São Paulo – O Ibovespa fechou em alta de 0,79%, aos 117.868,63 pontos, favorecido pelas ações dos bancos, uma correção dos últimos dias, boa performance dos papéis das empresas de alimentos e consumo. Apesar de o movimento positivo, a liquidez foi baixa por conta do feriado do dia do Trabalho, nos Estados Unidos, e os investidores mantiveram cautela em relação aos atos previstos para amanhã a favor e contra o presidente Jair Bolsonaro. Com o feriado de 7 de setembro por aqui, a Bolsa não funcionará.
Para José Costa Gonçalves, analista da Codepe Corretora, apesar da alta do setor financeiro e de outros papéis, os investidores continuam com cautela, mas “estão virando comprado e a Bolsa não apresentou maior elevação por conta da Vale (VALE3) que firmou em queda”. As ações da Vale (VALE3) perderam 1,57%.
O analista da Codepe Corretora lembrou que amanhã comemora-se o ano novo judaico, ano 5782, e “bolsas no mundo tendem a diminuir a liquidez, principalmente mercado de ouro”.
As ações das empresas exportadoras de carne como Minerva (BEEF3), Marfrig (MRFG3) e JBS(JBSS3) subiram 6,67%, 2,57% e 3,27%, respectivamente, apesar das restrições chinesas. As instituições bancárias como Itaú (ITUB4), Bradesco (BBDC 3 e BBDC4) e Santander (SANB11) avançaram 1,27%, 0,99% e 1,03% e 0,59%.
Thiago Raymon, head de estratégia da Wise Investimentos, afirmou que existe preocupação com a projeção do Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do relatório Focus, que subiu mais uma vez. “A expectativa da inflação está cada vez mais alta e a discussão em torno do índice vem pesando muito tanto aqui como no exterior”.
Para a equipe da Ouro Preto Investimentos, o Ibovespa é muito exposto a commodities, mas tenta subir um pouco com a “leve correção dos setores bancários e de varejo que não estão diretamente ligados a commodities e têm leve ajuste, mas não dá para dizer que é uma alta firma, os investidores seguem com cautela e o volume hoje é muito baixo”, afirmou.
A equipe da Ouro Preto Investimentos comentou que o movimento é de cautela à espera dos protestos de amanhã. “Não vai haver nada em direção à ruptura, por mais que o Bolsonaro tenha radicalizado mais o discurso. Acreditamos mais em ruídos que algo concreto, porque o presidente está sem apoio dos militares, dos empresários, só tem os apoiadores, então é difícil de seguir nessa linha de ruptura, o Congresso pode romper com ele”.
Para Ricardo Éboli, chefe de mesa da Axia Investing, o nosso cenário político é conturbado e o presidente Bolsonaro fez com que o econômico também ficasse agitado. “as incertezas políticas e as manifestações programadas para amanhã devem trazer instabilidade para a nossa Bolsa”.
Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, afirmou que com os boatos e incertezas em relação aos atos de 7 de setembro, somados ao ambiente de baixa liquidez com o feriado nos Estados Unidos “podem gerar solavancos nos preços dos ativos, com aversão ao risco”. O economista-chefe da Ativa Investimentos comentou que apesar de ser observadas manifestações antidemocráticas por parte de alguns apoiadores “não acreditamos em atritos”.
Ubirajara Silva, gestor da Galapagos Capital, afirmou que em razão do feriado de hoje nos Estados Unidos e amanhã será a vez do Brasil, “o dia deve ser de negócios reduzidos no pregão de hoje na Bolsa”.
O gestor da Galapagos comentou que o mercado deve acompanhar como será a manifestação de amanhã do 7 de setembro em meio à elevação do tom do presidente Jair Bolsonaro na sexta-feira e no final de semana. “Os ativos devem ficar mais pressionados na sessão de hoje. O Brasil continua performando pior que os pyers internacionais devido à crise entre os poderes e os dados mais fracos da economia brasileira corroboram para esse movimento”. Na semana passada o Produto Interno Bruto (PIB) -caiu 0,1%- e a produção industrial-baixou 1,3% em julho ante junho- vieram abaixo das expectativas do mercado.
O dólar comercial fechou em R$ 5,1760, com queda de 0,17%. A sessão foi marcada pelas expectativas do mercado com as manifestações desta terça, Independência do Brasil. Devido ao feriado nos Estados Unidos, todas as atenções se voltaram para o cenário doméstico, em um mercado cauteloso.
De acordo com o economista da Tendências Consultoria, Silvio Campos, “a queda do dólar é mais um ajuste técnico, mas em curto prazo existe uma tendência altista. Os fatores internos como as manifestações previstas para o feriado, além das questões fiscais e políticas, tornam o ambiente delicado”.
Campos também vê um cenário global desfavorável ao dólar, com uma certa acomodação da moeda norte-americana. Ele, porém, é reticente: “O contexto é de instabilidade. Existe muita possibilidade de volatilidade”, ressalta o economista.
Uma fonte ouvida pela CMA sublinha a preocupação do mercado: “O que vai acontecer amanhã ainda é uma incógnita, inibindo a maior valorização do real. Caso o cenário seja pacífico, a moeda brasileira tende a se valorizar ainda mais ao longo da semana”, pontua. O cenário contrário, porém, traria consequências negativas.
Segundo o estrategista de renda variável da Ouro Preto Investimentos, Bruno Komura, “embora o Bolsonaro tenha intensificado os ataques, vejo isso muito mais como um movimento de sinalização para a sua base do que uma ruptura. Já faz parte das eleições de 2022”.
Komura, no entanto, pondera um risco maior que o político: “O cenário fiscal continua muito delicado. Ainda ninguém sabe o que será feito com os precatórios, e isso ainda deve gerar muita volatilidade”, pontua. Para o estrategista, a semana será positiva, sem grandes notícias.
As taxas dos contratos futuros de Depósito Interfinanceiro (DI) encerraram a sessão, na sua maioria, em queda, acompanhando o desempenho do dólar comercial. O vencimento mais curto foi o único q subiu, refletindo a expectativa de alta da inflação no Boletim Focus divulgado na manhã de hoje pelo Banco Central (BC).
A sessão foi marcada pela baixa liquidez e alta volatilidade devido ao feriado nos Estados Unidos, além de uma preocupação do investidor pelo lado político interno, aguardando o desfecho das manifestações marcadas para amanhã no Brasil.
Ao final da sessão regular, o DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 6,875%, de 6,845% no ajuste de sexta-feira; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 8,635%, de 8,665%; o DI para janeiro de 2025 ia a 9,80%, de 9,83% antes; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 10,27%, de 10,35%, na mesma comparação.