Por Danielle Fonseca e Flavya Pereira
São Paulo – Após abrir em queda, o Ibovespa passou a subir refletindo a decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) e fechou em alta de 0,79%, aos 108.407,54 pontos, na máxima do dia, renovando seus recordes históricos que haviam sido batidos na última segunda-feira (28). O volume total negociado hoje foi de R$ 19,069 bilhões.
O Fed cortou a taxa de juros em 0,25 ponto percentual (pp) conforme o previsto pelo mercado, mas deixou dúvidas sobre a continuidade ou não do ciclo de queda. O analista da Terra Investimentos, Régis Chinchila, ressalta que o Fed retirou do comunicado trecho no qual dizia que agirá “apropriadamente” caso a expansão perca dinamismo, o que pode significar que irá fazer uma pausa e analisar os cortes já feitos.
No entanto, mesmo podendo parar o ciclo, o Fed disse que segue atento e o mercado teria gostado de alguns pontos do comunicado, nos quais a autoridade monetária mostra que está consciente das incertezas do cenário.
Outro analista de uma corretora nacional, que prefere não identificar, destaca que os últimos dados da economia norte-americana têm mostrado melhora, como o PIB divulgado hoje, que veio acima do esperado. “De certa forma, tivemos antes o PIB mais forte, mostrando que a economia ainda está indo bem no geral, e não necessariamente serão necessários mais cortes de juros para que ativos continuem a ir bem”, disse.
Entre as ações que ajudaram o Ibovespa a fechar em alta estão as de bancos, que passaram a subir após a decisão do Fed, caso dos papéis do Itaú Unibanco (ITUB4 0,51%). A exceção no setor foram os papéis do Santander (SANB11 -21,66%) que embora tenham reduzido a queda, fecharam em baixa refletindo uma realização de lucros após o balanço do terceiro trimestre. Ao lado do Santander, entre as maiores quedas do Ibovespa, ficaram as ações da Cielo (CIEL3 -3,65%), que refletem um balanço mais fraco do que o esperado.
Entre as maiores altas do Ibovespa também ficaram papéis que refletiram balanços trimestrais, caso do Magazine Luiza (MGLU3 6,97%), da Gerdau Metalúrgica (GOUA4 3,90%) e Multiplan (MULT3 3,73%).
Ainda na cena local, há expectativa de que o Comitê de Política Monetária (Copom) seja outro banco central que reduza juros hoje, às 18h, o que pode repercutir nos mercados amanhã. Investidores ainda ficaram atentos a repercussão de reportagem do Jornal Nacional”, da TV Globo, que afirmou que um dos suspeitos de matar a vereadora Marielle Franco teria entrado no condomínio do presidente Jair Bolsonaro e dito que iria à casa onde mora a família Bolsonaro.
Amanhã, além da repercussão do Copom, os mercados devem ficar atentos a indicadores que devem ser divulgados, como índices de preços na Europa e na China.
O dólar comercial fechou em queda de 0,39% no mercado à vista, cotado a R$ 3,9870 para venda, após o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) confirmar as apostas do mercado e cortar a taxa de juros em 0,25 ponto percentual (pp) pela terceira vez consecutiva. A moeda reverteu o sinal no fim da sessão reagindo às declarações do presidente da instituição, Jerome Powell.
“Powell deixou nas entrelinhas que o Fed poderá dar sequência no corte de juros ainda este ano”, comenta o gerente da mesa de câmbio da Correparti, Guilherme Esquelbek. Já o economista e CEO da Veedha Investimentos, Rodrigo Tonon, ressalta que, no primeiro momento, o mercado interpretou o comunicado “de forma ruim” com a leitura de que a autoridade monetária poderia pausar o ciclo de afrouxamento monetário neste ano.
“Depois, com as declarações do Powell, investidores interpretaram que ele apenas deu a entender que o Fed não irá se comprometer com novos cortes e que seguirá acompanhando o desempenho da economia norte-americana e os próximos dados para definir se vem mais corte e a magnitude desse corte. Foi uma posição e uma reação similares ao último comunicado”, reforça Tonon.
Amanhã, os mercados devem seguir reagindo aos comunicados do Fed e do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), comenta a analista da Toro Investimentos, Stefany Oliveira. “A tendência é de que a moeda continue o movimento exibido no fim do pregão, mantendo o viés de queda”, diz.
Na abertura, os mercados também podem reagir aos números dos índices dos gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) dos setores industrial e de serviços na China, no mês passado. No último pregão de outubro, tem ainda a tradicional “briga” entre comprados e vendidos pela formação de preço da taxa Ptax, que deve provocar volatilidade da moeda na primeira parte dos negócios.