Bolsa sobe e dólar cai com PIB, vacina e otimismo externo

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São Paulo – O Ibovespa encerrou a sessão em alta de 0,36% aos 112.291,59 pontos, desacelerando um pouco do avanço da tarde, que na máxima chegou aos 113,3 mil pontos. A realização de lucros que estava programada para hoje foi cancelada após divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, além de notícias positivas sobre a vacina contra o novo coronavírus e também com o otimismo dos mercados externos.

“A Bolsa vem subindo vem e dezembro. Em três pregões já vem acumulando uma alta de 3,1%. Esse resultado sempre chama um pouco de realização e amanhã como é sexta-feira, seria o dia ideal. Essa realização não deve reverter o bom resultado da semana, é algo pontual, mas é claro que dependemos dos fundamentos do dia”, explicou um operador de renda variável.

A economia brasileira saiu da recessão técnica no terceiro trimestre deste ano, ao crescer 7,7% em relação ao período anterior, interrompendo dois trimestres seguidos de resultados negativos. Trata-se da maior alta trimestral registrada desde o início da série histórica revisada, em 1996, dirimindo os impactos da pandemia de coronavírus na atividade doméstica. O resultado é menor que a mediana projetada pelo Termômetro CMA, de +8,80%.

Lá fora prevaleceu a notícia sobre o pacote de ajuda para a economia dos Estados Unidos nesse momento de segunda onda da covid-19. A conversa sobre a retomada da aprovação do pacote de estímulos tem animado investidores.

Pedro Galdi, analista da Mirae Asset Corretora, explica que “nos EUA a presidente da Câmara, Nancy Pelosi, aponta para um programa de estímulo em torno de US$ 1,3 trilhão, inferior à proposta dos democratas antes das eleições, que era de US$ 2,4 trilhões, mas superior ao plano bipartidário de US$ 908 bilhões”, acrescenta.

Entre as ações que fazem parte do Ibovespa, a maior alta ficou com o papel ordinário da Embraer (EMBR3), com avanço de 11,05%, seguido pela ação preferencial da Gol (GOLL4), com ganho de 8,71%. Por outro lado, a maior queda ficou com o papel PNA da Usiminas (USIM5), com perda de 4,78%, seguida pela ação ordinária da Suzano (SUZB3), com recuo de 4,76%.

O dólar comercial fechou em forte queda de 1,94% no mercado à vista, cotado a R$ 5,1390 para venda, no menor nível de fechamento desde 30 de julho (quando encerrou a R$ 5,1590), em sessão positiva no mercado doméstico em meio à novas entradas de fluxo estrangeiro, com a queda global da divisa norte-americana, além de investidores reagirem às captações feitas ontem pelo Tesouro Nacional no exterior.

Em queda durante todo o pregão, investidores locais reagiram à emissão externa de títulos de dívida pública ontem pelo Tesouro que captou US$ 2,5 bilhões, em uma demanda três vezes maior do que a oferta. Os analistas do banco Fator ressaltam que isso ajudou a levar o real ao melhor desempenho da sessão ante as moedas de países emergentes. “A meta é buscar compradores para a curva toda, o que pode atrair mais investidores. As ofertas chegaram a US$ 8,0 bilhões”, reforçam.

A expectativa de novas captações e de entrada de mais fluxos de capital estrangeiro o dólar às mínimas de R$ 5,12, nos menores níveis intraday também desde julho. Aqui, teve ainda o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro que corroborou com o viés de baixa da moeda ao avançar 7,7% no terceiro trimestre ante o tombo de 10,9% (dado revisado) no trimestre anterior.

Apesar da maior alta trimestral da série histórica, iniciada em 1996, o dado ficou abaixo do projetado pelo mercado. “A primeira observação é que a atividade ainda está longe do nível pré-pandemia”, destaca a equipe econômica do Fator.

Já o analista da Tendências Consultoria, Thiago Xavier, avalia que, embora a velocidade de retomada surpreenda em relação ao projetado no início da pandemia do novo coronavírus, o resultado reforça o diagnóstico acerca do caráter desigual da recuperação entre setores. “O que sinaliza uma retomada ainda passível de incertezas, já que segue sensível a aspectos de ordem econômica, política e sanitária”, diz.

Amanhã, o destaque da agenda de indicadores fica para o relatório de empregos norte-americano, o payroll, com números de novembro. “Ele tem surpreendido, com os Estados Unidos entregando dados positivos que tem ampliado a esperança do investidor”, comenta a analista da Toro Investimentos, Stefany Oliveira. Já os analistas do Fator apostam em números “decepcionantes”.

A profissional da Toro acrescenta que, na falta de notícias na sessão, o viés da moeda estrangeira pode ser de correção após três pregões seguidos de queda e acumular perdas de 3,9%.

As taxas dos contratos de juros futuros tiveram uma sessão de queda livre, retirando prêmios de forma intensa ao longo de toda a curva a termo. O movimento acompanhou o recuo acentuado do dólar, que já é cotado abaixo de R$ 5,15, em meio ao forte fluxo estrangeiro nos negócios com DIs. Os investidores reagem ao tradicional leilão de títulos públicos, realizado um dia depois a emissão externa feita pelo Tesouro, e aos números mais fracos que o esperado do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, o que amplia o cenário de manutenção de estímulos monetários, diante da perspectiva de fim dos benefícios fiscais.

Ao final da sessão regular, o DI para janeiro de 2022 ficou com taxa de 3,025%, de 3,07% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 terminou com taxa de 4,485%, de 4,64% após o ajuste ontem; o DI para janeiro de 2025 encerrou em 6,11%, de 6,39%; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 6,90%, de 7,23%, na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações norte-americano devolveram partes dos ganhos para terminar o dia sem uma direção comum depois da notícia indicando que a Pfizer produzirá metade das vacinas originalmente previstas contra a covid-19. Ainda assim, o Nasdaq conseguiu fechar em novo recorde.

Confira a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:

Dow Jones: +0,29%, 29.969,52 pontos

Nasdaq Composto: +0,23%, 12.377,2 pontos

S&P 500: -0,06 %, 3.666,72 pontos