São Paulo – O Ibovespa fechou em alta de 1,76%, aos 100.440,23 pontos, puxado pelos fortes ganhos das ações da Vale e pela melhora das Bolsas norte-americanas, em meio a balanços corporativos positivos e esperanças em relação a uma vacina contra o coronavírus. Com isso, o índice voltou a encerrar acima de 100 mil pontos, maior patamar desde o dia 5 de março (102.233,24 pontos).
Mais cedo, porém, o Ibovespa mostrou volatilidade em meio o aumento de casos de covid-19, que fez algumas regiões, como o estado norte-americano da Califórnia voltar a adotar medidas mais duras de isolamento social ontem. O volume total negociado foi de R$ 29,4 bilhões.
“A Vale é sustentada pela alta dos preços do minério de ferro e ela tem um peso muito grande no Ibovespa, acaba contaminando outras ações” disse o sócio da DNAinvest, Leonardo Ramos. Além da alta do minério, Ramos cita ainda um relatório do Goldman Sachs que afirma que a Vale pode voltar a pagar dividendos, o que também ajudou as ações da mineradora (VALE3 6,85%) a registrarem a maior valorização do Ibovespa.
Ainda entre as maiores altas ficaram os papéis da Bradespar (BRAP4 6,55%), que é acionista da Vale, e as ações da Ultrapar (UGPA3 6,49%) e da Petrobras (PETR3 3,63%), em dia de alta dos preços do petróleo.
Na contramão, as maiores quedas do índice foram da Cemig (CMIG4 -2,31%), das Lojas Renner (LREN3 -1,87%) e da Qualicorp (QUAL3 -1,81%).
No cenário externo, as Bolsas norte-americanas também se firmaram no campo positivo após mostrarem maior volatilidade pela manhã. Ajudaram nesse movimento resultados trimestrais acima do esperado de bancos como o J.P.Morgan e Citigroup, apesar de alguns balanços ainda terem vindo negativos.
Investidores ainda observaram notícias sobre vacinas, como a da empresa norte-americana Moderna Inc, que entrou em nova fase de testes, e comentários como os da diretora do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Lael Brainard, que disse que pode ser necessário mais apoio para a recuperação da economia.
Na agenda de amanhã, investidores devem ficar atentos a indicadores norte-americanos como os dados de produção industrial de junho e o Livro Bege, relatório do Fed sobre a situação econômica. Além disso, o Banco do Japão (BoJ) publica sua decisão de política monetária.
Para Ramos, o Ibovespa deve continuar bastante correlacionado ao movimento de Bolsas norte-americanas, principalmente ao do índice S&P500. Caso o índice norte-americano supere novos patamares, acredita que o Ibovespa pode acompanhar e buscar os 102, 103 mil pontos. “Se outros estados norte-americanos não tomarem medidas como as da Califórnia e não tivermos novos problemas entre Estados Unidos e China, por exemplo, os índices podem querer galgar novos patamares”, disse.
Já o economista-chefe da Codepe Corretora, José Costa, acredita que o Ibovespa já subiu rápido para os 100 mil pontos e que o investidor pode ficar mais seletivo, agora. Para ele “a temporada de balanços norte-americana também pode surpreender”, mas a questão da possível segunda onda da pandemia ainda pode impedir voos mais altos.
O dólar comercial fechou em queda de 0,77% no mercado à vista, cotado a R$ 5,3480 para venda, em dia de forte volatilidade, no qual a moeda operou com sinais positivo e negativo, acompanhando o cenário externo, além de reagir a um fluxo de saída de recursos no mercado doméstico.
O gerente de mesa de câmbio da Correparti, Guilherme Esquelbek, destaca que a moeda acompanhou o exterior negativo na primeira parte dos negócios influenciado pelo temor da escalada dos casos de novo coronavírus, principalmente nos Estados Unidos. “Aqui, a moeda bateu máximas consecutivas, indo a R$ 5,45, com uma forte saída de recursos de aproximadamente US$ 500 milhões”, comenta.
Após a forte volatilidade e amplitude, o dólar passou a acompanhar a melhora das divisas de países emergentes com investidores “deixando de lado” a disseminação do novo coronavírus e “se apoiando” em dados e balanços corporativos melhores que o esperado, ressalta o profissional da Correparti.
Para a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, o viés de volatilidade deve seguir no curto prazo em meio às incertezas quanto ao cenário econômico global. “A gente ainda não tem um caminho definido para o segundo semestre, sem antes os números fechados do primeiro”, diz.
Amanhã, na agenda de indicadores, tem os dados da produção industrial norte-americana em junho, divulgada pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) e a prévia da atividade industrial do país em julho. “No momento, todos esses dados de atividade podem fazer preço porque o mercado está apreensivo pelos números que fecham o segundo trimestre. Eles podem trazer um desenho da recuperação econômica no segundo semestre”, avalia.