Bolsa tem dia volátil e fecha em leva queda pós Copom; dólar sobe

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São Paulo – A Bolsa teve uma sessão bastante instável entre altas e baixas nesta quinta-feira, descolada da forte queda em Nova York devido ao resultado trimestral desanimador da Meta, controladora do Facebook, e com os efeitos da “ressaca” após o Copom sinalizar um menor ritmo de aperto monetário nas próximas reuniões e revisões para cima de suas estimativas para a inflação. 
O principal índice da B3 caiu 0,17%, aos 111.695,94 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em fevereiro subiu 0,31%, aos 112.280 pontos. O giro financeiro foi de R$ 24,3 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em queda. 
Leonardo de Santana, analista da Top Gain, destacou que a Bolsa está em um movimento favorável se comparado com o exterior e com reflexo meio tardio do fluxo estrangeiro. “Sem o ânimo de commodities-petróleo caía [à tarde passou a subir] e minério de ferro fechado, e com o internacional negativo, tínhamos tudo para cair forte e mesmo assim a Bolsa se manteve bem entre leves altas e leves baixas”. 
O analista da Top Gain espera entre amanhã e a próxima semana um ajuste na Bolsa. “A gente subiu forte e subiu rápido, então a correção é normal. É saudável a Bolsa pesar um pouquinho no patamar entre 108 mil e 110 mil pontos, nem que faça esse movimento para continuar subindo”. 
Para Enrico Cozzolino, head de análise da Levante Ideais Investimentos, afirmou que o movimento da Bolsa é traduzido em um dia de “ressaca após a decisão do Copom” e tem uma posição mais cautelosa em relação à fala do Lula com as analogias à Petrobras e “não acredito que isso faça preço”. 
Cozzolino afirmou que apesar de a elevação da taxa de juros ter vindo dentro da expectativa do mercado, “o fato de a autoridade monetária não ter cravado de quanto seria o aumento para a próxima reunião, com uma inflação que preocupa, traz cautela para o mercado. Eu e o mercado gostaríamos de saber os passos seguintes do Banco Central. A única certeza é de que não vai subir os juros em 1,5 ponto porcentual (pp), e sim até 1,25pp”. 
O head de análise da Levante Ideais Investimentos disse que o Banco Central poderia ter adotado um tom mais agressivo, o que seria bom para o mercado. “Não é um comunicado ruim que vai mudar o fluxo estrangeiro para a Bolsa, apontou bem os riscos, mas se fosse mais duro teríamos um reflexo mais positivo de Bolsa”. A entrada de estrangeiros em janeiro foi em virtude da alta de juros, e mesmo com os riscos brasileiros, o tom mais duro do Copom “pagaria com o retorno necessário a esses riscos”. 
Mas cedo, um analista do mercado financeiro afirmou que o momento de queda mais forte da Bolsa foi atribuída à fala do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e candidato à reeleição sobre a intervenção na Petrobras. As ações da petrolífera (PETR3 e PETR4) tiveram queda expressiva e fecharam em baixa de 1,06% e 1,38%, respectivamente. 
O dólar comercial fechou em R$ 5,2950, com alta de 0,36%. A moeda. que apresentou um movimento de tímido ajuste ante as quedas observadas nos últimos dias, foi beneficiada pelo movimento global de aversão ao risco, impulsionado pelos balanços decepcionantes de empresas de tecnologia nos Estados Unidos. 
Segundo o economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa, “o câmbio está se ajustando ao tom dovish (menos propenso ao aumento dos juros) do Copom, sinalizando o final do ciclo de aperto”. 
Rosa, contudo, não acredita que os balanços ruins impactem na bolsa: “No curto prazo, ainda vejo a entrada de capital estrangeiro no país”, avalia. O economista não enxerga o cenário desta quinta como de risk-off (aversão ao risco). 
De acordo com o economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira, “lá fora está muito pesado, com os mercados ruins nos Estados Unidos. É um cenário ruim para os emergentes”. 
Já o CEO da Vai Tourinho, Pablo Spyer, segue a mesma linha: “A Meta teve a maior perda de uma empresa na história do mercado financeiro, acima de R$ 1 trilhão. É um tombo muito forte”, analisa. 
Spyer acredita que os últimos dias foram atípicos: “Hoje é natural que o dólar acompanhe a bolsa, o DXY (cestas de moedas de economias desenvolvidas) também está caindo. A aversão ao risco é global”, pontua. Para o executivo, o mercado já precifica um aumento dos juros pelo Banco Central Europeu (BCE) em junho. 
Para o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, “o tom do comunicado foi parecido com os anteriores, mas o que surpreendeu foi a opção do Banco Central (BC) em sinalizar o ritmo do aumento dos juros nas próximas reuniões”. 
“A tendência é que o real se desvalorize, devolvendo parte dos ganhos dos últimos dias. Os cenários doméstico e externo não são favoráveis”, projeta Rostagno. Ele ainda considera que o intenso fluxo estrangeiro na bolsa foi “uma janela de oportunidade”, e que este movimento deve arrefecer. 
Nesta manhã o Banco da Inglaterra (BoE) aumentou a taxa básica de juros para 0,5%, com o intuito de conter a inflação. A pressão aumenta para que o BCE tome o mesmo rumo, contribuindo para a sensação global de aversão ao risco.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em queda nesta quinta-feira (3), após o Copom sinalizar desaceleração do ciclo de aperto monetário. 
O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 11,910% de 12,130% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 11,315%, de 11,465%, o DI para janeiro de 2025 ia a 10,880%, de 10,990% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,965% de 11,005%, na mesma comparação. No mercado de câmbio, o dólar com vencimento para janeiro operava em alta, cotado a R$ 5,2940 para venda. 
Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em queda robusta, com o Nasdaq caindo 3,74%, puxados pelos resultados trimestrais ruins da Meta Platforms, controladora do Facebook, o que arrastou as empresas do setor de tecnologia para o campo negativo. 
Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices futuros de ações dos Estados Unidos após o fechamento:
           Dow Jones: -1,45%, 35.111,16 pontos
           Nasdaq 100: -3,74%, 13.878,8 pontos
           S&P 500: -2,43%, 4.477,44 pontos