Bolsa sobe e dólar cai com volta do bom humor externo

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São Paulo – O Ibovespa operou todo o dia em território positivo seguindo as bolsas norte-americanas, Nasdaq e Dow Jones – que fecharam com ganho de 1,67% e 1,13% – devido ao cenário favorável da economia dos Estados Unidos. Aqui a notícia sobre recompra das ações da Vale também impulsionou o bom desempenho do índice.

Perto do fechamento, o índice subiu 2,07% aos 117.641 com o mercado atento à entrevista ao vivo do ministro da Economia, Paulo Guedes, à XP Investimentos e Infomoney. Foram abordados vários temas, dentre eles o Orçamento de 2021. Guedes disse que o orçamento caminha para um veto parcial às emendas do relator Márcio Bittar (MDB-AC). Na semana passada, o parlamentar havia prometido um corte de R$10 bilhões na peça orçamentária.

O principal índice da B3 fechou em alta de 1,96%, aos 117.518,44 pontos, avanço de 0,78% em relação ao fechamento de quinta-feira. O volume financeiro foi de R$ 28,35 bilhões.

O analista da Vicente Matheus Zuffo, fundador e CIO da Chess Capital, afirmou que o movimento da Bolsa está alinhado com o exterior, mas ressaltou que “a melhora nos números de internações no fim de semana e as conversas para corrigir o orçamento estão caminhando, o que gera um bom humor no mercado”.

Para o analista José Costa Gonçalves, da Codepe Corretora, o anúncio feito pela Vale, na quinta-feira (01) sobre a recompra de 270 milhões de seus papéis ordinários, após fechamento do mercado foi o responsável pela alta expressiva da Bolsa. “O movimento lá fora está ajudando, mas se não houvesse essa recompra, o Ibovespa apresentaria uma ligeira alta”. O programa de recompra se dará ao longo de 12 meses.

Os papéis da Vale (Vale 3) – segundo de maior peso na Bolsa- subiram 6,16% e empurram as ações de outras siderúrgicas como CSN (CSNA3) que ganharam 2,71% e Usiminas (USIM5) e avançam 2,70%.

O dólar comercial fechou em queda de 0,56% no mercado à vista, cotado a R$ 5,6790 para venda, acompanhando o exterior mais positivo em meio à busca por risco e em ajustes na volta do feriado prolongado aqui e em boa parte do mundo. Investidores também reagiram ao resultado acima do esperado do relatório de empregos dos Estados Unidos, o payroll. A moeda, que se manteve em queda por todo o pregão, teve um dos melhores desempenhos entre as divisas de países emergentes.

O economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira, ressalta que o resultado do payroll ficou “muito acima” das expectativas, ao criar 916 mil vagas de trabalho nos Estados Unidos, em março. “É o maior resultado desde agosto do ano passado. É a clara consequência do processo acelerado de imunização no país e da reabertura econômica em diversas localidades, como consequência de tal processo”, comenta.

Aqui, investidores acompanharam as declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes, na segunda parte dos negócios em uma transmissão online da XP, no qual ele falou sobre o Orçamento de 2021. O ministro destacou que o acordo do Orçamento, ainda não sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro, caminha para veto parcial a emendas do relator Márcio Bittar. Guedes acrescentou que a revisão da proposta deve levar “um certo tempo” para ser concluída.

Para o economista-chefe do banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, a negociação em torno do orçamento coloca Bolsonaro em “situação complicada”, já que se vetar o que o Congresso aprovou, devolve o tema para o Legislativo.

“E dependerá do Centrão [partidos do centro] para buscar uma saída. Caso não vete, a violação do teto de gastos fica na mão do centrão por possível crime de responsabilidade”, avalia, acrescentando que Guedes e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, devem decidir sobre a proposta orçamentária e o impasse em torno do tema deverá prosseguir ao longo da semana.

Amanhã, com a agenda de indicadores esvaziada e a volta da Europa, o chefe da mesa de câmbio da Terra Investimentos, Vanei Nagem, aposta que a moeda deve seguir “colado” com o movimento no exterior e, caso não haja interferência do cenário político, o dólar tende a se acomodar para baixo, voltado para o nível de R$ 5,50. “Na semana passada, a moeda subiu muito e houve um exagero. Agora, tenta corrigir isso”, diz.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) fecharam em queda depois de passarem o dia em baixa, acompanhando a depreciação do dólar em relação ao real com os investidores atentos aos vetos prometidos pelo presidente Jair Bolsonaro ao Orçamento de 2021 diante do descontentamento com as verbas liberadas para emendas parlamentares ao mesmo tempo em que se ajustam aos dados do payroll nos Estados Unidos, divulgados durante o feriado.

Com isso, o DI para janeiro de 2022 encerrou o dia com taxa de 4,605%, de 4,675% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 6,475%, de 6,590%; o DI para janeiro de 2025 ia a 8,16%, de 8,26% antes; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 8,78%, de 8,87%, na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações norte-americano fecharam o dia com mais de 1% de alta, com o Dow Jones e o S&P 500 em máximas históricas na primeira sessão depois da divulgação do forte relatório de empregos de março. Wall Street também se beneficiou de uma expansão recorde do setor de serviços.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos principais índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:

Dow Jones: +1,13%, 33.527,19 pontos

Nasdaq Composto: +1,67%, 13.705,60 pontos

S&P 500: +1,44%, 4.077,91 pontos