São Paulo – Após oscilar entre altas e quedas ao longo do pregão, o Ibovespa fechou em alta de 0,51%, aos 106.669,90 pontos, com a entrada de investidores estrangeiros em ações de peso para o índice e uma leve melhora do humor no exterior, já que as negociações sobre estímulos econômicos nos Estados Unidos serão retomadas. Esses fatores compensam a cautela vista com o aumento de medidas de restrição social em função do avanço da segunda onda da pandemia de coronavírus, que pesou mais cedo.
Para o analista da Guide Investimentos, Henrique Esteter, o Ibovespa tem mostrado um bom desempenho mesmo em dias mais negativos no cenário internacional, o que se deve principalmente à volta de investimentos estrangeiros.
“Vimos a entrada de mais de US$ 20 bilhões só no mês de novembro, isso é importante pois o fluxo gringo estava muito negativo. Há uma perspectiva de que a vitória de Joe Biden nos Estados Unidos pode ser mais positiva para países emergentes e isso levou busca por ativos que estavam descontados, como Petrobras e bancos”, disse.
Os papéis da Petrobras (PETR3 0,90%; PETR4 1,14%) voltaram a acelerar ganhos no fim do pregão e os papéis do setor financeiro, como Banco do Brasil (BBAS3 0,99%) e B3 (B3SA3 2,34%) também impulsionaram o Ibovespa.
No exterior, as Bolsas norte-americanas passaram a subir na etapa final do pregão após notícias de que membros do Congresso voltarão a se reunir entre hoje e amanhã para retomar as negociações sobre uma nova rodada de estímulos, segundo a equipe do líder da minoria no Senado, o democrata Chuck Schumer. Além disso, as ações de empresas norte-americanas de tecnologia, como Netflix e Alphabet, voltaram a subir com mais força.
Porém, ainda há cautela com dúvidas sobre os impactos nas economias das novas medidas de isolamento social que estão sendo anunciadas. Na cidade de Nova York, as escolas públicas foram fechadas a partir de hoje e há expectativas de novas medidas em breve. Outros países na Europa e na Ásia também estão vendo o aumento de casos e tem tomado mais ações de prevenção. Por outro lado, as vacinas em estudo contra a covid-19 seguem mostrando avanços.
As maiores do Ibovespa foram da Petro Rio (PRIO3 29,94%), da Gol (GOLL4 4,92%) e da Azul (AZUL4 4,02%). As ações da PetroRio dispararam depois que a empresa fechou um acordo com a britânica BP para a aquisição de participações em dois campos de petróleo por US$ 100 milhões, o que deve aumentar sua produção. Já as maiores quedas foram da Cogna (COGN3 -2,92%), da BRF (BRFS3 -2,48%) e da Marfrig (MRFG3 -2,49%), que devolvem altas recentes.
Amanhã, a agenda de indicadores está esvaziada, mas devem ser observados a decisão do banco central chinês sobre sua política monetária e o índice de confiança da zona do euro.
Para a economista-chefe da Reag Investimentos, Simone Pasianotto, a pandemia ainda deve continuar a ser monitorada e ser o principal gatilho de movimentos no curto prazo, o que ainda pode trazer volatilidade para os mercados. “Ainda vejo esse vai e vem, a segunda onda é o maior fator de incerteza e tudo o que acontece lá fora reverbera aqui”, disse.
O dólar comercial fechou em queda de 0,41% no mercado à vista, cotado a R$ 5,3140 para venda, renovando o menor valor de fechamento desde 17 de setembro (quando encerrou a R$ 5,2320), influenciado pelo desempenho positivo das principais moedas de países emergentes, enquanto mais um fluxo de entrada de recursos estrangeiros corroborou para a queda da moeda.
O diretor superintendente de câmbio da Correparti, Jefferson Rugik, destaca o viés de volátil e de amplitude da moeda ao longo da sessão, que operou em alta em boa parte da primeira parte dos negócios. “Acompanhou o mau humor dos investidores com o crescimento dos casos de covid-19 na Europa e nos Estados Unidos”, comenta.
No início da tarde, porém, a moeda inverteu sinal após forte oscilação, renovando mínimas sucessivas a R$ 5,30, em meio ao “forte fluxo de entrada de recursos de investidores estrangeiros rumo a B3”, ressalta o profissional da Correparti, acrescentado que ao longo da sessão, o dólar exibiu poucas oscilações em comportamento “lateral” seguindo as principais divisas de países emergentes.
O peso mexicano e a lira turca se valorizaram em mais de 1% e ao redor de 2%, respectivamente, ante o dólar. A moeda turca reagiu à decisão do Banco Central da Turquia que elevou a taxa referencial de juros de 10,25% para 15%, diante a forte desvalorização da divisa.
Amanhã, em meio à agenda de indicadores esvaziada, o economista da Guide Investimentos, Alejandro Ortiz, acredita que pode haver um reajuste diante as quedas recentes da moeda, mas chama a atenção para o atual nível. “Esse patamar de R$ 5,30 não é sustentável visto que a classe política, seja o legislativo ou o executivo, não deu nenhuma sinalização de mudança quanto ao cenário fiscal”, avalia.
As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) encerram a sessão com leves oscilações, ensaiando um ligeiro viés positivo, porém próximas aos ajustes da véspera, com os investidores sustentando os prêmios embutidos na curva a termo ontem após a frustração com o leilão do Tesouro hoje. A oferta de títulos não contemplou a demanda por papéis mais longos, elevando a desconfiança com a estratégia da autarquia, diante da necessidade de financiamento da dívida pública.
Ao final da sessão regular, o DI para janeiro de 2022 ficou com taxa de 3,29%, de 3,28% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 terminou projetando taxa de 4,98%, de 4,95% após o ajuste ontem; o DI para janeiro de 2025 encerrou em 6,80%, de 6,79%; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 7,60%, de 7,59%, na mesma comparação.
Os principais índices de ações do mercado norte-americano reverteram as perdas do início do dia para terminarem a sessão em alta, impulsionados pelo setor de tecnologia, que guiou os ganhos do mercado durante boa parte do ano.
Confira a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:
Dow Jones: +0,15%, 29.483,23 pontos
Nasdaq Composto: +0,87%, 11.904,71 pontos
S&P 500: +0,39%, 3.581,87 pontos
