Por Danielle Fonseca e Flavya Pereira
São Paulo – Depois de ter chegado a cair mais de 1% pela manhã com a cautela em relação ao surto de coronavírus, o Ibovespa fechou em alta de 0,95%, aos 119.527,63 pontos, renovando os seus recordes intradiário e de fechamento amparado por uma recuperação das ações de bancos.
Investidores aproveitaram para comprar os papéis do setor depois de baixas recentes, além disso, ajudou na alta do índice o fato de a Organização Mundial de Saúde (OMS) não ter declarado situação de emergência mundial em função vírus.
A máxima do dia e nova máxima histórica foi de 119.305,70 pontos, superando a máxima de 118.861,63 pontos do dia 20 de janeiro. Já a mínima do dia foi de 116.905,95 pontos. O volume negociado foi de R$ 25,3 bilhões, considerado elevado por analistas.
“Os bancos estavam atrasados em relação ao Ibovespa. Vários dias de queda do índice foram por conta dos bancos. Mesmo com a alta forte de hoje, os papéis ainda estão caindo no ano. Se zerarem as perdas acumuladas, o Ibovespa pode ir até os 125 mil pontos”, disse o operador de renda variável da Commcor, Ari Santos.
Para Santos, as quedas recentes atraíram compras por parte de investidores, além disso, declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes, voltaram a impulsionar o otimismo com a economia local. “Ele disse algumas coisas positivas, parece otimista sobre a recuperação e a agenda de reformas”, disse.
O sócio-gestor da TAG Investimentos, Dan Kawa, concorda e, para ele, os bancos “ficaram baratos em termos relativos e absolutos”, atraindo demanda. “Bancos são cíclicos locais e acabaram ficando muito para trás e com técnico saudável”, disse.
As ações do Banco do Brasil e do Bradesco ficaram entre os destaques no setor e entre as maiores altas do Ibovespa. Em relação ao Banco do Brasil, uma notícia do jornal “Valor Econômico” também aponta que o banco deve escolher um sócio estrangeiro para a sua gestora de fundos, a BB DTVM, até o fim do segundo trimestre.
Os papéis preferenciais da Petrobras, que têm grande peso no índice assim como as ações de bancos, também passaram a subir ao longo do pregão, depois de a ação ter sido pressionada, nos últimos dias, pela venda da fatia do BNDES na estatal, que deve ocorrer por meio de oferta até o começo de fevereiro.
Ainda entre as maiores altas do índice ficaram as ações da Braskem e da Gol. Na contramão, as maiores baixas foram do Grupo Notre Dame Intermédica, do IRB Brasil e da BRF.
Já no exterior, a OMS decidiu que é ainda cedo para caracterizar o atual surto de coronavírus como emergência mundial. O conselho, no entanto, ficou dividido quanto à questão e, segundo o diretor geral do órgão, Tedros Adhanom, pode voltar a qualquer momento para rever a decisão. A reunião da OMS era esperada pelo mercado para medir o grau de preocupação com o vírus.
Amanhã, além de continuar no radar a questão do coronavírus, investidores devem ficar atentos ao índice dos gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) sobre a atividade dos setores industrial e de serviços dos Estados Unidos e aos dados de empregos nos Brasil que serão mostrados no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
O dólar comercial fechou em queda de 0,21% no mercado à vista, cotado a R$ 4,1670 para venda, descolado do exterior, em meio ao movimento de correção, após altas expressivas no início da semana, além da expectativa de entrada de recursos estrangeiros por meio de captações de empresas brasileiras no exterior.
“O dólar aqui recou apoiado, basicamente, no fluxo de moedas programado para ingressar no país, em decorrências de emissões e captações de empresas daqui no exterior. Além do fluxo decorrente das ofertas públicas iniciais de ações [IPOs] que estão por vir”, comenta o diretor da Correparti, Ricardo Gomes.
A estrategista de câmbio do Ourinvest, Cristiane Quartaroli, destaca a correção da moeda no mercado doméstico após subir acima de R$ 4,21 no início da semana, e levou a moeda a acumular alta de 1,7% na semana, até o momento.
Amanhã, começa o feriado prolongado na China em comemoração ao ano novo. Para Cristiane, a redução da liquidez no mercado deve refletir nas moedas de países emergentes. “Aqui, tende a ter um movimento mais técnico com o mercado realizando e com investidores em busca por proteção à véspera do fim de semana”, comenta.
O analista de uma corretora nacional diz que o mercado deverá seguir atento ao “alastramento” do coronavírus, que já infectou mais de 600 pessoas na China e em mais oito países. “O número de infectados pode crescer. A situação na China e em outros países seguirá no radar do mercado”, diz. Ele acrescenta que amanhã, a moeda local pode ter correção da queda de hoje, com proteção em ativos de risco.