Bolsa sobe puxada por ações de bancos e Vale; dólar fecha em queda

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Por Danielle Fonseca e Flavya Pereira

São Paulo – O Ibovespa fechou o primeiro pregão do mês em alta de 0,64%, aos 108.927,83 pontos, puxado pelas ações da Vale, de siderúrgicas e de bancos, que fizeram o índice se descolar da queda das principais Bolsas no exterior e ignorar a notícia de que os Estados Unidos vão taxar o aço e o alumínio brasileiros.

Mais cedo, o índice chegou a subir ainda mais, atingindo a máxima de 109.278,67 pontos, voltando a se aproximar do recorde histórico intradiário de 109.671,91 pontos (do dia 7 de novembro). O volume total negociado foi de R$ 16,9 bilhões.

“Não há muitas notícias hoje, o dia está relativamente fraco, mas os bancos estão com um tom bastante positivo, mostrando uma recuperação na margem”, disse o analista da Necton Corretora, Glauco Legat.

Depois de quedas na semana passada, refletindo mudanças nas regras do cheque especial, os papéis de bancos fecharam com altas expressivas, caso do Itaú Unibanco (ITUB4 1,43%). As ações da Vale (VALE3 2,72%) também tiveram grande contribuição para a alta de hoje, com os papéis da mineradora acelerando ganhos ao longo do dia refletindo novas metas divulgadas durante o Vale Day, como a previsão de investimento total de US$ 5 bilhões em 2020 e 2021.

As ações de siderúrgicas são outras fecharam com ganhos significativos mesmo depois que o presidente norte-americano, Donald Trump, disse que retomará tarifas sobre produtos de aço e alumínio importados do Brasil e Argentina, acusando os dois países de desvalorizarem suas moedas.

A notícia chegou a fazer as ações do setor a abrirem em queda, no entanto, os papéis rapidamente corrigiram as perdas, com destaque para as ações da CSN (CSNA3 5,73%), que fechou entre as maiores altas do Ibovespa. As ações de siderúrgicas vinham mostrando um tom positivo desde a semana passada, em meio a anúncios de aumento de preços aço.

Ainda entre as maiores altas do Ibovespa ficaram as ações do Grupo Notre Dame Intermédica (GNDI3 4,67%), que anunciou na última sexta-feira que fará uma oferta secundária de ações, e das varejistas Via Varejo (VVAR3 4,09%) e da B2W (BTOW3 4,22%), que refletiram bons resultados da Black Friday.

Na contramão, as maiores perdas foram da RD (RADL3 -2,73%) em meio a rumores de que a Femsa negocia a compra da sua concorrente, a Drogaria São Paulo. Também tiveram fortes perdas os papéis da Qualicorp (QUAL -2,72%) e da Smiles (SMLS3 -2,45%).

No exterior, os principais índices do mercado de ações norte-americano terminaram em queda pressionados por dados econômicos e pela persistente incerteza sobre o desfecho da primeira fase do acordo comercial entre Estados Unidos e China.

Na agenda de indicadores de amanhã, o destaque é o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, que pode ajudar a dar impulso ao Ibovespa se vier acima do esperado. “Ainda esperamos um rali de final do ano, essa semana tem dados do PIB e pode ser que a gente veja algum aquecimento, dados mais consistentes de retomada em alguns setores como já vimos na temporada de balanços”, disse o chefe de renda variável da Eleven Financial Research, Carlos Daltozo.

O dólar comercial fechou em queda de 0,54% no mercado à vista, cotado a R$ 4,2180 para venda, seguindo a desvalorização global da moeda estrangeira após os dados mais fracos da atividade industrial nos Estados Unidos em novembro, enquanto na China, os dados do setor foram melhores. 

Na abertura dos negócios, o mercado local teve uma “surpresa”. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, escreveu em seu perfil no Twitter que vai retomar a cobrança de tarifas a produtos de aço e alumínio importados do Brasil e da Argentina acusando os dois países de desvalorizarem as moedas. O presidente Jair Bolsonaro respondeu que, “se for o caso”, fará contato com Trump. A moeda abriu em alta indo a R$ 4,26, mas arrefeceu até chegar ao nível de fechamento.

“Mesmo a despeito da ofensiva do presidente Donald Trump sobre o Brasil, o mercado doméstico operou com otimismo. O bom humor inicial dos investidores com resultados positivos de manufatura da China e da zona do euro se manteve durante o dia e foi suficiente para dar impulso à maioria das divisas perante o dólar”, comenta o analista da Correparti, Ricardo Gomes Filho.

Os dados da atividade industrial norte-americana, abaixo do esperado, corroboraram para a desvalorização do dólar globalmente. O índice do Instituto de Gerência e Oferta (ISM, na sigla em inglês) caiu para 48,1 pontos em novembro, de 48,3 pontos, em dado revisado em outubro. Analistas previam alta para 49,4 pontos.

Amanhã, o destaque no mercado doméstico fica para a divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre, com expectativa de crescimento de 0,50% ante o trimestre anterior, de acordo com o levantamento feito pelo Termômetro CMA. Enquanto no exterior, a agenda de indicadores será mais fraca. “Vejo que a tendência deverá ser de queda”, aposta o diretor de câmbio da Mirae Asset, Pablo Spyer.