Por Danielle Fonseca e Flavya Pereira
São Paulo – O Ibovespa subiu 0,46%, aos 106.556,88 pontos, mostrando uma correção depois de dois pregões seguidos de queda, em meio a dados mais positivos da economia doméstica. Porém, o impasse para China e Estados Unidos assinarem a primeira fase de um acordo comercial e alguma cautela antes do feriado amanhã impediram que o índice ampliasse ganhos. O volume negociado foi de R$ 17,9 bilhões. Mesmo com a alta de hoje, o Ibovespa caiu 1% na semana.
“As últimas sessões foram mais negativas, e estamos vendo uma correção. O dia também é um pouco mais positivo para commodities e tivermos um IBC-Br melhor”, disse o analista da Necton Corretora, Glauco Legat. Investidores ficaram pouco mais otimistas com a economia depois que o Indice de Atividade Econômica (IBC-Br) do Banco Central IBC-Br registrou em alta de 0,44% em setembro em relação a agosto, atingindo 139,32 pontos, maior nível do ano. A alta é maior que a esperada, de +0,33%, conforme mediana calculada pelo Termômetro CMA.
Ontem, dados do varejo também tinham mostrado alta, o que ajudou, junto ainda com os últimos balanços trimestrais, a impulsionar ações de empresas varejistas e ligadas ao consumo doméstico, como os papéis da BR Malls (BRML3 4,51%), Azul (AZUL4 4,30%), Conga (COGN3 6,20%) e Cogna (COGN3 5,48%), que ficaram entre as maiores altas do Ibovespa.
A maior alta, no entanto, foi dos papéis da Via Varejo (VVAR3 7,83%), que atraíram compras depois de cair ontem e na abertura do pregão com a notícia de investigação de fraudes no balanço e um resultado financeiro fraco no terceiro trimestre.
Na contramão, as maiores baixas do índice foram da MRV (MRVE3 -4,89%), Braskem (BRKM5 -4,03%) e Suzano (SUZB3 -2,66%).
No exterior, as bolsas norte-americana fecharam perto da estabilidade com a continuidade de incertezas sobre a assinatura da primeira fase do acordo comercial entre China e Estados Unidos, que estava prevista para ocorrer em meados deste mês. Há notícias que os dois países estão tendo dificuldades para concluir as negociações.
Na semana que vem, investidores devem continuar esperando novidades da guerra comercial, além de aguardarem a ata do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano). “O cenário ainda é positivo para o Ibovespa depois de duas semanas negativas, mas ainda podemos depender muito do exterior, da questão comercial, sendo que semana que vem há outro feriado na quarta-feira”, disse o analista da Mirae Asset Corretora, Pedro Galdi.
O dólar comercial fechou estável no mercado à vista, cotado a R$ 4,1910 para venda, depois de fortes oscilações ao longo do pregão chegando a renovar a máxima intraday do ano, a R$ 4,1990 (+0,19%) em meio à cautela do mercado à véspera do feriado doméstico, além do exterior. Já o contrato para dezembro, por sua vez, operou em alta firme chegando a operar acima de R$ 4,20. Na semana, mais curta, a moeda se valorizou em 0,55%.
“O mercado ficou mais parado à tarde. Como é feriado só no Brasil, os investidores se defenderam. O Banco Central deve ter visto que era liquidez reduzida e por isso, não interveio no mercado. Mas se na segunda-feira seguir nesse patamar, ele pode anunciar alguma medida para conter a valorização da moeda”, diz o diretor de câmbio do Ourominas, Mauriciano Cavalcante.
Para o economista e CEO da Veedha Investimentos, Rodrigo Tonon, não tem justificativa para o dólar, neste cenário, apresentar maior depreciação. “Nesta semana tivemos diversos fatores que corroboraram para a desvalorização da moeda. Aliás, já vem da semana passada. É preciso seguir observando a guerra comercial e os conflitos na América Latina”, comenta.
Segundo o economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira, no exterior, o que se mostrava um panorama positivo da guerra comercial, com a China sinalizando boa vontade caso os Estados Unidos baixassem as tarifas, se converteu em frustração, com mais um recuo por parte de Trump. “Neste mês, temos mais incertezas do que inicialmente se imaginava e pode ser um período de maior volatilidade”, reforça.
Na segunda-feira, na volta do feriado local, o mercado deverá se ajustar ao noticiário e aos indicadores do exterior. Amanhã, nos Estados Unidos, saem os dados de produção industrial e de vendas no varejo com o mercado prevendo altas de 0,1% e de 0,2%, respectivamente. Enquanto os desdobramentos das tratativas comerciais entre Estados Unidos e China seguem no radar dos investidores.