Bolsa sobe e dólar cai com otimismo por acordo comercial entre Estados Unidos e China

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Por Danielle Fonseca e Flavya Pereira

São Paulo – O Ibovespa subiu pelo terceiro dia seguido, encerrando com alta de 1,97%, aos 103,831,92 pontos, depois que o presidente norte-americano, Donald Trump, disse que iniciou um acordo substancial com a China, que envolverá várias áreas e terá duas ou três fases, com as conversas entre os dois países devendo continuar depois que iniciarem a primeira fase.

O volume total negociado hoje foi de R$ 16,1 bilhões. Na semana, o índice subiu 1,24%.

Perto do fechamento dos mercados, depois de reunião com o vice-premiê chinês Liu He, Trump disse que o acordo envolverá propriedade intelectual, investimentos e valores entre US$ 40 e 50 bilhões de comércio agrícola. Também disse que houve progressos em câmbio e política monetária. Com isso, as tarifas previstas para produtos chineses ainda este mês não serão aplicadas mais.

Os principais mercados acionários já operavam com fortes altas à espera de um acordo após uma série de sinalizações e declarações positivas nos últimos dias. “A fala de Trump sobre o acordo ajudou as bolsas a saírem das máximas e realizarem um pouco. Mas não tiveram força suficiente para apagar o bom humor e o aumento do apetite ao risco”, disse o diretor de operações da Mirae Asset Corretora, Pablo Spyer. Mais cedo, o Ibovespa chegou a subir mais de 2%, atingindo a máxima de 104.380,89 pontos.

Os avanços nas negociações entre as duas potências impulsionaram os preços de commodities, o que fez ações como as da Vale (VALE3 2,96%) e da Petrobras (PETR4 1,94%) a terem um dia positivo hoje.

Já as maiores altas do índice foram das ações da B2W (BTOW3 7,94%), que teve sua recomendação elevada pelo Itaú BBA, da Qualicorp (QUAL3 5,84%) e da Ecorodovias (ECOR3 5%). Entre as ações que compõem o Ibovespa apenas as da Eletrobras (ELET3 -1,42%; ELET6 – 2%) fecharam em queda.

Na semana que vem, o economista-chefe da Codepe Corretora, José Costa, acredita que o tom pode se manter positivo para o Ibovespa depois do acordo comercial, embora não esteja descartada alguma realização de lucros. “O mundo volta a dar uma respirada. Não é difícil o Ibovespa ir até a 120 mil pontos até o final do ano se tudo continuar a correr bem aqui e lá fora”, disse.

O dólar comercial fechou em queda de 0,70% no mercado à vista, cotado a R$ 4,0960 para venda, reagindo a um otimismo global dos investidores com o encontro entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o vice-premiê da China, Liu He, para mais uma rodada de negócios a respeito da guerra comercial. No fim da tarde, foi anunciado um acordo parcial entre os países adiando a cobrança de tarifas agendada para terça-feira.

Na reta final do pregão, quando saíram as notícias a respeito do acordo, o dólar à vista acelerou a queda chegando à mínima na sessão, a R$ 4,0810 (-1,07%). “Voltou no fechamento, mas não teve força o suficiente para apagar o bom humor e o aumento do apetite ao risco ao exibido ao longo da sessão”, comenta o diretor de uma corretora estrangeira.

“Após oscilar sem rumo único em boa parte da manhã, a notícia de que os países teriam chegado a primeira fase de um acordo deu mais força ao movimento de uma queda vertiginosa dólar por aqui”, destaca o analista de câmbio da Correparti, Ricardo Gomes Filho.

Apesar da queda na sessão, na semana, a moeda registrou alta de 0,93% na esteira da guerra comercial entre desencontros de notícias a respeito dos países, além de indicadores locais, como os dados de inflação, indicando uma queda da taxa básica de juros (Selic).

“Com a expectativa de juros abaixo de 5% ao fim do ano, o receio é de que o real perde o prêmio de risco que o investidor busca e perde a atratividade de investimentos com a taxa de juros daqui ficando com pouca para a dos Estados Unidos”, diz o analista da Toro Investimentos, Felipe Fernandes.

Na segunda-feira, com a agenda de indicadores esvaziada, as atenções devem seguir nos desdobramentos da guerra comercial digerindo os detalhes do acordo parcial entre norte-americanos e chineses. Ao longo da semana, porém, tem importantes indicadores dos dois países, como o Produto Interno Bruto (PIB) do país asiático no terceiro trimestre com apostas de desaceleração (+6,1%), enquanto nos EUA, serão conhecidos indicadores antecedentes de outubro e a produção industrial.