Bolsa sobe e dólar cai puxados por recuperação externa

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São Paulo – A Bolsa fechou em alta de 1,29%, aos 110.294,73 pontos, em um dia em que os investidores reagiram positivamente ao acordo costurado entre os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e o ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre o pagamento dos precatórios e o financiamento do novo Bolsa Família.
Somado a isso, a recuperação das bolsas internacionais contribuiu para o ganho na sessão desta terça-feira, após a forte queda da véspera com a crise da Evergrande. Os investidores mantiveram atentos no aguardo de uma solução, por parte do governo da China, para o problema da gigante chinesa do setor imobiliário.
As reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central e do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano) também ficaram no radar do mercado.
Alison Correia, CEO da Top Gain afirmou que o acordo de hoje sobre os precatórios em que o governo pode pagar R$ 39 bilhões em 2022 e os R$ 50 daqui a dois anos, no total R$ 89 bilhões “animou o mercado porque influencia na credibi9lidade que o governo tem perante o investidor”.
Para Eduardo Marzbanian, analista técnico da Wise Investimentos, o mercado teve uma recuperação na sessão de hoje “à espera de uma atitude do governo chinês quanto à crise de solvência da Evergrande, mas ainda devemos ficar atentos porque ainda é uma incógnita essa situação”.
Marzbanian também comentou que a tentativa de acordo para a questão dos precatórios também deu um alento ao mercado, mas ressaltou que a tendência ainda é de baixa no curto prazo. “Existem muitos desafios , no cenário interno como crise hídrica e inflação”.
Luiz Henrique Wickert, analista sênior da plataforma sim;paul, afirmou que a reunião do ministro da Economia e com os presidentes da Câmara e Senado mostrou que houve um entendimento entre os poderes e favoreceu o movimento positivo na Bolsa. “O primeiro alívio do mercado é que tem algum tipo de consenso de não ultrapassar o teto de gastos. Essa solução de pagar o que for possível este ano e prorrogar parte para o ano que vem foi ventilada, mas temos de ver como vai caminhar a tramitação no Congresso.”
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) disse que será instalada, ainda hoje, uma comissão especial para debater a PEC dos precatórios.
O analista sênior da plataforma sim; paul enxergou com bons olhos esse acordo. “É uma sinalização positiva depois do ambiente ruim de briga entre os poderes”.
O dólar comercial fechou em R$ 5,2860, com queda de 0,86%. Este movimento reflete o otimismo do mercado com a reunião entre os presidentes da Câmara, Arthur Lira, e Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), junto ao ministro da Economia, Paulo Guedes, para costurar um acordo que solucione os precatórios.
De acordo com a economista da Toro, Thayná Vieira, “o mercado vê, com essa reunião, o respeito ao teto de gastos, e isso alivia muito os receios fiscais”.
Se por um lado existe praticamente um consenso que a Selic (taxa básica de juros) irá subir 1 ponto percentual, por outro a expectativa é que o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) mostre alguma surpresa: “Os investidores estão na expectativa de quando irá começar o tapering (remoção de estímulos). Estamos esperando o pronunciamento do Jerome Powell”, pontua Vieira.
Para os analistas da Ouro Preto Investimentos, “ainda não se sabe o que irá acontecer na China, se irá haver uma intervenção do governo”. Para os analistas, ontem um certo exagero, mas o movimento de hoje não deve ser visto como corretivo.
Por mais que grande parte do mercado espere por um aumento de 1% na taxa Selic, sem grandes surpresas, o discurso pós-reunião do Copom é aguardado. O mesmo ocorre com a reunião do Fomc “pois vários diretores da instituição têm se posicionado com uma postura mais hawkish (a favor da remoção de estímulos). É difícil que a injeção de liquidez comece agora, mas essa surpresa pode acontecer”, avalia a Ouro Preto.
De acordo com o economista da Tendências Consultoria, Sílvio Campos, “seguimos condicionados com o movimento externo, mas observamos uma tentativa de correção técnica. Contudo, a falta de uma definição do que irá acontecer na China ainda mantém o câmbio volátil”.
Embora não sejam aguardadas surpresas, a reunião do Fomc e Copom também estão no radar: “Espera-se alguma sinalização do Fed de quando os estímulos começarão a ser retirados”, pontua Campos.
“Qualquer possibilidade tem muito mais aspectos negativos. Das opções, a melhor é a que menos muda as regras fiscais, de certo modo isso seria um alívio”, fala Campos referindo-se ao imbróglio fiscal que persiste há semanas, em especial os precatórios.
As taxas dos contratos futuros de Depósito Interfinanceiro (DI) fecharam em queda, com exceção dos vencimentos de curto prazo, focados à complexa situação da Evergrande, gigante do setor imobiliário chinês, e na expectativa do impacto nas economias globais. Somado a isso, investidores ficaram à espera das reuniões do Copom e do Fed para quarta-feira.
Ao final da sessão regular, o DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 7,100%, de 7,080% no ajuste de ontem; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 8,835%, de 8,985%; o DI para janeiro de 2025 ia a 9,840%, de 10,130% antes e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 10,300%, de 10,540%, na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar à vista operava em baixa de 0,93%, cotado a R$ 5,2820 para venda.
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo misto em uma tentativa fracassada de Wall Street de tentar reverter as perdas de ontem.
Confira abaixo a variação e a pontuação dos principais índices de ações dos Estados Unidos por volta de 17h26 (de Brasília):
Dow Jones: -0,15%, 33.919,84 pontos
Nasdaq Composto: +0,22%, 14.746,4 pontos
S&P 500: -0,08%, 4.354,19 pontos