Por Danielle Fonseca e Flavya Pereira
São Paulo – O Ibovespa fechou em alta de 0,90%, aos 104.616,86 pontos, passando a subir com mais força no final do pregão refletindo a previsão de que a produção saudita de petróleo pode ser retomada mais rápido do que o previsto, além de fala do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que afirmou que pode ser feito um acordo com a China antes das eleições de 2020. Investidores também seguiram ajustando expectativas à espera da reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) e do Banco Central (BC) do Brasil amanhã. O volume total negociado foi de R$ 16,6 bilhões.
“A reação em relação à questão do petróleo está mais tranquila, houve um impacto pontual nas ações da Petrobras, e está se consolidando a expectativa de um corte de juros de 0,50 ponto percentual amanhã e que ocorra a sinalização de mais um corte”, disse o diretor de investimentos da SRM Asset, Vicente Matheus Zuffo, se referindo à reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). Uma queda de juros acaba levando mais investimentos para a renda variável.
A notícia de hoje cedo de que a produção de petróleo da Arábia Saudita será totalmente retomada nas próximas duas a três semanas, depois de ataques à Saudi Aramco, ajudou em uma leve recuperação dos mercados, além de impulsionar ações como as da Gol (GOLL4 5,55%), que fechou entre as maiores altas do índice, já que grande parte dos seus custos correspondem aos preços de combustíveis.
No entanto, as ações da Petrobras (PETR3 -1,55%; PETR4 -1,32%) sentiram a queda do petróleo e impediram uma alta maior do índice, embora tenham reduzido um pouco as perdas. A estatal também afirmou que a alta de preços não deve ser repassada imediatamente às refinarias. Ontem, os preços do petróleo fecharam em alta de 15% refletindo os ataques à Saudi Aramco, comprometendo 5% da produção mundial da commodity.
Ainda no exterior, Trump disse que um acordo comercial com a China será alcançado em breve, talvez antes das eleições presidenciais de 2020, trazendo algum ânimo antes da reunião do Fed amanhã. Ainda há expectativa de um corte de juros, embora tenham aumentado dúvidas sobre o corte e sinalizações que serão dadas.
Amanhã, todas as atenções estarão voltadas para o anúncio do Fed, às 15h, e depois para a entrevista do presidente da autoridade monetária, às 15h30. Para Zuffo, dependendo do comunicado e do tom da entrevista o mercado pode reagir positivamente, fazendo o Ibovespa voltar a se aproximar do recorde histórico de 106.650,12 pontos, batido dia 10 de julho.
O dólar comercial fechou em queda de 0,26% no mercado à vista, cotado a R$ 4,0790 para venda, depois de oscilar em alta em boa parte do pregão, reagindo ao alívio no exterior após a Arábia Saudita comunicar que a produção de petróleo no país voltará ainda neste mês após ataques à uma petrolífera estatal no fim de semana. Além disso, o presidente norte-americano voltou a afirmar que chegará a um acordo com a China.
No meio da tarde, o presidente Donald Trump declarou que um acordo comercial entre os Estados Unidos e a China será alcançado “em breve, talvez antes das eleições presidenciais de 2020”, já que após o período poderia ser mais difícil de chegar a um entendimento. “A fala do Trump ampliou o sentimento de tranquilidade dos investimentos e apagou a alta da moeda”, comenta o diretor da corretora Mirae Asset, Pablo Spyer.
Antes disso, a Arábia Saudita comunicou que, em dois dias, 50% da produção afetada pelos ataques do fim de semana foram recuperados e o país manterá a oferta total de petróleo, o que influenciou na queda de mais de 7% do barril do petróleo tipo Brent e de mais de 6% do tipo WTI.
Amanhã tem o evento mais importante da semana. A decisão de política monetária do Fed, às 15h (de Brasília), deverá provocar “volatilidade” ao longo do pregão, diz Spyer. Ele acrescenta que um levantamento realizado pela agência de notícias “Bloomberg” mantém as apostas de corte de 0,25 ponto percentual (pp) com 86,6% de probabilidade implícita.
Ao contrário de dados divulgados pelo CME Group em que mostra uma alta das expectativas do mercado pela manutenção da taxa de juros no intervalo entre 2,00% e 2,25%, chegando a 52,7% das opiniões, contra 7,7% das apostas na semana passada. Já as projeções de corte de 0,25 pp, que antes estavam em 68,5%, chegaram aos 47,3%.
O economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa, avalia que o comunicado a ser divulgado após o encontro do Fed deverá indicar uma “maior cautela” da política monetária no restante de 2019. “Muito provável que as projeções do comunicado mostrarão estabilidade dos juros até o fim do ano, contrariando as estimativas do mercado, que apontam para pelo menos mais um corte ainda este ano”, diz.