Bolsa sobe e dólar cai por fluxo externo, vacina e setor de energia

833

São Paulo – O Ibovespa manteve o bom humor e encerrou o pregão desta sexta-feira com ganho de 1,20% aos 116.221,58 pontos. A B3 começou com os negócios tímidos no período da manhã e foi ganhando ritmo com o avanço das ações da Petrobras e do setor de energia elétrica. Mas, o que realmente impulsionou a movimentação do índice foi a notícia da compra pelo governo federal das vacinas da empresa farmacêutica norte-americana, Pfizer, e da belga Janssen, subsidiária da Johnson& Johnson.

O governo divulgou que concluiu o processo de negociação com as duas empresas e que assinou o contrato para a compra de 100 milhões de doses da Pfizer – 13,5 milhões entregues entre abril e junho e outros 86,5 milhões de julho a setembro – e 38 milhões de doses da Janssen – 16,9 milhões estão previstas para ser entregues de julho a setembro e 21,1 milhões de outubro a dezembro.

As negociações com as duas farmacêuticas já haviam sido anunciadas anteriormente. No Brasil, apenas a vacina da Pfizer possui registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Para Rodrigo Moliterno, analista da Veedha Investimentos, essa compra sinaliza que agora o governo está se preocupando com a pandemia. “O mercado captou esse fator positivo. Essa notícia traz um bom humor para todos, as pessoas serão vacinadas e retornaram ao trabalho e o consumo será ativado”, afirma. Mas, ele alerta sobre as questões fiscais. “Teremos que ficar de olho no Congresso para ver a questão fiscal.”

O dólar comercial fechou em queda de 1,47% no mercado à vista, cotado a R$ 5,4850 para venda, no menor valor de fechamento desde 25 de fevereiro e engatando o quarto recuo seguido, em sessão em que a desvalorização da moeda prevaleceu em meio à entrada de um fluxo de recursos estrangeiros na bolsa brasileira, a B3, em movimento descolado do exterior.

Na semana, marcada pela alta da taxa básica de juros (Selic) pela primeira vez em quase seis anos pelo Banco Central (BC), saindo do menor piso histórico de 2,00% para 2,75%, alta acima da esperada pelo mercado, a moeda norte-americano acumulou perdas de 1,35%, na segunda semana seguida de sinal negativo.

O economista da Guide Investimentos, Alejandro Ortiz, avalia que a queda no pregão, com o real tendo um dos melhores desempenhos entre as divisas de países emergentes, refletiu a postura mais “hawkish” (dura) do BC nesta semana, com a alta da taxa em 0,75 ponto percentual (pp), além de sinalizar no comunicado que deverá promover uma alta na mesma magnitude na próxima reunião, em maio.

“Refletiu em aumento da atratividade dos ativos de renda fixa domésticos, fomentando uma demanda ligeiramente maior por reais”, comenta sobre a entrada de fluxo na B3, refletindo numa queda de mais de 2% do dólar no movimento intradiário.

Lá fora, o rendimento das taxas dos juros futuros dos títulos do governo norte-americano, as treasuries, voltaram a subir hoje, com o vencimento de 10 anos (T-Note) ficando ao redor de 1,73%, reagindo também à decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco dos Estados Unidos).

Na próxima semana, a agenda de indicadores estará carregada com a prévia da inflação doméstica neste mês, além da divulgação da ata do Comitê de Política Monetária, no qual Ortiz ressalta que o mercado aguarda uma postura em linha com o comunicado divulgado na quarta-feira. “O que pode trazer mais alívio ao dólar”, diz. Lá fora, tem a decisão de política monetária da China e falas do presidente do Fed, Jerome Powell, ao longo da semana.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) fecharam em alta ao término de uma semana na qual os investidores mostraram-se divididos entre o desalento com a desastrosa gestão da pandemia e a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) de elevar sua taxa básica de juro, a Selic, em 75 pontos-base, a 2,75% ao ano.

Com isso, o DI para janeiro de 2022 encerrou com taxa de 4,615%, de 4,595% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 6,220%, de 6,185%; o DI para janeiro de 2025 ia a 7,59%, de 7,41% ontem; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 8,08%, de 7,87%, na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações norte-americanos terminaram a última sessão da semana sem uma direção comum, com o Dow Jones e o S&P 500 perdendo terreno depois que o Federal Reserve (Fed, o banco central do país) decidiu não estender uma regra temporária que relaxa as exigências de capital dos bancos, o que pressionou o setor financeiro.

Confira a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:

Dow Jones: -0,71%, 32.627,97

Nasdaq Composto: +0,75%, 13.215,20 pontos

S&P 500: -0,06%, 3.913,10 pontos