Bolsa sobe pelo 5º dia seguido com destaque para varejistas e setor de educação; dólar cai

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São Paulo- A Bolsa fechou em alta pelo quinto dia consecutivo e os destaques positivos ficaram para as empresas ligadas à educação, após o balanço da Yduqs (YDUQ2), que agradou o mercado e contagiou o setor, e as ações do varejo com a expectativa de inflação menor, na sexta-feira será divulgada o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Mas a sessão de hoje foi bastante volátil, o movimento positivo firmou mais próximo ao fechamento. Na ponta negativa, o destaque ficou para as exportadoras com a queda do dólar.

Mais cedo, foi divulgada a inflação nos Estados Unidos e muitos analistas acreditam que o indicador pode mostrar que o banco central norte-americano pode manter a taxa de juros na próxima reunião e outros acreditam que a autoridade monetária pode seguir com a taxa inalterada por um tempo e depois voltar a subir.

As ações de Magazine Luiza (MGLU3) subiram 3,62%. Via (VIIA3) ganhou 3,36%. A Vale (VALE3), com maior peso no índice, caiu 1,88%. Iduqs (IDUQ3) avançou 23,80% e Cogna (COGN3) aumentou 6,97%.

A Iduqs registrou lucro líquido de R$ 149,5 milhões no 1T23, alta de 96,6% em relação ao mesmo período do ano passado.

O principal índice da B3 subiu 0,31%, aos 107.448,21 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em junho avançou 0,13%, aos 108.785 pontos. O giro financeiro foi de R$ 21,9 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam mistos.

Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, disse que “empresas estão subindo com o mercado recebendo bem os resultados do 1T23 e a inflação americana levemente mais baixa ajuda a diminuir a chance de juros mais altos nos Estados Unidos; Gol e Azul subiam com a queda do dólar e Yduqs e Cogna avançavam com a leitura pós resultado melhor para o setor”.

Guilherme Paulo, operador de renda variável da Manchester Investimentos, disse que a Bolsa está ” em um movimento de correção, após quatro pregões em alta e trabalha com a resistência dos 108 mil pontos; o setor de materiais básicos cai e de consumo sobe em meio à atenção do mercado com o arcabouço fiscal”.

Paulo acrescentou que o mercado fica “preocupado com a inflação dos EUA que apesar de ter vindo dentro do esperado- nos 12 meses encerrados em abril, o núcleo do índice de preços ao consumidor subiu 5,5%-ficou bem longe da meta de inflação de 2% dos EUA, o núcleo mostra que a inflação está disseminada e como transpareceu que o Fed vai parar de subir os juros e ainda tem no núcleo [de abril] uma inflação resiliente de 0,4% dá a impressão que a autoridade monetária vai parar e depois vai ter de retomar [a elevação] das taxas”.

Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos, disse que ontem o Ibovespa se descolou do mercado no exterior e hoje ainda tem muito ruído político.

“O governo não está conseguindo se organizar e parece que o Padilha pode ser o primeiro ministro a ser queimado, além da tramitação do arcabouço fiscal que pode levar mais tempo que o esperado, chegando a atrasar a reforma tributária”.

O dólar fechou em queda de 0,74%, cotado a R$ 4,9510. A moeda refletiu, ao longo da sessão, a menor aversão global ao risco após a divulgação da inflação norte-americana, que subiu 0,4% em abril ante março, dentro das expectativas do mercado.

Segundo o sócio da Pronto! Invest Vanei Nagem, além da inflação em linha nos Estados Unidos, o mercado projeta uma aprovação sem susto do arcabouço fiscal no Congresso. O executivo observa que a falta de notícias e ruídos internos são favoráveis à moeda brasileira.

Segundo o trader do Braza Bank Gabriel Ribeiro, o índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) foi bem digerido pelo mercado, o que faz com que o mercado se preocupe menos com a aceleração dos juros nos Estados Unidos, o que beneficia os juros e a moeda. Ele também entende que, apesar do tom mais da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o corte na Selic (taxa básica de juros) parece se aproximar.

Para o analista da Ouro Preto Investimentos Bruno Komura, “o mercado lá fora reagiu bem, e isso foi positivo para as moedas de modo geral. Trouxe um certo alívio para o mercado, pois havia o temor de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) pudesse ser mais duro na sua próxima reunião”.

Os principais índices futuros do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em campo misto, após o relatório do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) de abril registrar a maior variação anual em dois anos, o que deu impulso às ações do setor de tecnologia, impulsionando o Nasdaq a subir mais de 1%.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -0,09%, 33.531,33 pontos
Nasdaq 100: +1,04%, 12.306,4 pontos
S&P 500: +0,44%, 4.137,64 pontos

Com Paulo Holland,  Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA