São Paulo – O Ibovespa fechou em alta de 2,89%, aos 87.946,25 pontos, acelerando ganhos no fim do pregão puxado pelas ações de siderúrgicas e acompanhando a alta de Bolsas no exterior. As notícias de reaberturas de economias, novas vacinas contra o coronavírus e novo pacote de estímulo econômico na Europa seguem dando sustentação aos mercados acionários.
Essa conjuntura fez o índice se aproximar dos 88 mil pontos, patamar que não é atingido desde o dia 11 de março. O volume total negociado hoje foi de R$ 26,023 bilhões.
Para o sócio da RJI Gestão e Investimentos, Rafael Weber, há, entre os investidores, uma sensação de que “pior já passou” em relação à pandemia do novo coronavírus e seus impactos sobre a economia, inclusive, sobre alguns setores, como o de siderurgia.
As ações das siderúrgicas Usiminas (USIM5 16,12%), Gerdau (GGBR4 11,04%), Gerdau Metalúrgica (GOAU4 11,76%) e CSN (CSNA3 10,78%) ficaram entre as maiores altas do Ibovespa hoje, ao lado da CVC (CVCB3 11,85%), outro papel que teve fortes quedas desde o início da pandemia.
“O setor de siderurgia foi muito prejudicado com a crise, as ações ainda caem bastante no ano mesmo com a alta de hoje. O investidor começa a achar que o pior já passou e vê o setor como atrativo”, disse o sócio da RJI Gestão e Investimentos, Rafael Weber.
Ele ainda lembra que as notícias de volta de gradual de atividade, como no estado de São Paulo (que ocorrerá a partir de junho e foi anunciada hoje), podem ajudar as siderúrgicas, que dependem da demanda por aço do setor automobilístico, de linha branca, construção civil, entre outros. Além disso, muitas das companhias também exportam minério de ferro para a China, que também já vem voltando à normalidade.
No exterior, a sensação de que o pior já passou também prevalece e demais Bolsas seguem impulsionadas ainda pela evolução de vacinas e por um novo pacote de estímulos anunciado na Europa. A Comissão Europeia fez hoje sua proposta de plano de recuperação econômica na União Europeia, de quase 750 bilhões de euros. Se implementado, o plano representaria um passo histórico na união das finanças nacionais dos 27 estados membros do bloco.
Essas notícias têm ofuscado, até o momento, o aumento da tensão entre Estados Unidos e China, que quer impor maior controle sobre Hong Kong. O presidente norte-americano, Donald Trump, afirmou que pode anunciar sanções à China nos próximos dias.
Entre as únicas quedas do Ibovespa ficaram as ações da Tovs (TOTS3 -1,45%), da B2w (BTOW3 -1,28%), da Telefônica Brasil (VIVT4 0,59%), da SulAmerica Investimentos (SULA11 -0,56%) e da Engie Brasil (EGIE3 -0,06%).
Amanhã, investidores devem acompanhar uma agenda mais cheia de indicadores, com destaque para o Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre deste ano dos Estados Unidos, que deve mostrar sinais de impacto da pandemia. Ainda serão divulgados no país os pedidos de seguro-desemprego, pedidos de bens duráveis, entre outros.
O dólar comercial fechou em queda de 1,54% no mercado à vista, cotado a R$ 5,2820 para venda, no menor valor de fechamento desde 20 de abril e no sexto recuo seguido – pela primeira vez desde o início de dezembro do ano passado. Apesar do ambiente misto no exterior, o cenário doméstico segue corroborando para o rali local.
“A ausência de notícias ruins, associada a expectativa do anúncio de um mega pacote fiscal na Europa, diante das esperanças que tem sido alimentadas com a possibilidade da descoberta de uma vacina capaz de imunizar a população contra o novo coronavirus, retiraram boa parte do peso visto nos mercados nas últimas semanas”, avalia o diretor da Correparti, Ricardo Gomes.
A Comissão Europeia divulgou um pacote de auxílio de 750 bilhões de euros para estimular as economias da região e aliviar os efeitos da crise gerada pela pandemia, enquanto muitos desses países reabrem a economia. Gomes acrescenta que, no mercado local, o movimento de baixa também se dá pela proximidade da formação de preço da taxa Ptax – média das cotações apuradas pelo Banco Central (BC) – de fim de mês, na sexta-feira.
Amanhã, na agenda de indicadores, o destaque fica para a divulgação da segunda leitura do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos no primeiro trimestre do ano, no qual mostrará os impactos do novo coronavírus na economia norte-americana. A previsão é retração de 4,8%.
“A nova prévia do PIB mostrará o grau de piora da economia do país no primeiro trimestre”, reforçam economistas do Bradesco. Ainda tem números do mercado de trabalho dos Estados Unidos no mês e dados de emprego daqui, em abril.
