Bolsa sobe e volta a superar os 100 mil pontos; dólar cai

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São Paulo – O Ibovespa ampliou ganhos no fim do pregão e encerrou em alta de 0,87%, aos 100.031,83 pontos, voltando a superar a barreira dos 100 mil e encerrando no maior patamar de fechamento desde o dia 5 de março (102.233.24 pontos).

O índice refletiu o tom mais positivo de Bolsas no exterior após o anúncio de avanços no tratamento contra o coronavírus, embora o aumento de casos da doença siga batendo recordes em países como os Estados Unidos. O volume total negociado foi de R$ 24,3 bilhões. O Ibovespa também fechou em alta de 3,38% na semana, a segunda semana consecutiva de ganhos.

Segundo a Gilead Sciencies, um estudo mostrou que o seu medicamento remdesivir trouxe uma redução de 62% no risco de mortalidade nos usuários quando comparado com a forma de tratamento tradicional da doença, o que ajudou a dar algum impulso para os mercados.

Embora avanços em testes estejam ocorrendo, os casos diários de covid-19 no território norte-americano também bateram novo recorde ao somarem 63,2 mil, depois de 60 mil no dia 7 de julho, segundo dados da Universidade Johns Hopkins. Os estados da Flórida, Texas, Califórnia e Arizona são os com maiores aumentos de infectados, o que segue mantendo incertezas sobre o ritmo de retomada da economia, já que muitas cidades voltaram a tomar medidas de isolamento social.

“Esse tipo de notícia ajuda, já se falava que o remdesivir estava tendo sucesso. Mas ainda é um paliativo, não resolve o problema como uma vacina”, disse o analista da Necton Corretora, Gabriel Machado.

A notícia também colaborou para que o índice voltasse a superar a barreira dos 100 mil pontos, depois de já tentado ontem e voltado a ceder. O também analista da Necton Corretora, Márcio Gomes, destacou que o nível é uma barreira “forte” e até psicológica, e vê blue chips como as ações de bancos impedindo o índice de sustentar em patamares mais elevados. “Ações como as do Bradesco estão descontadas, há uma aversão ao risco relacionada principalmente a bancos”, disse.

Os papéis do setor mostraram volatilidade hoje, mas aceleraram no fim da sessão, caso do Bradesco (BBDC4 1,32%). Outros papéis de peso como os da Petrobras (PETR4 1,63%), que refletiram a valorização dos preços do petróleo, também ajudaram.

Já as maiores altas do Ibovespa foram da CVC (CVCB3 13,00%), da Cogna (COGN3 10,70%) e da Hering (HGTX3 6,65%). A CVC anunciou que fará um aumento de capital de até R$ 301,7 milhões por meio da emissão de até 23,5 milhões de ações ordinárias. Já a Cogna tem mostrado desempenho em função da oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) da sua subsidiária Vasta.

Na contramão, as maiores perdas foram da Eletrobras (ELET3 -1,33%; ELET6 -1,92%), que devolveram ganhos de ontem, além da Qualicorp (QUAL3 -2,10%) e Grupo NotreDame Intermédica (GNDI3 -1,78%).

A agenda de segunda-feira não conta com muitos indicadores, mas investidores devem continuar monitorando a evolução da pandemia, principalmente nos Estados Unidos.

O especialista em ações da Levante Investimentos, Eduardo Guimarães, afirma que está otimista com a Bolsa e com a possibilidade de ela se manter em patamares mais elevados, mas destaca que ainda há muita incerteza e que a subida não será rápida. “Não vamos ver a mesma pernada que já teve desde abril, o pior da crise. Ainda há muitos riscos”, disse.

O dólar comercial fechou em queda de 0,26% no mercado à vista, cotado a R$ 5,3230 para venda, em mais uma sessão de intensa volatilidade, acompanhando o movimento da moeda no exterior que operou em meio à uma busca por risco, mas calibrando com as notícias sobre o aumento no números de casos confirmados na nova onda de contágio pelo novo coronavírus, o que vem gerando incertezas quanto a retomada econômica global e instabilidade na taxa de câmbio.

“Em mais uma sessão de instabilidade, o movimento foi de busca por risco lá fora. Embora o ambiente externo exija cuidados com a nova onda de proliferação da covid-19, em particular nos Estados Unidos, investidores acreditam na retomada das atividades antes dos prazos inicialmente estimados”, comenta o diretor da Correparti, Ricardo Gomes.

Na semana, a moeda encerrou com ligeira queda de 0,02%, após exibir forte volatilidade nos cinco pregões reagindo a números melhores do que esperado, porém, a preocupação com a pandemia do novo coronavírus permanece, com avanço da covid-19 em algumas regiões dos Estados Unidos, principalmente.

“Novas restrições às atividades devem ainda ser observadas em alguns países, mesmo que mais localizadas. Enquanto não houver uma vacina ou remédio eficaz, o risco de fechamento amplo e sincronizado das economias pode contribuir para atrasar ou mesmo limitar a recuperação econômica. Além de poder limitar a melhora dos mercados”, avalia a equipe econômica do Bradesco.

A próxima semana será carregada de indicadores de atividade dos Estados Unidos, da Europa e da China, como o Produto Interno Bruto (PIB) do país asiático no segundo trimestre, além da decisão de política monetária do Banco Central Europeu (BCE). Segundo os analistas do Bradesco, a expectativa é de que os números indiquem “continuidade de melhora” das economias, porém, “mais moderada” do que o observado nos últimos meses.

Para a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, além de indicadores com potencial de gerar uma pressão altista na moeda, investidores devem ficar atentos durante o fim de semana na relação comercial entre Estados Unidos e China, no qual o governo norte-americano pode aplicar algum tipo de sanção aos chineses. Isso após o governo do país asiático inaugurar um escritório de Segurança Nacional em Hong Kong após a aprovação da nova lei de segurança nacional de Pequim na semana passada.