no ano passado, antes de uma agenda de indicadores pesada amanhã.

O diretor de câmbio de uma corretora nacional destaca o movimento de busca por risco após melhora no exterior, principalmente, entre moedas de países emergentes, além da nova injeção de recursos pelo Banco do Povo da China (Pboc, o banco central chinês) na economia do país.

Os números da produção industrial abaixo do esperado, com queda de 0,7% em dezembro e de 1,1% em 2019, corroboraram com “possíveis” novos cortes da taxa Selic, diz o diretor. “Serviu como principal indutor para que o real trabalhasse em total descompasso frente as demais divisas emergentes”, ressalta.

Amanhã, a agenda de indicadores mais “pesada” deverá refletir nos mercados com o resultado do índice dos gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) de janeiro na China, e dos dados sobre criação de emprego no setor privado nos Estados Unidos, a ADP – uma prévia do payroll que sairá na sexta-feira.

Aqui, a expectativa fica por conta da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) após o fechamento do mercado. As apostas majoritárias são de mais um corte taxa básica de juros (Selic), o quinto seguido, saindo de 4,50% para 4,25%.

Para a estrategista de câmbio do Ourinvest, Cristiane Quartaroli, o sentimento é de que a autoridade monetária pode “esperar mais um pouco” e não cortar a taxa de juros amanhã. “O BC vem comentando que está monitorando os dados. Pode ser que não corte”, diz.