Bolsa tem dia de alívio e fecha em alta com exterior, Vale e Petrobras; dólar recua

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São Paulo- A Bolsa fechou em alta em um dia de recuperação, após as perdas de sexta-feira com o temor da escalada da guerra, acompanhando o alívio no exterior. As ações da Vale (VALE3) e da Petrobras (PETR3 e PETR4) também contribuíram para os ganhos e a melhora nas projeções de inflação apontada pelo Boletim Focus.

Mais cedo, o Focus mostrou que a inflação medida pelo Indice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) caiu para 4,75%, de 4,86% este ano.

O Grupo Pão de Açúcar (PCAR3) liderou as altas do Ibovespa, fechou com ganho de 8,67%, refletindo a venda de sua participação no Éxito, da Colômbia, ao Grupo Calleja, rede de supermercados de El Salvador, por US$ 156 milhões.

As ações da Vale (VALE3) subiram 1,06% com a alta do minério de ferro. Petrobras (PETR 3 e PETR4) fechou em alta de 0,99% e 1,10% em movimento oposto ao petróleo.

As ações das aéreas avançaram beneficiadas pela queda do dólar, recuo do petróleo e dos DIs. Gol (GOLL4) avançou 6,55% e Azul (AZUL4) teve alta de 4,55%.

O principal índice da B3 subiu 0,67%, aos 116.533,85 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em outubro avançou 0,65%, aos 116.630pontos. O giro financeiro foi de R$ 17 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam no positivo.

Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos, disse que a Bolsa teve um dia recuperação, após as perdas da sexta e acompanha exterior. “Com os efeitos ainda limitados da guerra, os investidores se apoiaram no alívio das preocupações com os juros nos Estados Unidos, alta do minério de ferro em Cingapura e Dalian, o que impulsionou os papéis da Vale e, também, pela melhora nas perspectivas para inflação interna demonstrada no Boletim Focus”.

Leandro Petrokas, diretor de research, mestre em finanças e sócio da Quantzed, disse que segue o exterior.

“O alívio das tensões no Oriente Médio trouxe um clima de bom humor nos ativos de risco mundo afora e, por aqui, o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, evitou definir uma data para a votação do projeto de lei sobre taxação de fundos de alta renda, mas disse que o texto deve ser votado até a próxima semana. O PL dos fundos pode contribuir para um alívio do fiscal em 2024”.

Larissa Quaresma, analista da Empiricus Research, disse que a sessão de hoje é de recuperação dos ativos de risco.

“Na sexta sexta-feira foi dia horroroso com a percepção de que a guerra entre Israel-Hamas poderia escalar muito e com o movimento de outros países, hoje é um dia de recuperação, um pouco de correção; mas também a nossa curva de juros [os DIs futuros] está caindo e favorecendo as small caps ajudando a Bolsa”.

Outro ponto relevante aqui e que ajuda o mercado é a projeção do Boletim Focus para a inflação em 2023.

“Desde 2020 que o Focus projeta IPCA pro ano dentro da meta, por mais que não esteja no centro da meta [a meta é 3,25% com intervalo de tolerância de 1, 5 ponto porcentual] está dentro da banda-teto 4,75%- e isso é muito simbólico porque confirma a continuidade do afrouxamento monetário”, disse Larissa.

Em relação às pautas econômicas, com expectativa de votação da taxação dos fundos exclusivos, a analista da Empiricus Research disse que “qualquer definição que tiver é favorável, ainda mais diante ambiente de incerteza global”.

No mercado de câmbio, o dólar comercial fechou em queda de 1,03%, cotado a R$ 5,0352. A moeda refletiu, em especial no período da tarde, a expectativa de que a China acelere a retomada do crescimento econômico, além do mercado precificar que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) não voltará a subir os juros.

O analista da Potenza Investimentos Bruno Komura, entende que “estamos vendo certa correção, com a diminuição dos receios do endurecimento da guerra”.

Komura acredita que o real tem espaço para voltar a operar abaixo dos R$ 5,00, e que este cenário ganha força com a perspective de que o Fed não volte a subir os juros.

Para o economista da Guide Research Rafael Pacheco, os balanços nos Estados Unidos e a injeção de liquidez do Banco do Povo da China (Pboc, o banco central do país) contribuíram com a moeda brasileira: “Dólar só não cai mais devido à guerra, e isso gera incertezas”, avalia.

Da mesma forma que o dólar, as taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros(DI) fecharam em queda refletindo o otimismo com a projeção menor para a inflação do Boletim Focus, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), de 4,86% para 4,75%. A meta para a inflação no período é de 3,25%.

O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 12,190% de 12,210% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 10,915% de 10,870%, o DI para janeiro de 2026 ia a 10,690%, de 10,635%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,870% de 10,820% na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam a sessão em positivo, à medida que as traders aguardavam uma enxurrada de relatórios de lucros corporativos e ignoravam o aumento nos juros dos Treasuries.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,93%, 33.984,54 pontos
Nasdaq 100: +1,20%, 13.568,0 pontos
S&P 500: +1,05%, 4.373,63 pontos

 

 

Com Paulo Holland, Camila Brunelli e Darlan de Azevedo / Agência CMA