Por Danielle Fonseca e Flavya Pereira
São paulo – Após oscilar entre altas e baixas em boa parte do pregão, o Ibovespa se firmou no campo positivo no final do dia e fechou com ganhos de 0,60%, aos 107.707,75 pontos, passando a acompanhar o maior otimismo no cenário externo.
O índice ainda foi impulsionado por uma aceleração de ações de varejistas e de bancos, em meio a uma redução da liquidez nos mercados em função do feriado do Dia de Ação de Graças nos Estados Unidos amanhã, quando as Bolsas do país ficarão fechadas. O volume total negociado foi de R$ 15,5 bilhões.
“Na falta de mais notícias do mercado doméstico hoje, o Ibovespa passou a acompanhar o cenário lá fora. O S&P segue renovando máximas, já que as negociações comerciais entre China e Estados Unidos estão avançando e alguns indicadores vieram mais fortes, como o PIB”, disse o economista da Guide Investimentos, Victor Beyruti.
Wall Street fechou em alta depois que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou ontem que as negociações comerciais com a China estão em “fase final”. Já o PIB veio acima do esperado pelo mercado e teve leituras anteriores revisadas para cima.
Entre as ações, as de varejistas aceleraram ganhos e encerraram entre as maiores altas do índice, caso do Magazine Luiza (MGLU3 5,95%), da B2W (BTOW3 4,64%), da Lojas Americanas (LAME4 4,10%) e da Via Varejo (VVAR3 4,03%). As ações da Yduqs (YDUQ3 4,69%) também ficaram entre as maiores altas.
O Magazine Luiza informou que fechou uma parceria com a empresa Linx para integrar o sistema Omnichannel no marketplace do Magalu, incluindo a Netshoes, que permitirá aos usuários do sistema publicar seu catálogo de produtos online e offline no marketplace e acelerar suas vendas. Além disso, há expectativa de que as varejistas possam aumentar vendas na próxima sexta-feira, a chamada “Black Friday”.
Ainda deram suporte à alta do Ibovespa os papéis de bancos, como do Bradesco (BBDC4 1,67%) e do Banco do Brasil (BBAS3 2,67%).
Na contramão, as maiores quedas foram da MRV (MRVE3 -3,75%), do Grupo Notre Dame Intermédica (GNDI3 -2,53%) e da Hypera (HYPE3 -2,09%).
Mais cedo, o Ibovespa mostrou maior volatilidade com investidores preocupados com o dólar, que encerrou em alta e acima de R$ 4,25, renovando o recorde de fechamento pelo terceiro dia seguido, mesmo com nova atuação do Banco Central (BC). Há receio que o novo patamar de negociação da moeda possa impactar a inflação e impedir mais cortes da Selic.
Amanhã, com feriado nos Estados Unidos, o economista da Guide acredita que o pregão pode ser mais “morno” e com menor volume de negócios, lembrando que na sexta-feira, os mercados norte-americanos ainda têm horário de funcionamento reduzido. O feriado ainda deixa a agenda de indicadores mais esvaziada, com as atenções devendo se manter em cima do noticiário sobre a guerra comercial e sobre o dólar.
O dólar comercial fechou em alta de 0,40% no mercado à vista, cotado a R$ 4,2580 para venda, e renova a máxima histórica pelo terceiro pregão seguido, ignorando mais uma atuação do Banco Central (BC) no mercado. Investidores locais buscaram proteção à véspera de um feriado nos Estados Unidos, o que resultou em liquidez reduzida, além da preparação para a Ptax de fim de mês, na sexta-feira.
“O dólar operou por todo o dia em alta testando novamente os níveis próximos aos R$ 4,27 e chamando o BC para o jogo”, comenta o analista da Correparti, Ricardo Gomes Filho.
A autoridade monetária interveio no mercado no início da tarde com o leilão de venda de dólares no mercado à vista, ofertando um lote mínimo de US$ 1,0 bilhão, como nas duas operações realizadas ontem. “Ao passo que o dólar se estabiliza em níveis de máximas históricas, o BC marca presença com operações pontuais no mercado à vista”, acrescenta.
O analista ressalta que indicadores divulgados nos Estados Unidos como o Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre acima do esperado, com crescimento de 2,1% na segunda leitura do dado corroboram para um ambiente “mais propício” para a valorização do dólar” também no exterior.
Amanhã, analistas apostam em volatilidade em meio ao feriado de ação de graças nos Estados Unidos, que reduzirá a liquidez global, enquanto aqui, será véspera de formação de preço da taxa Ptax – média das cotações apuradas pelo Banco Central – de fim de mês. “A puxada do dólar hoje já é o início da tradicional disputa entre comprados e vendidos. Amanhã, tende a ser uma sessão de muita volatilidade”, comenta o diretor da corretora Mirae Asset, Pablo Spyer.