Bolsa sobe e dólar cai com saída de Trump do hospital

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São Paulo – O Ibovespa fechou em alta de 2,20%, aos 96.089,19 pontos, acelerando ganhos ao longo do pregão com a notícia de que o presidente norte-americano, Donald Trump, terá alta do hospital e com declarações de que o financiamento do programa social Renda Cidadã deverá respeitar o teto de gastos. O volume total negociado foi de R$ 22,4 bilhões.

“A semana está começando com o pé direito por conta de Donald Trump e sua saída do hospital, depois de na semana passada o Ibovespa ter caído 3,07% e quase ter perdido os 94 mil pontos”, disse o economista-chefe do banco digital Modalmais, Alvaro Bandeira.

Nesta tarde, por meio de seu perfil no Twitter, Trump disse que terá alta hoje à 19h30 no horário de Brasília e que está se sentindo muito bem, embora continue sendo medicado e não esteja livre de todos os riscos trazidos pelo coronavírus, segundo seu médico. A expectativa de saída de Trump já animava mercados mais cedo, depois das dúvidas sobre o seu quadro de saúde e incertezas trazidas para o cenário eleitoral dado o seu diagnóstico.

Além disso, investidores voltaram a ficar mais confiantes de que democratas e republicanos podem entrar em um acordo sobre um novo pacote de estímulos econômicos.

Na cena doméstica, por sua vez, cresceram as esperanças de que o governo irá voltar atrás na decisão de como o programa Renda Cidadã será financiado, já que o senador Márcio Bittar (MDB-AC) afirmou que deve apresentar o relatório sobre o programa na próxima quarta-feira e que ele respeitará o teto de gastos.

Segundo Bittar, “quaisquer soluções para o programa serão dentro do teto” de gastos, embora não tenha dado mais detalhes. Declarações do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, também foram no sentido de defender o limite de gastos e está sendo articulado um jantar entre Maia e o ministro da Economia, Paulo Guedes, em um sinal de reaproximação depois que os dois trocaram farpas publicamente.

Na semana passada, o governo tinha afirmado que o programa, que deve substituir o Bolsa Família, seria financiado com recursos de precatórios e com parte do Fundeb, fundo voltado para a educação, o que foi muito mal recebido pelo mercado e visto como uma manobra fiscal, além de ter causado estragos nas relações entre membros do governo.

Entre as ações, as da Petrobras (PETR3 4,90%; PETR4 5,31%) aceleraram ganhos acompanhando a alta de mais de 5% dos preços do petróleo hoje e ajudaram a impulsionar o Ibovespa. Já as maiores altas do Ibovespa foram da Petro Rio (PRIO3 6,59%), que também seguiu o petróleo, do IRB Brasil (IRBR3 6,92%) e de siderúrgicas, caso da CSN (CSNA3 5,60%), Gerdau Metalúrgica (GOAU4 6,59%) e Gerdau (GGBR4 5,82%). O setor tem anunciado novos aumentos de preços de seus produtos para clientes, em meio a um preço favorável do minério de ferro e à recuperação da demanda.

Na contramão, as maiores quedas do índice foram da CVC (CVCB3 -2,82%), da Embraer (EMBR3 -1,07%) e da Cogna (COGN3 -1,66%). O banco JP Morgan rebaixou a recomendação para os papéis da Cogna de neutra para venda.

Na agenda de amanhã, não há muito indicadores relevantes, mas investidores devem ficar atentos principalmente às falas do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, às 11h40 em evento, e da presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, que participa de dois eventos, às 5h35 e às 10h. Além disso, o mercado continuará atento ao noticiário político local e novidades sobre o programa Renda Cidadã, monitorando ainda a saúde de Trump.

O dólar comercial fechou em forte queda de 1,65% no mercado à vista, cotado a R$ 5,5690 para venda, na maior queda percentual desde 1 de setembro, refletindo o otimismo que prevaleceu no exterior em meio à melhora do estado de saúde do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que deverá ter alta hospitalar hoje, após ser diagnosticado com covid-19 na semana passada. Aqui, declarações sobre o programa Renda Cidadã animou investidores locais.

“Um ambiente externo positivo e o alívio pontual com a situação fiscal do país contribuiu para que o investidor ‘tomasse’ risco e o dólar encerrasse em forte queda”, comenta o analista de câmbio da Correparti, Ricardo Gomes Filho.

Ele reforça que, lá fora, os sinais de melhora do presidente Trump, além dos resultados positivos de indicadores econômicos, e ainda, a expectativa de um novo pacote de estímulos fiscais ser aprovado nos Estados Unidos “tiraram a força do dólar” ante as moedas pares e de países emergentes.

“Aqui, declarações do senador Márcio Bittar de que ‘quaisquer que sejam’ as fontes de financiamento do programa Renda Cidadã, elas vão respeitar o teto de gastos e terão o ‘carimbo’ da equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, motivaram ainda mais as vendas de dólares”, acrescenta.

Amanhã, o destaque fica para as falas de presidentes de bancos centrais. O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, fará discurso sobre perspectivas econômicas em um evento no fim da manhã, enquanto a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, participará de um evento, também pela manhã, na Europa.

Na cena doméstica, o especialista da Portofino Investimentos, Thomás Gibertoni, diz que o mercado poderá reagir aos desdobramentos de um jantar previsto para hoje entre o ministro da Economia e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, após trocarem farpas pela imprensa na semana passada. “Atenção também às novidades quanto ao pacote de estímulos nos Estados Unidos. São dois elementos que podem fazer preço amanhã”, diz.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) encerraram a sessão em queda acelerada, retirando boa parte dos prêmios embutidos ao final da semana passada. Os investidores respiraram aliviados com as notícias vindas de Brasília sobre as negociações entre a ala política e a equipe econômica em relação ao Renda Cidadã. O cenário externo favorável ao risco e a queda do dólar também favorecem o movimento.

Ao final da sessão regular, o DI para janeiro de 2022 ficou com taxa de 3,23%, de 3,40% no ajuste anterior, na última sexta-feira; o DI para janeiro de 2023 terminou projetando taxa de 4,67%, de 4,85% no ajuste ao final da semana passada; o DI para janeiro de 2025 encerrou em 6,51%, de 6,71%; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 7,44%, de 7,60%, na mesma comparação.

Wall Street recebeu bem a notícia de que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, retornará ainda hoje à Casa Branca, após ter alta do hospital em que está internado para tratar a covid-19. Com isso, os principais índices do mercado de ações do país terminaram a primeira sessão da semana em forte alta, ajudados também pela expectativa de um acordo para uma nova rodada de estímulos.

Confira a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:

Dow Jones: +1,68%, 28.148,64 pontos

Nasdaq Composto: +2,32%, 11.332,48 pontos

S&P 500: +1,79%, 3.408,60 pontos