Bolsa sobe seguindo EUA e dólar avança diante tensão com China

921

São Paulo – Após mostrar volatilidade e chegar a cair mais de 1% mais cedo, o Ibovespa fechou em alta de 0,65%, aos 103.444,48 pontos, refletindo a melhora das Bolsas norte-americanas e ganhos de ações de peso, como as da Petrobras e da Vale. Investidores viram como positiva a extensão de estímulos nos Estados Unidos, além de monitorarem discussões sobre o teto de gastos no Brasil, o que traz certa cautela. O volume total negociado foi de R$ 24,8 bilhões.

“O mercado voltou a acompanhar o mercado externo e as ações ligadas a commodities lideraram as altas, ainda com melhores expectativas em bancos”, disse o analista da Terra Investimentos, Régis Chinchila.

No exterior, a maioria dos índices norte-americanos subiu após o presidente Donald Trump assinar decretos que estenderam o benefício a desempregados, embora o valor tenha sido reduzido de US$ 600 para US$ 400 por semana, com 75% de financiamento do governo federal e o restante dos estados. A decisão veio após a demora de parlamentares republicanos e democratas para chegar a um acordo sobre o pacote de ajuda, mas recebeu críticas de democratas, que o acusam de ser ilegal e ineficiente.

Ainda no exterior, a tensão entre Estados Unidos e China é monitorada, depois que a China anunciou que vai impor sanções a 11 cidadãos norte-americanos, incluindo os senadores republicanos Ted Cruz e Marco Rubio, por suas posições sobre Hong Kong, em retaliação a medidas semelhantes que a Casa Branca impôs contra autoridades de Hong Kong na sexta-feira.

Os papéis de bancos, por sua vez, têm mostrado maior volatilidade em meio a mudanças regulatórias, depois que foi aprovado no Senado, na semana passada, o projeto de lei que limitou a cobrança de juros sobre cartão de crédito e cheque especial. Porém, conseguiram melhorar ao longo do dia, com alguns investidores aproveitando preços mais baratos, caso do Itaú Unibanco.

Por outro lado, as maiores perdas do Ibovespa foram da Totvs, do Magazine Luiza e da Hering. Vários balanços de empresas varejistas devem ser divulgados ao longo da semana, como os da Via Varejo, Lojas Americanas, B2W, Hering e Raia Drogasil, enquanto os do Magazine Luiza serão divulgados na semana que vem. Segundo Chinchila, hoje também foi divulgado o balanço do Mercado Livre, cujas ações caíam na Nasdaq, o que ajudou a puxar uma realização de lucros no setor por aqui.

Já o sócio da RJI Gestão e Investimentos, Rafael Weber, ainda destaca que com o Ibovespa acima de 100 mil pontos, investidores começaram a olhar outras questões, além de mostrarem cautela em relação à situação fiscal do Brasil. “A Bolsa já precificou uma melhora após a pandemia, agora, tem que olhar mais para frente, se a retomada vai continuar e qual vai ser a duração dos estímulos para manter essa recuperação. Tem a preocupação fiscal de quanto o governo terá que gastar, se vai alterar o teto de gastos”, disse.

Amanhã, investidores devem ficar atentos principalmente à ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), além de acompanharem a temporada de balanços.

O presidente dos Estados Unidos ter assinado o decreto para estender os benefícios sociais no país não foi suficiente para animar os investidores na sessão de hoje, dando prioridade ao momento de tensão vivido pelas norte-americanos com os chineses, após o país asiático ter anunciado sanções aos políticos e líderes de ONGs. Com isso, o dólar comercial subiu 1,03%, cotado a R$ 5,4680 para venda.

“O otimismo da manhã de hoje foi completamente ofuscado pelas sansões chinesas aos Estados Unidos. Esse é um conflito que envolve muito dinheiro e as duas maiores economias do mundo. Qualquer coisa que acontece entre os dois países é repassada para economias menores, como é o caso do Brasil”, explicou um operado de câmbio de uma grande corretora.

“O dólar segue em alta contra seus pares como medida de proteção as tensões entre EUA e China, mesmo com mercados de ações subindo existe uma cautela no cenário internacional. Hoje tivemos sanções por parte da China contra lideres de ONGs e senadores americanos”, afirmou mais cedo Régis Chinchila, analista da Terra Investimentos.

A China anunciou que vai impor sanções a 11 cidadãos dos Estados Unidos, incluindo os senadores republicanos Ted Cruz e Marco Rubio, por suas posições sobre Hong Kong, em retaliação a medidas semelhantes de Washington contra autoridades de Hong Kong na sexta-feira.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) encerram a sessão em alta, com o sinal positivo ganhando força ao longo da curva a termo, diante dos riscos fiscais crescentes. Os investidores também monitoraram o comportamento do dólar e o cenário externo, mas ficaram em compasso de espera pela ata da reunião da semana passada do Comitê de Política Monetária (Copom), a ser conhecida amanhã.

Ao final da sessão regular, o DI para janeiro de 2022 ficou com taxa de 2,69%, de 2,65% no ajuste anterior, ao final da semana passada; o DI para janeiro de 2023 terminou projetando taxa de 3,81%, de 3,76% após o ajuste na última sexta-feira; o DI para janeiro de 2025 encerrou em 5,48%, de 5,40%; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 6,44%, de 6,35%, na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações norte-americano terminaram a primeira sessão da semana mistos em meio aos decretos de estímulos assinados pelo presidente Donald Trump, à desaceleração de casos do novo coronavírus nos Estados Unidos e à escalada de tensões entre Washington e Pequim.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos principais índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:

Dow Jones: +1,30%, 27.791,44 pontos

Nasdaq Composto: -0,39%, 10.968,35 pontos

S&P 500: +0,27%, 3.360,47 pontos